
Reza a lenda que, em Portugal, antigamente pensava-se que matar uma cegonha dava azar. Por isso, segundo a lenda, o castigo era que o assassino da cegonha tivesse a mão decepada. Dava ou não dava azar matar uma cegonha? A antiga Tessália, uma região recentemente descoberta na Grécia moderna, implementou originalmente a pena de morte para qualquer um que matasse uma cegonha; mais azar ainda.

Muitas das cegonhas do Algarve migram para África nos meses de inverno e os céus por sobre Sagres enchem-se de milhares de cegonhas pairando nas correntes de ar ascendente até que, de repente, voam em bando para climas mais quentes como se fossem uma só. Ver estes pássaros de porte imponente cruzar os céus sobre as nossas cabeças é uma visão fantástica e é espantoso como partem voando todas juntas e de uma só vez.
Alguma vez teve oportunidade incrível de avistar um bando de cegonhas?
A lenda da cegonha surgiu na Europa e popularizou-se pelo conto de Hans Christian Andersen, “As Cegonhas”, no século XIX. Conheça a origem desta crença e a que se deve a escolha de uma cegonha branca para levar os bebés às respetivas famílias pendurados no bico.
A lenda da cegonha
“De onde vêm os bebés?” perguntam as crianças. “São trazidos pelas cegonhas!” respondem os adultos. Quando os bebés nasciam em casa, e as outras crianças da família viam a mãe na cama com um novo bebé e como se estivesse doente e ferida, perguntavam muito naturalmente de onde tinha vindo o bebé.
Originária na Europa e popularizada em todo o mundo pelo conto de Hans Christian Andersen, “As Cegonhas”, no século XIX, a crença de que os bebés são trazidos pelas cegonhas tem perdurado ao longo dos tempos.
Esta foi a forma que os adultos encontraram para dar uma resposta vaga às crianças, sem entrar em detalhes sobre o sexo e a procriação. As cegonhas traziam o bebé e, ao entregá-lo à mãe, davam uma picada na perna desta, fazendo-a sangrar.
A lenda teve origem em certas regiões da Europa onde, todos os anos, as cegonhas faziam os ninhos nos telhados das casa, especialmente na Alemanha, Holanda e em partes da Escandinávia.
E porquê as cegonhas?
Aves enormes, suficientemente grandes e fortes para transportarem um bebé recém-nascido, as cegonhas regressavam todos os anos na primavera, época de renovação e renascimento, aos mesmos telhados do ano anterior.
Durante o dia, as cegonhas saiam dos ninhos para caçar nos riachos, lagos e pântanos, lugares onde se acreditava que viviam as almas das crianças por nascer. Assim, era fácil às cegonhas transportar os bebés na ponta do bico e entregá-los aos pais, através da chaminé.
Quando um casal queria ter um filho, deixava guloseimas no parapeito da janela, sinal para a ave de que ansiavam por um bebé.
A monogamia e a fidelidade ao local do ninho, os cuidados que as cegonhas prestavam às suas próprias crias e a grande devoção com que tratavam os filhotes tornaram a cegonha num símbolo da maternidade.
Acreditava-se, ainda, que as cegonhas cuidavam e alimentavam os seus pais, quando estes estavam velhos e cansados, pelo que se atribui-a à cegonha o valor do respeito pelos pais e antepassados.
Na Grécia Antiga, foi mesmo criada a “Lei da Cegonha”, onde os filhos eram obrigados a cuidar dos pais quando estes atingissem a velhice e punia severamente quem não a cumprisse.
