
Acto 7
O meio
- Manel. Temos que nos separar aqui, para tua segurança.
- Jacó, espero bem que consigam chegar a bom porto e que tenham um futuro brilhante. Hermínia cuida deste malandro, são poucos os que eu chamo de irmãos sem ser de sangue.
- Eu é que agradeço pela ajuda Bocage. E tem cuidado, se meu pai descobre da mão que nos deste, ele te vai infernizar ainda mais do que já sofres.
- O capeta sabe que sei me defender. Tem tudo, certo?
- Sim. Vamos aproveitar agora que a maré atingiu o seu apogeu e navegar até à chalupa que nos aguarda na outra margem. Hoje não há Lua.
- Boa sorte então.
(Galope, galope, galope)
- Oh diachos eles estão muito perto, sigam para o vosso batel, faria os possíveis para os atrasar.
- Anda Mina, vamos até ali por o batel na água.
(...)
- Jacob... Não temos remos. E a vela está rasgada.
- Raios... Deixa ver ... Temos leme e podemos usar isto como remos. Vamos conseguir, vais ver... Agasalha te minha Garoupa, porque esta noite o tempo está a nosso favor.
- Jacob... Porque é que aquele cabana ali no cruzamento da ponta está arder?
- Deve ser o Manel a nos ganhar tempo.
(...)
- Alguém que ajude. Pegaram fogo à cabana. Socorro. Tragam ajuda! (Diz Bocage disfarçado).
- Tragam homens e baldes para apagar o fogo antes que se alartre aos terrenos de D. Macedo.
- Agora que os homens de D. Macedo estão ocupados, vou aproveitar para mudar os trajes rapidamente e sair daqui de fininho.
(...)
- Senhor Sidónio, conseguimos terminar o incêndio, parece que alguém se queria aquecer e fez uma fogueira.
- Fico feliz. Nem uma palavra a D. Macedo, que ele hoje já fomega pela boca, se souber que os terrenos dele iam sendo destruídos, abríamos as portas dos infernos e todos os demónios de lá sairiam. Algum sinal da filha dele?
- Até agora nada. Mas vai ser muito difícil seguir o horizonte do rio hoje, não temos luz lunar hoje, por ser Lua Nova... pelo ambiente que arrefece está a começar a formar um carujeiro.