A jazida com pegadas de
dinossáurios da Pedreira do Galinha, classificada como Monumento Natural das
Pegadas de Dinossáurios no extremo oriental da Serra de Aire na povoação de
Bairro, em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (Ourém/Torres
Novas), é uma das maiores e mais significativas jazidas que se conhece com
pegadas de alguns dos maiores seres que alguma vez povoaram o planeta Terra: os
dinossáurios saurópodes do Jurássico Médio. Tal importância decorre da elevada
quantidade de pegadas existentes, organizadas em pelo menos 20 trilhos, e do seu
excelente estado de conservação. A descoberta desta jazida deveu-se aos
trabalhos de exploração de uma pedreira para brita.
No período Jurássico, durante
a separação da grande massa continental – Pangea – que levou à formação dos
atuais continentes, numa altura em que o clima da Terra se tornou mais quente,
existiam extensos mares pouco profundos e a vida era abundante; era um clima
tropical, quente e húmido com densas florestas.
A quantidade de vegetação
permitiu a proliferação de dinossáurios herbívoros, como os saurópodes. Nas suas
deslocações, estes animais deixaram as suas pegadas nas camadas finas de lama
calcária existente nas lagunas marinhas de baixa profundidade. Depois a lama
secou e foi soterrada por sedimentos calcários que acabaram por se transformar
em rocha. Passados cerca de 175 milhões de anos os trabalhos de exploração da
pedra permitiram pôr a descoberto os vários trilhos visíveis na laje, bem como
restos de bivalves, gastrópodes e outros invertebrados.
Esta jazida tem alguns dos
mais longos trilhos de saurópodes conhecidos no mundo, apresentando um deles 147
m e outra com 142m de extensão. O seu estudo permite obter informação quanto ao
modo de locomoção e comportamento destes quadrúpedes. Marcas dos pés com 95 cm
de comprimento e 70 cm de largura terão sido produzidas por saurópodes com cerca
de 3 a 4 m de altura do solo à anca e cuja velocidade de deslocação variava
entre os 4 e 5 km/h.
Nos trilhos podem observar-se
pegadas de pés e ”mãos”, as marcas de dedos e mesmo o rebordo formado pelo
sedimento que foi afastado sob o peso do animal. Existem impressões de ”mãos” e
de pés com morfologias distintas das que se conheciam no registo mundial até ao
momento da sua descoberta.
As impressões que podemos
observar neste Monumento Natural, produzidas por saurópodes, datam do período
Jurássico Médio, Bajociano-Batoniano; os saurópodes eram animais possantes,
herbívoros, quadrúpedes, de cabeça pequena, e cauda e pescoço compridos. A cauda
serviria possivelmente para se defender dos predadores; o pescoço, tal como a
cauda, ajudaria estes animais a manter o equilíbrio, permitindo-lhes chegar à
vegetação mais alta e torná-los mais competitivos em relação a animais de menor
porte. |