[PT] Esta cache tem como objetivo promover os Baldios de Vilarinho.
Os terrenos comunitários, neste caso, designados por Baldios de Vilarinho, são usados e fruídos por todos os habitantes dos Lugares da Freguesia, desde tempos imemoriais. Esta propriedade silvopastoril, de mão comum, inicialmente usada para recolha de pedra e saibro, recolha de matos, lenhas, apiários de abelhas, plantação de castanheiros e de oliveiras, para recolha de seus frutos, aproveitamento de águas para rega de pequena propriedade e também para mover os moinhos de cereal.
Durante o regime do Estado Novo Fascista, foram os Compartes espoliados de várias parcelas de terreno na encosta da Chã do Freixo, Boque, encosta de Vilarinho e outros locais. O pastoreio dos rebanhos dos compartes foi proibido, com aplicação de multas por parte dos Guardas Florestais, que na década de 50 do século XX eram de 20$00 (vinte escudos), valor que levava muitas vezes os compartes a terem de vender duas cabras, para pagar a multa.
Foi ainda proibida a retirada de lenhas, pedra, saibro, mato e outros frutos e produtos de que estavam habituados a usufruir do Baldio, tal como as cavadas que faziam para semear nos terrenos mais pobres o pão, que era o centeio, e nos melhores terrenos, o trigo.
Na sequência do 25 de abril de 1974, foram nomeadas as Comissões Administrativas das Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais, marcos históricos da recém-chegada Democracia, que deu a Liberdade aos Povos Serranos de reivindicar o que lhes tinha sido retirado pelo Estado Novo. Na Freguesia de Vilarinho, a Comissão Administrativa da altura convocou uma reunião a 9 de novembro de 1975, no salão da Junta de Freguesia, com a presença de sete compartes. Como não reuniu o número exigido pela Lei, foi só constituída a Mesa para dirigir os trabalhos. Estes compartes, pioneiros, fizeram um recenseamento provisório, socorrendo-se dos moradores dos Lugares da Freguesia de Vilarinho e das indicações que lhe eram dadas pela Administração Florestal da Lousã.
Com a publicação do Decreto-Lei nº39/76, de 19 de janeiro, os compartes foram obrigados a organizarem-se em assembleia e elegerem os respetivos órgãos.
Numa das assembleias é feita a escolha da forma de Administração dos Baldios, tendo todos os representantes, por unanimidade, escolhido a de regime de associação entre os compartes e o Estado.
A partir da publicação da Lei nº68/93, de 4 de setembro, os compartes da Freguesia de Vilarinho passaram a dedicar mais atenção no acompanhamento dos assuntos relacionados com a floresta e com a maneira de dirigir os destinos da mesma. Assim, quiseram os compartes que se passasse a gerir, em plenitude, os destinos dos Baldios e não em administração com o Estado, cujos representantes locais sempre colocaram entraves ao que se pretendia fazer.
Até ao ano de dois mil, negociou-se com o Estado a contratação de uma Equipa de Sapadores Florestais, que só veio a conseguir-se em maio de dois mil e um.
Desde 29 de fevereiro de 2012 que o Conselho Diretivo gere, com meios próprios, aproximadamente 980 hectares e tem no quadro de pessoal uma equipa de Sapadores Florestais e uma equipa Técnica Florestal. É com estes colaboradores que se executam os trabalhos de Silvicultura Preventiva nas parcelas dos Baldios, bem como nos terrenos dos Compartes, para dar cumprimento à legislação em vigor.
O Conselho Diretivo é herdeiro da vontade de um punhado de Compartes corajosos que, no dia de 21 de novembro de 1976, conceberam a eleição da primeira Mesa da Assembleia de Compartes. Este momento é um marco histórico dos nossos Baldios, que tem perdurado até aos dias de hoje e que continuará a perdurar enquanto houver Compartes.
A obra comunitária está começada, tem resistido a muitas tentativas de destruição, a várias alterações legais e tem-se tornado numa causa com cada vez mais robustez.
Esta cache localiza-se na sede desta coletividade.
