A Earthcache aborda de forma simples um aspeto particular da morfologia glaciar da Serra da Estrela, neste caso, os modelados granitoides ou típicos de rochas ígneas intrusivas, ou aquelas que provém do manto, mas que não chegam a romper a crosta e arrefecem no seu interior. Entre outros exemplos enquadram-se nesta classificação, os granitos propriamente ditos, os dioritos e o gabro..
Observa o Cântaro, possível NUNATAK e verifica a listing para te auxiliar na resposta acertada às questões que deves enviar via mail do meu perfil. Completa a tua tarefa de log anexando uma imagem ilustrativa da tua presença no local.
P1: Do ponto onde te encontras, é discutível ou afirmativo que este pico se possa integrar na classificação de um NUNATAK? Justifica em breves palavras!
P2: Sobre a formação de um Nunatak, escolhe a opção mais assertiva:
(A) uma forma de erosão diferencial de origem física em rochas proximais mais afetadas por diaclasamento/fissuramento em antigos ambientes glaciares.
(B) uma forma de erosão diferencial de ordem química por oxidação de rochas proximais mais afetadas por diaclases em antigos ambientes glaciares.
(C) uma forma de erosão diferencial de ordem física provocado por crioclastia em rochas proximais mais densamente afetadas por diaclases e posterior transporte do desmonte pelo movimento gravitacional/descendente de um antigo glaciar.
(D) uma forma de erosão diferencial de ordem química por oxidação em rochas proximais mais densamene afetadas por diaclases e posteriror transporte por erosão gravitacional em antigos ambientes glaciares.
Um NUNA...QUÊ?
O que na linguagem corrente é referido como "CÂNTARO" para convocar esta torre de pedra cimeira - o Cântaro Magro, poderá ser um fenómeno cujo nome em Geologia corresponde a uma importação de um termo Inuíte (todos os povos que habitam as regiões árticas) que significa montanha solitária, isolada. Não é dispiciente a escolha do termo Inuíte pelos geólogos, pois é nos territórios em que habitam estes povos que ainda hoje temos a manifestação de campos de gelo onde tipicamente ocorrem estas formações e cuja ilustração podes ver NESTA IMAGEM.
Esse termo para referir este tipo de torres de pedra é NUNATAK!
O termo serve, grosso modo, para designar um pico rochoso, usualmente angular e irregular nas suas faces que se destaca da restante paisagem. Forma-se num ambiente estritamente glaciar, mas nunca chega a estar coberto pela neve ou pelo gelo, embora se situe numa geleira ou campo de gelo. Podemos resumir dizendo que um Nunatak é uma formação que "perfura" o manto de gelo e se manifesta altaneiro na paisagem gelada circundante.
Como se Formam?
Ao conjunto de alterações provocadas nas rochas por processos físicos e químicos, designa-se meteorização.
No cenário onde te encontras as formações foram afetadas por erosão diferencial de ordem física, porque, se num mesmo tipo de formação rochosa, parte subsiste e outra colapsa, não é indicio de afetação na organização atómica dos seus iões ou intemperismo químico, já que todas partilham a mesma composição minerológica e ligação atómica. Ao invés, revelam indícios de fragilidades estruturais proximais e, nestes cenários em que existe alternância de fragilidades entre formações rochosas adjacentes/próximas, poderá ocorrer desmonte da formação mais frágil e seu aplanamento, enquanto que a formação subjacente, mais próxima e mais resistente ao processo erosivo, acaba por resistir e destacar-se.
Em ambientes glaciares, o processo de meteorização/desgaste das rochas é de ordem física/mecânica e chama-se CRIOCLASTIA. Traduz a dinâmica do ciclo alternado entre congelamento e descongelamento da água em locais em que a amplitude térmica o permite. Como a água no seu estado sólido aumenta de volume (uns estimados 9%), as fendas típicas e frequentes nas rochas ígneas sofrem um desgaste acentuado, pois ao congelar nessas fendas ou DIACLASES, a água no estado sólido exerce bastante pressão lateral contribuindo para o seu maior alargamento. A determinada altura, o seu desmonte ou desagregação fica facilitada. Existindo nas proximidades formações menos afetadas pela rede de fendas ou diaclases, se essa concentração for menos densa e mais espaçada, também menor será o efeito do intemperismo mecânico. Como consequência essas formações resistem pretuberantes, enquanto as outras, logo ao lado, se perdem no imutável círculo das rochas.
