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“Mãe! Eu entendi a tua mensagem/ Prometo desistir galhardamente/ A pátria exige valentia e coragem/ Tudo farei para regressar em breve”.
São palavras simples, mas carregadas de emoção e que podem ser lidas por todos aqueles que passem pela Vila de Ribeirão.
O texto que se segue é o relato real de um dos sobreviventes á emboscada. O mesmo pintou o mural que representa o acontecimento. A obra pintada demorou cerca de 6 meses a ser concluída.
"Aos catorze de Março de 1966 pelas 08 horas da manha, ao despontar o dia depois duma neblina matinal, o cheiro a catinga fazia supor que algo de anormal iria acontecer.
Assim, na picada, entre Nangololo e Mitda a cerca de 6Km entre estes dois aldeamentos, uma mina anticarro reforçada com granadas dos nossos Fiat. que não tinham despoletado, caixas de pregos, brita e rochas de menor dimensão foram projectadas sobre a coluna que sofreu danos pessoais e materiais.
Éramos 41 elementos brancos e negros que seguiam disciplinadamente e ordenados para suster supostas investidas que aconteceram lamentavelmente.
Tivemos 3 mortos e vários feridos nomeadamente mutilação de braços, amputação de pernas, tiros no pescoço e noutras partes do corpo, que milagrosamente não resultaram em baixas, mas psicologicamente sentiram-se totalmente incapazes de continuar.
No final da refrega que foi terrível, o inimigo tinha uma bazuca posicionada numa árvore de porte elevado onde permitia o lançamento de granadas para os espaços entre viaturas tentando dizimar os nossos militares.
Fixando aquela imagem e depois de projetado sobre uma mangueira cai e fui surpreender aquele inimigo, matando-o, bem como o seu municiador.
Regressado à coluna completamente destroçado, apoiei colegas, dando sangue e fazendo a missão de enfermeiro.
Como só havia 3 elementos operacionais, foram o suficiente para manusear a peça de artilharia “OBUS 8,8” e através dela, com carga 1, bateu-se toda a zona envolvente até que chegou apoio de Miteda e tudo foi resolvido. Efetuado o levantamento verificou-se existirem cerca de 280 inimigos, feridos e mortos.
Ainda hoje sinto os efeitos dessa dolorosa emboscada que nada serviu ao objetivo das nossas tropas e do nosso País.
O Autor
José Ferreira dos Santos "
A coragem de todos os que juraram amor à pátria está eternizada num monumento em homenagem aos heróis do Ultramar, da “Emboscada na picada entre Nango – Miteda”.Catorze de março de 1966 é a data que todos os que viveram no limiar da vida e da morte não esquecem.
“Na cerimónia de homenagem foram entregues medalhas aos combatentes que há 50 anos as deviam ter recebido. Muitos partiram sem as conhecer”
Aconcelho vivamente a visita do local envolvente á cache, com grande interesse histórico e cultural.
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