A ocupação humana do seu sítio certamente remonta a época pré-romana, embora não
seja possível afirmá-lo com exatidão.
As fontes documentais mais antigas mencionam esta área apenas à época da
Reconquista cristã da Península Ibérica aos mouros, a propósito do repovoamento
da região após a vitória das forças de Ramiro II de Leão na batalha de Simancas
(939). A defesa desta parte do território foi confiada a Rodrigo Tedoniz, marido
de Leodegúndia (irmã de Mumadona Dias) com quem gerou D. Flâmula (ou Chamoa
Rodrigues). Rodrigo viria a ser alcaide dos castelos do soberano e, nessa
função, teria determinado a reedificação do Castelo de Penedono.
Posteriormente,
em 998 da Era Hispânica (960 da Era Cristã), Chamoa Rodrigues, achando-se
gravemente enferma, fez-se conduzir ao Mosteiro de Guimarães, instituindo como
testamenteira a sua tia Mumadona, com o encargo de dispor de seus bens para fins
de beneficência. Entre eles, incluía-se uma série de castelos e respectivas
gentes (penellas et populaturas) na fronteira da Beira Alta, entre os quais
este, de Penela.
Durante o século XI, ao sabor dos avanços e recuos das fronteiras cristãs,
Penedono e o seu castelo mudaram de mãos em diversas ocasiões. A sua reconquista
definitiva deveu-se à ação do rei leonês Fernando Magno (1064). Um inventário
dos bens do Mosteiro de Guimarães, lavrado em 1095, relaciona o Castelo de
Penedono entre outros bens anteriormente legados por D. Chamoa. Com a
emancipação política de Portugal, os seus domínios passaram a integrar os da
jovem nação. D. Sancho I (1185-1211), ante a situação estratégica de Penedono,
próxima à linha fronteiriça, incentivou o repovoamento dessas terras através de
Foral (1195), ao mesmo tempo em que determinava a reconstrução das suas defesas.
O seu sucessor, D. Afonso II (1211-1223) confirmou-lhe o foral em 1217. A
povoação e o seu castelo também tiveram a atenção de D. Dinis (1279-1325), que
lhe determinou reforços na defesa. |
Descrição sumária: Classificado como monumento nacional em 16 de junho de 1910.
Trata-se de um monumento militar, de estilo românico-gótico, com perfil
arquitetónico de feição quinhentista, acreditando-se representar uma construção
contemporânea do foral novo, concedido à vila de Penedono por D. Manuel I em
1512. Todavia, é a partir do séc. X que se conhece documentalmente os factos
históricos da fortificação erguida no cimo do morro. É de planta hexagonal
irregular formada por três paredes grossas. Sob a torre principal, conserva-se a
cisterna, que é de secção poligonal e coberta com abóbada de cruzaria de ogivas.
Ali terá nascido o célebre Magriço, Álvaro Gonçalves Coutinho, um dos Doze de
Inglaterra glorificado e eternizado por Camões nos Lusíadas (Canto VI),
envolvido nas lutas da independência. A atual configuração do castelo remonta
aos fins do século XIV, quando D. Fernando (1367-1383) incluiu a povoação no
termo de Trancoso. Diante da intenção da edilidade de arrasar o Castelo de
Penedono, os homens-bons desta vila insurgiram-se, logrando a sua autonomia.
Esses domínios foram então doados a D. Vasco Fernandes Coutinho, senhor do couto
de Leomil, que fez reconstruir o castelo.
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No contexto da crise de 1383-1385, tendo falecido na Primavera de 1384 o
alcaide de Penedono, Vasco Fernandes Coutinho, sucedeu-o na função o seu filho,
Gonçalo Vasques Coutinho. Leal ao partido do Mestre de Avis, foi-lhe confiado,
no início de 1385 o encargo de chefiar as forças do Porto que conquistaram o
Castelo da Feira. Posteriormente, distinguiu-se, por mérito, na batalha de
Trancoso (Maio de 1385), o que lhe valeu a promoção ao posto de marechal.
Acredita-se que, no Castelo de Penedono, tenham nascido os filhos deste alcaide
e, dentre eles:
* o primogénito, Vasco Fernandes Coutinho, 1º conde de Marialva, que integrou
a malfadada expedição a Tânger (1437); e
* Álvaro Gonçalves Coutinho, o cavaleiro alcunhado Magriço, herói da narrativa
dos Doze Pares de Inglaterra, imortalizado por Camões no Canto VI de Os
Lusíadas.
Os descendente do conde de Marialva mantiveram interesses no Castelo de
Penedono, a saber: D. Gonçalo Coutinho, que herdou o titulo condal, e D.
Fernando Coutinho, ambos integrantes da segunda expedição a Tânger (1464), onde
o primeiro perdeu a vida; os seus netos, D. João Coutinho, 3º conde de Marialva,
e D. Francisco Coutinho, 4º Conde de Marialva por sucessão de seu irmão,
falecido sem descendência, ambos integrantes da expedição que conquistou Arzila
(1471), que ao primeiro custou a vida.
Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), a vila recebeu o Foral Novo (1512),
o que atesta a sua importância à época. Foram realizadas, nesta conjuntura,
novas obras no castelo, para o que terá contribuído a influência do 4º conde de
Marialva, vedor das obras reais na Beira, cuja filha única, D. Guiomar Coutinho,
desposou o infante D. Fernando. Falecendo o conde sem descendência, e sua filha,
dois anos depois, também sem descendência, extinguiu-se a família Coutinho. |