"A aprazível e hospitaleira Aldeia da Prova situa-se na região de Lafões, a 8 quilómetros de Oliveira de Frades, na Estrada Nacional Nº 16, que liga Vilar Formoso à cidade de Aveiro.
Remexendo na “PANELA DO TEMPO” são muitas as histórias, lendas e curiosidades desta aldeia, onde salpicam os aromas e sabores que saíam das casas, o fumo das lareiras, o cheirinho a pão cozido no forno a lenha…
Recordam-se os saberes de quem ali viveu, dando-se a conhecer os temperos dos tradicionais assados, do curativo caldo de cebola, os segredos do pão-de-ló, do creme do bispo e da sopa doce.
Do fundo da “PANELA” surge a lenda da costureirinha e resgata-se a época em que se pedia pão emprestado. Explica-se o porquê de há mais de 40 anos durante o mês de Agosto se cozinhar na rua, e se partilharem apetitosos manjares de ancestrais receitas, em aprazível convívio.
E, no fervilhar do tempo, há vivências e tradições que merecem ser preservadas e contadas a quem vem até à Aldeia da Prova, terra que no pós 2ª guerra mundial se alicerçou numa economia dinâmica, consolidada em profissões e negócios para além da produção agrícola: - padaria com rede de distribuição de pão e regueifas, mercearias, alojamento local, táxis, bomba de gasolina, antiquário, ferro velho, e até telefone público.
Equiparam-se modernas oficinas de bicicletas e criaram-se variadas artes e ofícios: - costureira, alfaiate, peleiro, tecelagem, sapateiro, barbeiro, bem como ferreiros, pedreiros e carpinteiros, tornando-se assim a Prova uma aldeia ativa e próspera para a época.
De salientar o precioso contributo das vendedoras de peixe e de ovos - que serviam de moeda de troca -, e das mulheres que fiavam lã das ovelhas, ou que plantavam campos de linho. E ainda daquelas que com o saber da idade, assim como do conhecimento herdado da sabedoria popular, aliviavam o sofrimento do corpo e da alma com mezinhas e rezas, ou usando como terapia o poder curador do toque das suas mãos.
Histórias verdadeiras com gente dentro…
Esta visita guiada inicia-se no largo do Cruzeiro, que se situa à entrada da povoação, ali colocado em 1982 como símbolo sagrado de protecção do lugar, onde iremos falar da vida de 4 irmãos que foram “postos à prova”, o que terá dado origem ao nome da Aldeia da Prova, e também dos 8 descendentes da família Rosa que fundaram uma das suas ruas.
A Capela de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira da nossa terra, foi construída em 1957, graças à generosidade dos habitantes de então, e dos que partiram em busca de novos horizontes, que em sinal de Gratidão à Imaculada perpetuaram na pedra o seu louvor. Ali relembra-se a história da Aliança que o Rei D. João IV fez com a Imaculada Conceição, ao coroá-la Rainha de Portugal em 1646.
Um dos nossos TESOUROS é o espaço “Prova.contradições”, nome atribuído a um pequeno museu instalado em duas casinhas que em tempos serviram de tecto a uma numerosa família, onde está reunido um espólio com alfaias agrícolas, objetos de uso doméstico, artefatos, peças de lavores e de decoração, entre outros. Aqui explica-se a serventia dos utensílios, ou fragmentos deles, que foram peças fundamentais da vida das suas gentes, autenticando costumes imemoriais, característica das existências de então, inconcebíveis decerto para as gerações de hoje.
O pequeno povoado é constituído por casas simples e outras construídas em granito, sinónimo do poder económico de grandes lavradores, havendo ainda construções feitas pelos que abraçaram a sorte longe da sua terra. Resistindo ao tempo há uma de tipo colonial edificada em 1904, graças a dinheiros vindos da então chamada “Árvore das Patacas”.
Acredita-se que as casas dos Fernandes e de Almiadeira se encontram num dos núcleos mais antigos da povoação, destacando-se nas paredes, e nas ombreiras das portas, cruzes e cartelas que atestam a data em que foram construídas.
Na fachada principal da centenária Casa da Fonte, erigida também com dinheiros vindos do Brasil, pode ver-se um brilhante painel de azulejos, alusivo às Aparições de 13 de Maio de 1917, representando a imagem de Nossa Senhora de Fátima e os 3 pastorinhos Jacinta, Francisco e Lúcia.O nosso itinerário termina junto à fonte, onde antes as pessoas se abasteciam de água utilizando cântaros, já que apenas no século XX, pelo processo de canalização, esta se tornaria um bem comum.
E, assim, bebendo a água desta fonte de inspiração e saboreando as histórias da “PANELA DO TEMPO” terminamos com agrado esta original mostra de turismo, cujo valor maior é levar o visitante a admirar a riqueza das heranças da nossa terra, cujo património muito nos honra preservar."
Elisabete Maria Nunes