"Os Compadres Corcundas" é um conto tradicional português que mistura humor e moralidade, refletindo sobre inveja e egoísmo. A história fala de dois compadres, ambos corcundas, que vivem numa aldeia e, apesar da amizade aparente, nutrem uma rivalidade subtil. Certo dia, um deles encontra uma criatura mágica — às vezes um santo, noutras um diabrete — que lhe oferece um desejo. O compadre, astuto, pede para se livrar da corcunda. O pedido é concedido: a corcunda desaparece, e ele torna-se direito, ganhando a admiração da aldeia.
O outro compadre, ao saber do milagre, fica roído de inveja. Procura a mesma entidade e, quando lhe é oferecido um desejo, não pede algo para si, mas sim que o amigo volte a ser corcunda. O desejo é atendido de forma inesperada: a corcunda do primeiro não só regressa, como o segundo fica com duas corcundas, uma soma do mal que desejou. Ambos acabam pior do que começaram, carregando o peso da própria mesquinhez.
A origem deste conto perde-se na tradição oral, mas foi recolhido por folcloristas como Teófilo Braga no século XIX. A narrativa, com variações regionais, é uma metáfora para a inveja destrutiva que impede o progresso coletivo, um tema recorrente na cultura portuguesa. Em vez de buscar o bem próprio, o segundo compadre foca-se em derrubar o outro, resultando na ruína de ambos.