CORDÃO DUNAR
A linha de costa representa a fronteira entre o ambiente marinho e terrestre, o lugar onde o mar encontra a terra. No entanto, esta descrição não revela a sua complexidade. A linha de costa não é uma linha que pode ser desenhada de forma permanente num mapa, dado tratar-se de um ambiente dinâmico onde o mar e a terra estão em constante interação, resultando em fenómenos de acreção e erosão como resposta a fatores externos, tanto naturais como antrópicos, atuando simultaneamente a diferentes escalas de tempo.
Desde sempre que o Homem tem respondido a estas mudanças na linha de costa, principalmente à erosão, construindo estruturas para a proteger, numa tentativa de assegurar que esta fronteira se mantenha fixa e permanente. Este tipo de atuação foi sempre realizado assumindo que a linha de costa é estática, que sempre manteve a sua posição e forma, e que não deve ser permitida a sua mudança. Nos últimos anos, esta aproximação tem sido questionada e ocorrem, agora, mudanças radicais sobre a forma como a linha de costa pode ser protegida e como gerir este espaço fronteiriço.
A crescente concentração de população no litoral português, a abundância de recursos naturais nestas zonas e a falta de consciencialização da população face ao ambiente altamente frágil em que estão inseridos aliados a fatores naturais impossíveis de controlar, promove cada vez mais a degradação destes ecossistemas, pondo em risco a sua sustentabilidade. A interferência do Homem na dinâmica destas zonas leva, muitas vezes, à perda irrecuperável de ambientes únicos no mundo.