
Acto
3 A carta de despedida da
Herminia
Querido pai O amor, esse fogo que arde sem se ver como dizia o poeta Camões, bateu à porta na última procissão da santa a caminho da Caldeira em
Agosto
. No meio do rio ouvi um roaz que me fez cair em famosa condição e
me correspondeu
com todas as palavras que trocamos. Aos poucos apercebi
que estava
enamorada pelo mestre da embarcação. Fomos encontrarmos ao final da tarde junto do mercado e da bancada dos irmãos de
Cister
onde servem a nova iguaria as tão modestas bolas de Berlim, que nos deram abrigo aos nossos segredos. Bem vi a sua reação, meu pai, quando lhe falei sobre a possibilidade de unir-me com um pescador ou com um agricultor da terra, o que me deixou triste e
apreciva
pelo meu futuro que já carrego. Não me queria sair da nossa nobre vila, mas para garantir a minha felicidade e do meu amor e do meu futuro, unimos e iremos, no momento em que estiver a ler esta carta, a caminho do nosso novo lar algures no mundo que é vasto. Peço somente que um dia, S.
Cajó
que nos ajude, o seu perdão e quiçá um dia o reconhecimento do fruto do nosso futuro como o seu descendente, visto que a minha querida mãe que Deus a tenha em seu vasto reino, já só me poderá auxiliar em espírito. Da tua querida filha
Herminia
(…)