A Guardiã do Rio Lima
Era uma vez, na antiga vila de Ponte da Barca, um lugar onde o rio Lima fluía com uma serenidade mágica, refletindo os céus e as montanhas verdejantes que a rodeavam. A vila era conhecida não apenas pela sua beleza natural, mas também pelas lendas que circulavam entre os habitantes, histórias de seres encantados que viviam escondidos nas florestas e nas águas profundas.
Entre as muitas histórias contadas, havia uma que se destacava: a lenda de Amália, a guardiã do rio Lima. Amália era uma jovem de extraordinária beleza, mas o que poucos sabiam era que ela era descendente das antigas ninfas do rio. O seu cabelo tinha a cor do ouro sob o sol e os seus olhos eram tão verdes quanto as florestas que cercavam Ponte da Barca.
Amália vivia numa pequena casa à beira do rio, onde passava os dias a cuidar das plantas e a conversar com os animais. Mas à noite, quando a lua cheia brilhava, ela assumia a sua verdadeira forma: uma criatura mágica, com asas feitas de névoa e uma aura que brilhava com a luz das estrelas. Era nessa forma que Amália protegia o rio e a vila, garantindo que as águas do Lima continuassem puras e que a natureza prosperasse.
Mas havia um segredo sombrio no coração da floresta, uma antiga ameaça que havia sido selada há séculos, mas que agora começava a despertar. Um dragão de sombras, outrora aprisionado por um antigo feiticeiro, começava a recuperar suas forças. A criatura, faminta por poder, planejava contaminar o rio e engolir toda a vida ao seu redor, transformando Ponte da Barca num lugar de escuridão.
Os sinais da chegada do dragão começaram a aparecer. As águas do rio Lima, antes cristalinas, começaram a turvar-se em certos trechos, e as plantas da floresta murchavam sem explicação. Os habitantes da vila ficaram preocupados, mas ninguém sabia o que estava por vir, exceto Amália.
Uma noite, quando a lua estava cheia e o céu claro, Amália sentiu uma presença fria e malévola. Decidida a proteger o seu lar, ela voou até o coração da floresta, onde encontrou o dragão emergindo de uma fenda na terra, rodeado por uma névoa negra e densa.
"Este é o meu rio, o meu lar. Não permitirei que o destruas!" exclamou Amália, sua voz ecoando como o próprio rio.
O dragão riu, uma risada que soou como trovões distantes. "Pequena criatura, és frágil diante do meu poder. Este rio e esta terra serão meus, e tu não poderás fazer nada para impedir."
Mas Amália não estava sozinha. Com um cântico antigo, ela chamou os espíritos das águas, os ventos e as árvores. O rio respondeu primeiro, formando ondas que se ergueram como muralhas. As árvores estenderam suas raízes, que se entrelaçaram, criando uma barreira viva. O vento soprou forte, cercando o dragão com redemoinhos de folhas e poeira.
Porém, o dragão era forte, e a sua escuridão começou a consumir a luz e a vida ao seu redor. Amália, sentindo a sua energia enfraquecer, sabia que precisava de um sacrifício final para selar a criatura para sempre. Com uma última prece às estrelas, ela entregou a sua essência mágica ao rio, fundindo-se com as águas.
O rio Lima, agora imbuído com a força de Amália, brilhou com uma luz intensa e pura. As águas ergueram-se como uma serpente de luz e envolveram o dragão, que rugiu em desespero. A criatura foi puxada para o fundo do rio, onde foi aprisionada por toda a eternidade, selada pelas forças da natureza e pela magia de Amália.
No dia seguinte, os habitantes de Ponte da Barca acordaram para encontrar o rio mais brilhante e claro do que nunca, e a floresta florescendo com uma nova vida. Amália, a guardiã do rio, havia desaparecido, mas o seu espírito vivia em cada corrente de água, em cada brisa que passava por entre as folhas.
Desde então, Ponte da Barca continuou a ser um lugar de paz e beleza, protegido pela memória da jovem guardiã que se sacrificou para salvar a sua terra. E nas noites de lua cheia, diz-se que se pode ver o reflexo de Amália nas águas do Lima, vigiando silenciosamente, para garantir que a sua vila permaneça segura e próspera, como sempre foi destinada a ser.
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