Migrações da comunidade avieira
A partir da segunda metade do século XIX várias famílias de pescadores da zona de Vieira de Leiria viram-se obrigadas a procurar novo sustento junto às margens do Rio Tejo, de modo a escaparem aos rigores do Inverno, que não lhes permitia ir para o mar. Inicialmente estas deslocações eram apenas sazonais e os pescadores faziam dos barcos a sua casa, regressando à praia da Vieira quando o tempo melhorava. Gradualmente durante o século XX começaram a fixar-se definitivamente ao longo das margens do Tejo, pois nessa zona tinham peixe durante todo o ano.
A vida era feita entre o barco e a casa de caniços erguida nas margens e aos poucos estas famílias foram-se juntando, dando origem às aldeias avieiras do Tejo. Esta era uma comunidade muito fechada e assente no núcleo familiar, tendo sido mais recente a maior abertura ao exterior.
O barco foi adaptado do mar para o rio e foram construídas casas palafíticas, como era já a sua tradição em Vieira de Leiria. A diferença nestas casas junto ao rio era serem assentes em troncos de árvores para se defenderem contra as constantes cheias.

A Casa Avieira
A Casa Avieira é de pequenas dimensões, apresentando três espaços distintos: o hall de entrada onde dormiam as crianças; o quarto do casal, com apenas uma cama; a cozinha, onde podemos encontrar os vestígios da atividade piscatória, como a balança ou a salgadeira onde o peixe era conservado. A um canto encontrava-se normalmente a lareira para cozinhar e aquecer a casa.
Junto à casa podemos encontrar as redes de pesca expostas e no cais temos os barcos de madeira coloridos, típicos desta comunidade.

O antigo núcleo palafítico da Póvoa de Santa Iria dividia-se em duas zonas principais: a primeira destinada a cais de embarcações de recreio e a segunda destinada aos pescadores. Por volta de 1960 podíamos encontrar três linhas de casas construídas pela comunidade avieira, no denominado Bairro dos Pescadores. Esta comunidade chegou a ter aqui cerca de 400 pessoas.
Em 2007 estas casas foram demolidas e os seus habitantes foram realojados em novas casas mais afastadas do rio. Toda esta zona sofreu recentemente uma profunda intervenção urbanística e atualmente restam apenas algumas arrecadações que ainda são usadas pelos avieiros.

Atualmente perto da reconstituição da casa avieira podemos encontrar a Associação Cultural Avieiros da Póvoa de Santa Iria (ACAPSI), que mantém ainda viva as tradições e cultura da comunidade avieira. Uma dessas tradições acontece durante as Festas em honra da Nossa Senhora da Piedade.
Durante esta festa todos os anos podemos assistir à procissão fluvial noturna e à bênção dos barcos. Uma das embarcações transporta o andor com a imagem de Nossa Senhora da Piedade, acompanhada pelo padre que vai benzendo os barcos.
A Cache
Container de pequenas dimensões (micro), sem material de escrita. Por favor sejam discretos na procura da cache, devido à esplanada aqui perto.