O segundo momento é quando ocorre o transporte dos blocos da formação adjacente, menos resistentes e sujeitos a intensa crioplastia, precocemente desagregados pela deslocação do glaciar para cotas mais baixas, empurrando no seu caminho todos esses detritos. No final do processo, isto é, com a regredir do glaciar, resta um vasto vale com o formato em U com esparpas bem destacadas em ambos os lados e a pretuberante imponência do Cântaro ou provável Nanatak.
O esboço muito naive que podes observar abaixo, procura ilustrar o processo de formação de um Nunatak:
Breve enquadramento Geológico do local:
Recorrendo novamente à mesma ingenuidade do esboço acima, vamos tentar situar e condensar a evolução desta paisagem recriando a sua história geológica de sensivelmente 240 milhões de anos até à atualidade em apenas 24horas:
00h00 / 240m.a. atrás:
Estás no topo do Cantaro e assistes, impotente, à erosão dos últimos pedaços da camada sedimentar de xistos e grauvaques muito antigos e que vão expondo cada vez mais os granitos mas recentes que os instruíram. Este processo de erosão dura horas e no final acabas situado num local altaneiro rodeado de granitoides, vales, depressões e picos adjacentes.
12h00 / 60m.a. atrás:
Já meio aborrecido eis que surge um sobressalto: o chão treme e as rochas começam a elevar-se cada vez mais mais fruto da colisão entre as placas euro-asiática com a placa africana. Continuas a assistir à elevação dos granitos da Serra e à sua intensa fraturação, enquanto os processos erosivos removem rochas que, não faz muito tempo, estavam pegadas ao bloco onde te encontras. Nesta altura, já o cântaro começa a tomar forma de um pico isolado e tu estás bem no topo, rodeado por precipícios. Por longo tempo assistes a esta comoção de blocos a desmantelar-se e a rolar pelas encostas em teu redor, mas estás incólume onde te encontras, pois aí tudo está integro, embora estejas cada vez mais isolado.
23h59m / 100.000 anos atrás:
Se a comoção já não bastasse, eis que no final do dia te assalta um frio terrível motivado por uma brusca queda de temperatura. Cai neve em abundância e é numa colossal tremideira que aos poucos começas a observar uma mancha branca que parece descer pelos vales dos picos em frente. Jesus! é uma mancha enorme de gelo que se desloca na tua direção e que vai varrendo tudo no seu caminho. São longos 59 segundos a que assistes, horrorizado, ao aumento da espessura da camada de gelo que desce as encostas ao encontro de Cântaro provocando um ruído ensurdecedor, à medida que vai arrancando pedaços das suas paredes laterais. Todo ele treme! e tu bem no alto, também tremes, de frio e de pavor. Rodeado de gelo, agarras-te firme e esperas o pior!
23h59m59s / 12.000 anos atrás:
Se ainda cá estás para contar a história é porque o Nunatak não se desmoronou. Entretanto, finalmente passou a borrasca causada pelo frio e as temperaturas voltaram ao normal. A espessa e longa camada de gelo derreteu e os últimos vestígios de glaciares desaparecem da Estrela. Contudo, o Cântaro alterou-se: as suas paredes estão bem mais verticalizadas pela abrasão causada pela passagem do glaciar e apresentam irregularidades e protuberâncias. Ribeiras e rios correm desorganizados na base erodindo ainda mais o solo e intensificando o teu isolamento. De um lado o vale está mais largo e com um formato em U e avistas lagoas em covões formados pelo glaciar. Do outro lado, outra parede ingreme. Estás num pico rochoso, e as cotas mais baixas estão muito para além do que quando cá chegaste. Vai ser um sarilho descer dai!