Esta equipa de trabalho, liderada pelo Conselho Diretivo, empenha-se para que os Baldios de Vilarinho sejam uma realidade. Nos tempos que correm, dinamizam várias atividades com a comunidade local, como caminhadas temáticas e seminários; promovem formações; têm protocolos e parcerias com outras entidades; gerem o património florestal da grande mancha florestal da encosta da serra, voltada ao lugar de Vilarinho; contribuem para o desenvolvimento local e rural...
Um desafio constante e atual é incentivar os Compartes a terem uma participação ativa nas Assembleias de Compartes e nas tomadas de decisão.
Um dos objetivos é deixarmos uma floresta diversificada aos Compartes vindouros.
Nunca é demais o apelo aos jovens vilarinhenses para que não deixem acabar esta herança que os nossos antepassados nos legaram!
[EN] This cache aims to promote the Baldios de Vilarinho.
The communal land, in this case known as Baldios de Vilarinho, has been used and enjoyed by all the inhabitants of the parish since time immemorial. This communal forestry property was initially used to collect stone and gravel, gather brushwood, firewood, bee apiaries, plant chestnut and olive trees, collect their fruit, harness water to irrigate small properties and also to power grain mills.
During the Estado Novo Fascist regime, the sharecroppers were dispossessed of several plots of land on the slopes of Chã do Freixo, Boque, Vilarinho and other places. The grazing of the sharers' flocks was forbidden, with the Forest Guards imposing fines of 20$00 (twenty escudos) in the 1950s, which often meant that sharers had to sell two goats to pay the fine.
It was also forbidden to remove firewood, stone, gravel, scrub and other fruit and produce that they were accustomed to enjoying from the Baldio, such as the digging they did to sow bread on the poorer land, which was rye, and wheat on the better land.
Following the 25th of April 1974, the Administrative Committees of the Parish Councils and Municipal Councils were appointed, historic milestones of the newly arrived Democracy, which gave the Serrano Peoples the freedom to claim what had been taken away from them by the Estado Novo. In the parish of Vilarinho, the Administrative Commission of the time called a meeting on 9 November 1975 in the parish council hall, attended by seven parishioners. As the number required by law was not present, only the Bureau was set up to run the proceedings. These pioneering sharers carried out a provisional census, using the residents of the places in the parish of Vilarinho and the indications given to them by the Lousã Forestry Administration.
With the publication of Decree-Law no. 39/76 of 19 January, the sharers were obliged to organise themselves into assemblies and elect their respective bodies.
At one of the assemblies, a choice was made as to how the Baldios would be administered, and all the representatives unanimously chose the system of association between the sharers and the state.
Since the publication of Law no. 68/93 of 4 September, the allottees of the parish of Vilarinho have paid more attention to monitoring matters related to the forest and how to manage its destiny. As a result, the sharers wanted the Baldios to be fully managed, rather than being administered by the state, whose local representatives always put up obstacles to what they wanted to do.
Up until the year 2000, negotiations were held with the state to hire a Forestry Sapper Team, which only came to fruition in May 2011.
Since 29 February 2012, the Board of Directors has managed approximately 980 hectares with its own resources and has a team of Forest Sappers and a Forestry Technician on staff. It is with these employees that preventive forestry work is carried out on the Baldios plots, as well as on the land belonging to the Shareholders, in order to comply with the legislation in force.
The Board of Directors is heir to the will of a handful of courageous Shareholders who, on 21 November 1976, conceived the election of the first Bureau of the Shareholders' Assembly. This moment is a milestone in the history of our Baldios, one that has lasted to this day and will continue to do so as long as there are Shareholders.
The community's work has begun, it has resisted many attempts to destroy it, various legal changes and it has become an increasingly robust cause.
This cache is located at the organisation's headquarters.
This working team, led by the Board of Directors, is committed to making the Baldios de Vilarinho a reality. These days, they organise various activities with the local community, such as themed walks and seminars; they promote training; they have protocols and partnerships with other organisations; they manage the forestry heritage of the large patch of woodland on the hillside facing Vilarinho; they contribute to local and rural development...
A constant and current challenge is to encourage the Compartes to take an active part in the Assemblies of Compartes and in decision-making.
One of the objectives is to leave a diversified forest to the Compartes to come.
I cannot call on the young people of Vilarinho enough not to let this heritage that our ancestors bequeathed to us come to an end!