
A "Sopa de Pedra" é um conto tradicional português, especialmente ligado a Almeirim, no Ribatejo, que combina astúcia, humor e uma lição sobre colaboração. A história fala de um viajante faminto — por vezes um frade, noutras um andarilho — que chega a uma aldeia onde os habitantes, desconfiados e mesquinhos, se recusam a partilhar comida. Sem se deixar abater, o viajante anuncia que vai fazer uma sopa com uma simples pedra.
Curiosos, os aldeões observam enquanto ele coloca a pedra numa panela com água e a aquece no fogo. "Falta só um pouco de sal", diz ele. Alguém, intrigado, oferece sal. "Um naco de chouriço dava-lhe graça", sugere, e outro aldeão contribui. Aos poucos, com pedidos subtilmente engenhosos, aparecem cebolas, batatas, couves e feijões. No fim, a pedra é retirada, e todos partilham uma sopa deliciosa, feita com o que cada um deu, sem perceber que foram "enganados" pela esperteza do viajante.
A origem deste conto é incerta, mas tem paralelos em tradições europeias, como a fábula do "caldo de pedra" em França ou na Escandinávia, sugerindo uma raiz medieval adaptada ao contexto português. Em Almeirim, a história ganhou fama e até uma estátua, sendo hoje um símbolo local, com a sopa de pedra — rica em enchidos e legumes — servida em tasquinhas como prato típico.
A metáfora é poderosa: a pedra, inútil sozinha, torna-se o pretexto para unir esforços. Fala da superação da desconfiança e da força da comunidade, mas também pode ser lida como crítica à relutância inicial em ajudar. Passada de geração em geração, a "Sopa de Pedra" ensina que, com engenho, até o pouco de cada um pode criar algo grandioso.