23h 59m 59s e 99 centésimos de segundo / atualidade):
Tudo terminado! O centésimo de segundo que te resta representa o tempo em que, cambaleante, perplexo, comovido e embasbacado com tamanha monumentalidade e rudeza das forças da natureza que acabaste de ver num flash, finalmente descobres uma via para descer o Nunatak, apanhar o trilho e regressar ao cachemobile. É já em segurança que, sentado no carro, observas, emocionado, o FILME DA EXPERIÊNCIA PORQUE PASSASTE.
Fontes/sources:
- https://geoportal.lneg.pt/pt/bds/geossitios/#!/37
- https://www.britannica.com/science/nunatak
- Guia Geológico e Geomorfológico de Parque Natural da Serra da Estrela, Locais de Interesse Geológico e Geomorfológico, Ferreira, Narciso e Vieira, Gonçalo, Instituto de Conservação da Natureza, Lisboa 1999
This Earthcache focuses on a specific aspect of Serra da Estrela's glacial morphology, namely granitoid modelling, which encompasses typical intrusive igneous rocks and those that originate from the mantle but do not penetrate the crust and cool within it. Examples of these include granites, diorites and gabbro.
Please direct your attention to the "Cantaro", which may be a Nunatak. You are invited to examine the listing, which should assist you in formulating the queries you intend to submit via the email address provided on my profile. You are encouraged to have a complete logging task by attaching an image that illustrates your presence on the site:
Question 1: From your vantage point, can it be reasonably argued that this peak could be classified as a nunatak? Please provide a brief justification.
Q2: With regard to the formation of a nunatak, select the most assertive option.
(A) A form of differential weathering of a physical origin, occurring in proximal rocks that have been most affected by diaclasation and fissuring in ancient glacial environments.
(B) A form of chemical differential weathering caused by the oxidation of proximal rocks most affected by diaclases in ancient glacial environments.
(C) A form of physical differential weathering caused by cryoclasis in proximal rocks more densely affected by diaclases and subsequent transport of the dismantling by the gravitational/descending movement of an ancient glacier.
(D) A form of chemical differential erosion caused by oxidation in proximal rocks more densely affected by diaclases and subsequent transport by gravitational erosion in ancient glacial environments.
Nunatak definition:
The term 'CANTARO' that defines a rocky peak, which is used colloquially to refer to this summit stone tower – the Cântaro Magro – could be a phenomenon whose name in geology corresponds to an importation of an Inuit term (referring to all the peoples who inhabit the Arctic regions) meaning solitary, isolated mountain. The term 'Inuit', as selected by geologists, is a reasonable choice, given that these formations are still observed in the territories inhabited by these peoples, where ice fields are a common feature. This can be seen in the THIS ILLUSTRATION.
The term for this type of stone tower is Nunatak.
The term is used to describe a rocky peak, typically angular and irregular in shape, which stands out from the surrounding landscape. It develops exclusively in a glacial setting, yet it is never covered by snow or ice, despite its location within a glacier or ice field. In summary, a Nunatak is a formation that "pierces" the ice sheet and stands tall in the surrounding icy landscape.
What is the mechanism by which they are formed?
The collective term for the set of changes caused in rocks by physical and chemical processes is "weathering."
In the scenario under consideration, the formations have been affected by differential erosion of a physical nature. This is evidenced by the fact that if part of the same type of rock formation remains and another collapses, this is not an indication of affectation in the atomic organisation of its ions or chemical weathering. This is because they all share the same mineral composition and atomic bonding. Conversely, these formations display indications of proximal structural deficiencies. In instances where there is a succession of such deficiencies in adjacent or proximate rock formations, the more fragile formation may be dismantled and flattened, while the underlying formation, which is in closer proximity and more resistant to the erosion process, endures and emerges as the dominant feature.
