A (mais) uma Fonte de Sintra
Por ti, magoada fonte, que suspiras
Nos silêncios de Sintra, evocadores,
E pareces roubar aos trovadores
A saudade que chora em suas liras;
Por ti, fonte das graças, que me inspiras,
Sempre embalado eu fosse! Entre esplendores,
Esqueceria o mal das minhas dores
E o Mundo hostil, semeado de mentiras!
Esqueceria a agrura em que me vejo,
A sombra vã deste horizonte baço,
Onde jamais sorri fugaz lampejo…
E, a um róseo entardecer, (doce momento!)
Minha alma partiria, pelo Espaço,
Feliz, qual sonho que se vai no vento!
(De MÁRIO BEIRÃO; in Novas Estrelas, Portugália Editora, Lisboa, 1940)