Quinta do Comandante
A Quinta do Comandante em Santiago de Riba-Ul, é conhecida por uma história trágica e romântica, sobre a qual muitas histórias foram romanceadas pela criatividade e paixão popular e que se foi transformando até em histórias de fantasmas!
A Casa do Comandante, como agora conhecida, era originalmente a chamada Quinta do Outeiro, aliás Outeiro é o nome do lugar da freguesia onde se localiza, e foi de fato proprietário um comandante da Marinha Portuguesa, de nome João Paes Batista de Carvalho.
Mas quem era afinal o comandante João Paes de Carvalho? Ao que tudo indica, um homem inteligente, diplomático e de convicções e amores fortes. Natural de Ponte de Sor, ficou órfão de pai em tenra idade, o que levou a sua mãe a mudar-se com os filhos para Coimbra. Lá cresceu e se fez homem mas, com cerca de 18 anos, desagradado com a decisão de sua mãe de voltar a casar-se, saiu de casa, abandonou os estudos de Engenharia e enveredou pela aviação naval – ramo aéreo da Marinha portuguesa que existiu até 1917 -, onde fez o curso de cadetes.
Em 1920, numa viagem ao Porto, avistou Inês Eugénia Knall da Fonseca, jurando logo ali que havia de a levar ao altar! Antes disso teve de ultrapassar um duro obstáculo: o sogro conservador, pouco disposto a entregar a mão da única filha a um «aviador maluco», segundo as suas próprias palavras. Mas Eugénia causara tal impressão em João Paes de Carvalho que este decidiu abdicar da aviação, trocando-a pelos navios da Marinha. Dessa forma, conquistou permissão para desposar Eugénia.
Sobre o comandante e sobre a mansão, contam-se inúmeras histórias, entre elas a de Dª Eugénia, bondosa e lindíssima esposa do Comandante, que terá sofrido um fatal acidente ao cair da escadaria principal da casa. Segundo se conta, o Comandante nunca terá recuperado do desgosto e com tamanha saudade do seu amor, houve um dia que terá convidado para um jantar familiares e amigos, tendo durante o jantar, subido ao 1º andar da casa e no seu quarto pegado num revólver suicidando-se com um tiro na cabeça.
No entanto antigos serviçais e amigos que privaram com a família na Casa do Comandante, afirmam de que de fato, seu amor pela esposa, Inês Eugénia, era infinito. Era a maior de todas as suas devoções. Mas Inês Eugénia perdeu a vida precocemente , de doença, aos 53 anos, o que levou o comandante a pedir, logo de seguida, passagem à reserva.
Como tantas vezes acontece com casais que se amam toda uma vida, o que sobreviveu não durou muito mais. No Porto, a 15 de Dezembro de 1970, o comandante, que dá hoje nome à quinta, suicidou-se com um tiro na cabeça.
A construção da casa principal da Quinta do Outeiro data de 1792, segundo inscrição na pedra da entrada.
Nos seus tempos áureos, guardava relíquias pouco habituais para a época: «Aquilo era quase uma casa museu. Tinha uma variedade de peixes marinhos que o comandante trazia que era um sonho. E animais embalsamados era por todo o lado. Tinha armas de toda a qualidade: pistolas, espingardas, eu sei lá!... Eu gostava era dos quadros: tinha coleções muito bonitas pelas paredes», descreveu ao jornal A Voz do Caima - de 15 de Abril de 2002 – Fernando «Batata», nascido e criado na terra e amigo da família.
Miguel Paes, o filho mais novo do comandante, explicou que a autoria da Casa se deve ao avô, Pedro Maria da Fonseca, que tinha como hobbies a pintura. «O meu avô pintava muito bem. Teve aulas com grandes pintores da época e pintou a casa toda, desde o teto às paredes, passando por um arco que dividia a sala, com flores e animais aquáticos.»
A história descrita em cima, referente à Quinta do Comandante, tem extratos do livro:
"Lugares Abandonados de Portugal" - da jornalista Vanessa Fidalgo
Atualmente a Quinta do Comandante, foi adquirida pela Câmara de Oliveira de Azeméis, da qual uma parte foi cedida à Escola Superior Aveiro Norte e recentemente foi inaugurado os chamados Trilhos do Comandante, com 3 percursos, com marcha e corrida, BTT e de Trail, e que passam junto à antiga mansão do Comandante, que apesar de estar em ruínas, é possível imaginar o fervilhar de vida e histórias que foram lá vividas.
Atenção, a casa está em ruínas, pelo que todo o cuidado e prudência terão de ser levados em conta.
A CACHE
A cache é tradicional tem o objetivo de dar a conhecer a Casa do Comandante e um pouco da sua história, dentro de um percurso dos trilhos de caminhada e BTT que iniciam e terminam na Escola Superior Aveiro Norte.
É um percurso de floresta luxuriante em que a Casa do Comandante lhe dá um ar romântico da época.
Mais uma vez, desfrute do ar bucólico e romântico do percurso, mas evite em entrar na casa pois esta encontra-se em ruínas.
A cache possui material de escrita, mas Geocacher prevenido.... ;-)