O comboio, saindo de Great Salt Lake e da estação de Ogden, subiu durante uma hora para o norte até Weber River tendo percorrido quase mil e quinhentos quilómetros desde que partira de São Francisco. A partir deste ponto, retomou a direção do leste, através do maciço acidentado dos montes Wahsatch. É nesta parte do território, compreendida entre as montanhas Rochosas propriamente ditas, que os engenheiros americanos lutaram com as maiores dificuldades e é também por isso que nesta parte do trajecto a subvenção do governo subiu para trinta mil dólares por quilómetro, enquanto tinha sido de dez mil dólares na planície. Mas os engenheiros, como já foi dito, não vandalizaram a natureza e usaram sim de astúcia com ela, contornando as dificuldades e para atingir a grande bacia, apenas foi feito um túnel com quatro quilómetros de extensão em todo o percurso do caminho de ferro.
Era mesmo no lago Salgado que o caminho de ferro tinha atingido até então a sua maior cota de altitute. Desde este ponto, o seu perfil descrevia uma curva muito alongada, descendo para o vale do Bitter Creek para depois subir até ao ponto onde se dividem as águas do Atlântico e do Pacífico. Os rios eram numerosos nesta região montanhosa. Foi necessário franquear sobre pequenas pontes o Muddy, o Green e outros. Passepartout ia ficando mais impaciente à medida em que se aproximava o fim da viagem mas Fix, por sua vez, teria desejado que já tivessem saído desta difícil região. Receava as demoras, acreditava em acidentes, e tinha mais pressa do que o próprio Phileas Fogg para pôr os pés em terra inglesa.
Às dez da noite, o comboio parou na estação de Fort Bridger, que deixou quase imediatamente e trinta quilómetros mais adiante entrou no estado do Wyoming, o antigo Dakota, seguindo todo o vale do Bitter Creek onde se escoa uma parte das águas que formam o sistema hidrográfico do Colorado.