Palacete dos Pena / Rosa Pena

NOTAS
O container não se encontra nas coordenadas publicadas! Para o encontrares tens de recolher dados no local (+/- 5 minutos) e efectuar alguns cálculos (melhor sentares-te numa esplanada comfortável e beberes um café! ).
P.f. sê discreto, o container está bastante exposto e a sobrevivência da cache depende de ti! Deixa tudo como encontraste – inclusive o saquinho e os elásticos! Não hesites em fazer NM ou DNF, para facilitar a manutenção da cache. Os primeiros três finds ficam assinalados.
Há pouco mais de um século, Joaquim Alves Pena, empresário com fortuna feita na indústria do café no Brasil, regressou a Portugal. Tal como outros empresários com o mesmo percurso – os chamados brasileiros torna-viagem, Pena mandou edificar um novo e imponente lar, na antiga vila piscatória que entretanto havia ganho o estatuto de estância balnear refinada - Espinho.
A 17 de Abril de 1921, o empresário entregou na Câmara o pedido de licenciamento para a obra, que havia de ficar localizada no totalidade do quarteirão entre as ruas 15, 19, 26 e 28. O espaço à volta encontrava-se largamente desocupado, salvo a presença esporádica da Feira semanal, cujo centro, na altura, ficava onde hoje se encontra o Tribunal da Comarca. A obra ficou a cargo do eng. José Alves Pereira da Silva, que era também o sogro de Joaquim, cuja esposa era Maria de Lourdes Pena, filha de José Alves e Rosa da Pena. O registo histórico disponível não explica o facto peculiar de Joaquim partilhar um sobrenome com o sogro e o outro com a sogra – caso haja outra explicação que não simples coincidência. Embora a designação mais popular (e porventura também mais romântica) seja “Rosa da Pena”, o nome oficial parece ser “Palacete dos Pena” - que, por sua vez, também é grafado alternativamente como Penna.
Com entrada oficial pelo número 1359 da rua 19, o terreno acolhia o palacete propriamente dito a sudoeste, na esquina da rua 19 com a 26. Em frente à escadaria principal do palacete ficava um emblemático portão em ferro directamente importado do manual de estilo da Art Noveau, mas que agora é apenas um deselegante muro de cimento. A parte mais a sul era preenchida pelo edifício e respectivo jardim, enquanto que a norte ficavam o quintal e a garagem. A área total do terreno era (e é) mais de 5,000m2.
O Palacete, de três andares (mais um no torreão central), é exemplo representativo da chamada “Casa de Brasileiro”, um estilo de arquitectura frequentemente presente nas casas mandadas construir pelos referidos “Brasileiros de Torna-Viagem”: uma fusão de elementos da Art Nouveau, torreões, volumes heterogéneos e trabalhos sofisticados de cantaria. Só em Espinho há mais quatro outros exemplos, por ordem decrescente de conservação: a Vila S. José, Vila Cardoso, o edifício que entretanto se tornou a antiga Academia de Música, e a casa dos Girassóis. Só a Vila S. José continua em condições impecáveis, as outras acusando negligência variada. Mas nenhum deles se aproximou da imponência do Palacete dos Pena, que, contudo, é também o mais degradado.
Há quem diga que o eng. Pereira da Silva se entusiasmou excessivamente e decidiu entregar um produto final ainda mais impressionante (e caro) que o planeado; as obras principais estenderam-se até 1928, mas aparentemente só em 1931 é os trabalhadores da construção deixaram de ser vistos por lá. Os atrasos levaram a que Joaquim Pena usufruísse ainda menos tempo do seu novo lar. Poucos anos depois de ver o palacete acabado, Pena, em nova viagem de negócios pelo Brasil, faleceu prematuramente. A sua viúva, Lourdes Pena, voltou a Portugal para concluir os negócios da família, e acabou por vender o Palacete.
Na década de 60, João Gaspar Coelho, o novo proprietário, alugou o edifício ao Ministério da Educação, que o reabriu como a Secção Liceal de Espinho, parte do agregado do Liceu Nacional de Vila Nova de Gaia. Mais tarde, passou a ser a Escola Preparatória Sá Couto, e volvidos mais alguns anos voltou a mudar de mãos, sendo adquirido pelo empresário Leão Petit. Algures durante a década de 80, o Palacete deixou simplesmente de ter uso ou manutenção. O município fez várias ofertas de compra aos proprietários, mas estes exigiam sempre somas excessivas. Entretanto, as décadas passaram…
Quase meio-século depois, o seu estado actual não nos pode surpreender: os pisos estão parcialmente colapsados, graffitis de parco gosto
cobrem as (esburacadas) paredes interiores, as escadas perderam os corrimãos, a maior parte das portas parece ter emigrado para um universo paralelo, e o pó, terra e lixo dão ao interior um aspecto ainda mais sepulcral. Na verdade (e como seria de esperar dados os muros baixos e ausência de medidas de segurança), o Palacete recebeu sempre visitas ao longo dos anos: desde as relativamente inócuas, como os jovens que apenas queriam brincar ou explorar, até às mais sinistras, como toxicodependentes e ladrões de sucata. Um fenómeno prevenível com pouco de esforço por parte dos donos, mas que estranhamente é muito comum em Portugal.
T
al como com outros edifícios destacados da cidade (como este, este ou este), não faltaram propostas diversas para a sua reutilização ao longo dos anos, inclusive sob a forma de dissertações de Mestrado – não uma, mas duas: FAUP e UBI. A dado ponto o edifício foi classificado como Elemento Arquitectónico a Salvaguardar no PDM de Espinho, situação que, contudo, e segundo os tribunais portugueses, não lhe aufere efectivamente nenhuma protecção (que o diga o quarteirão imediatamente a ocidente).
A saga arrasta-se, dizem os populares, puramente por razões de especulação imobiliária e/ou desacordo entre as herdeiras. As proprietárias actuais são as filhas de Leão, Áurea Petit Gomes e Simone Petit, mas são os netos quem assume o leme dos negócios da família. Um deles, Rodrigo Gomes, culpa o bloqueio da situação no estado devoluto a que foi deixado chegar o edifício, e o facto das poucas propostas feitas e que agradavam à família terem chegado em alturas que “não são as mais apropriadas”. Acrescenta que tal “causa algum impasse”. É visível. Não há falta de defensores da expropriação entre os populares, mas as estrelas parecem estar alinhadas contra qualquer salvação...
Entretanto, plantado no que eventualmente se tornou o centro da freguesia, o Palacete dos Pena continua erguido contra o céu: sem descanso, sem esplendor, e – sem destino.

Leituras recomendadas
Defesa de Espinho – “Requalificação do Palacete Penna” (Agosto de 2021)
Bússola do Tempo – “O Palacete do Penna como nunca o viu”: história do palacete
Ruinarte – “O Palacete do Pena – Espinho”, fotovisita ao palacete no seu estado actual
Texto original de KangarooMouse; Fotos Ruinarte et al.
Para registares o log
Lê bem o texto
A= Desloca-te às coordenadas publicadas. Incluindo a entrada à frente à qual estás, quantas tinha o Palacete no total?
B= (ano em que ficou completo o palacete + 62) / 10
C= cos (A) * B (radianos; segue as regras formais do arredondamento no resultado final)
Agora as coordenadas finais podem ser obtidas a partir das iniciais (X):
N XX X.(XXX), W XX X.(XXX+C)