Este local marca o maior desatre ferroviário nacional, ocorrido a 11 de Setembro de 1985, com a colisão de dois comboios que viajavam em sentidos opostos num troço de via única.
Quem segue pela antiga Estrada Nacional 234 (também conhecida por Estrada Velha de Viseu) na direcção de Mangualde, encontra uma cortada do seu lado direito sem qualquer sinalização. É um estradão de terra batida, numa envolvente florestal, culminando num largo de pedra centrado numa estátua e num mural de azulejo.
É um local singelo, com um pequeno memorial que quis homenagear com esta cache.
Os meios na altura não eram o que são hoje e há números não totalmente apurados da tragédia, mas considero que é importante lembrar-mos a resiliência humana e todos os que se uniram na altura para ajudar e ocorrer ao salvamento possível.
O que se sucedera fora uma infelicidade, sendo que as causas desta tragédia e o número de vítimas ainda hoje são alvo de discussão. A sequência de acontecimentos, no entanto, é linear.
Às 15h57, parte de Campanhã, no Porto, um comboio Sud-Express com destino a Paris-Austerlitz. Levava à volta de 400 passageiros, a maior parte emigrantes que tinham vindo passar férias a Portugal. Sai com um atraso de 17 minutos.
Quase uma hora depois, às 16h55, parte da estação da Guarda um comboio regional com destino a Coimbra, cumprindo o horário. Porque o Sud-Express segue em direcção a Vilar Formoso, atravessando assim a faixa centro-interior portuguesa, ambos os comboios terão de, a certa altura da sua viagem, passar no mesmo troço da Linha da Beira Alta, eixo ferroviário central na região, mas que na maior parte do percurso tem apenas uma única via.
O Sud-Express chega a Nelas às 18h19. Entretanto, o comboio regional alcança quatro minutos depois a estação de Mangualde, a poucos quilómetros. Aqui, tendo em conta o atraso do comboio internacional, esta locomotiva devia ter aguardado. Mas não o fez.
Ora, dois comboios cruzando a mesma linha única ao mesmo tempo é uma certeza assustadora de choque frontal: sendo impossível comunicar, na altura, com dois comboios em andamento, os passageiros e funcionários circulando em ambas as viaturas rumam a um desastre inevitável; e este ocorre às 18h37, quando o internacional 315 e o regional 1324 chocaram com estrondo e violência, descarrilando ao longo de dezenas de metros num espaço florestal.
Fonte: https://www.nationalgeographic.pt/historia/11-setembro_4197