Às três horas os viajantes passeavam ainda pelas ruas da cidade. Viram poucas ou nenhuma igreja mas viram monumentos como a casa do profeta, o tribunal, o arsenal, as casas de tijolos azulados com varandas e galerias, rodeadas de jardins bordados de acácias, palmeiras e alfarrobeiras. Um muro de argilha e de calhaus, construído em 1853, cingia a cidade. Na rua principal, onde está o mercado, elevavam-se alguns hotéis ornados com pavilhões e entre outros o Lake Salt House.
Mr. Fogg e os seus companheiros não acharam a cidade muito povoada. As ruas estavam quase desertas — menos a parte do Templo — onde não chegaram senão depois de ter atravessado muitos bairros rodeados por paliçadas.
As mulheres eram muito numerosas, o que se explica pela singular composição familiar mórmon. Não se deve contudo supor que todos os mórmons sejam polígamos. Há liberdade de escolha, mas é bom notar que são as cidadãs do Utah que querem sobretudo ser desposadas, porque, de acordo com a religião local o céu mórmon não admite o acesso às suas beatitudes às celibatárias do sexo feminino. Estas pobres criaturas não parecem nem chateadas nem felizes. Algumas, as mais ricas decerto, trajavam uma jaqueta de seda preta aberta na cintura, sob um capuz ou de um xaile muito modesto. As demais vestiam-se com chita.
Felizmente a sua permanência na Cidade dos Santos não deveria prolongar-se. Às quatro horas menos alguns minutos os viajantes estavam outra vez na estação e retomavam os seus lugares nas carruagens.