In glacial environments, the process of weathering and wearing down rocks is physical and mechanical in nature and is referred to as cryoclasty. This phenomenon is the result of the alternating cycle between freezing and thawing of water in locations where the temperature range allows for such fluctuations. As water in its solid state increases in volume (estimated to be approximately 9 per cent), the typical and frequent cracks in igneous rocks suffer accentuated wear and tear. This is because when the water freezes in these cracks, or diaclases, it exerts a significant amount of lateral pressure, contributing to their greater widening. At a certain point, the disintegration of these formations becomes more rapid. If there are formations nearby that are less affected by the network of cracks or diaclases, and if this concentration is less dense and more widely spaced, the effect of mechanical weathering will also be less pronounced. Consequently, these formations become more prominent, while the others, situated in close proximity, are gradually eroded and lost within the unchanging circle of rocks.
The second phase of the formation process involves the transportation of blocks from the adjacent formation, which are less resistant and subject to intense cryoplasty. These blocks are transported by the movement of the glacier to lower levels, where they disintegrate, pushing all the debris in their path. Once the glacier has receded, a vast U-shaped valley remains, with prominent spurs on both sides and the imposing grandeur of the Cântaro as a residue of a Nunatak. The image above is a rough sketch attempt to illustrate the formation process of a Nunatak.
Concise caricature of the geological background of the site:
Once more, employing the same ingenuity as in the preceding sketch, we shall endeavour to situate and summarise the evolution of this landscape by reconstructing its geological history from approximately 240 million years ago to the present day in a single 24-hour period.
00h00 / 240m.a. ago:
You are at the top of the peak and from your vantage point, you observe the gradual erosion of the sedimentary layer of ancient schists and grauwackes, exposing the underlying granites. The erosion process is prolonged, spanning several hours. Ultimately, the landscape is transformed into a high plateau surrounded by granitoids, valleys, depressions, and adjacent peaks.
12:00 / 60 Ma:
The scene shifts to a dramatic change in the landscape. The ground begins to shake, and the rocks start to rise as a result of the collision between the Euro-Asian and African tectonic plates. The Serra's granites continue to rise and fracture, while erosion processes remove rocks that were previously attached to the block on which you are standing. The canyon is now beginning to take the shape of an isolated peak, and the observer is situated at the top, surrounded by precipices. You observe the dismantling of blocks and their subsequent rolling down the slopes for a considerable period of time. However, you remain unscathed due to the intact nature of the surrounding environment, despite the increasing isolation.
At 11:59 p.m. / 100,000 years ago:
If the preceding commotion was not sufficient, at the conclusion of the day, the sudden drop in temperature produces a pronounced sensation of cold. The precipitation takes the form of snow, which falls in great quantities. As the snow accumulates, a white patch gradually becomes visible, extending down the slopes of the peaks in front of you. The ice sheet is observed to grow in thickness over a period of 59 seconds as it descends the slopes towards Cântaro. During this time, the ice makes a loud noise as it tears chunks out of its side walls. The surrounding area is also observed to shake, and you are shaking as well of cold and terror. Being surrounded by ice at the top of the peak you hold on tightly, awaiting the worst.
23h59m59s / 12,000 years ago:
If you have survived to recount this tale, it is because Nunatak has not collapsed. Meanwhile, the cold spell has come to an end, with temperatures returning to their usual levels. The substantial, extensive layer of ice has undergone a process of melting, and the final vestiges of glacial activity have been erased from "Estrela". However, the Cântaro has undergone significant alterations. Its walls have become markedly more verticalised as a result of the abrasion caused by the glacier's passage, exhibiting irregularities and protuberances. The disorganised flow of streams and rivers at the base of the valley results in further soil erosion and intensifies the isolation of the area. The valley is wider and U-shaped on one side, with lakes visible in the hollows formed by the glacier. Conversely, the opposite side of the valley is characterised by a rocky peak and a considerable reduction in the level of the terrain in comparison to the initial point of arrival. It will undoubtedly prove challenging to descend from this vantage point.
23 hours, 59 minutes, 59 seconds and 99 hundredths of a second / (present time):
The final hundredth of a second represents the time taken to descend the Nunatak, locate the trail and return to the cachemobile. Having completed this, you then are able to sit safely in the vehicle and reflect on the EMOTIONAL IMPACT OF YOUR EXPERIENCE.