Sabendo que deve haver por aí muitos geocachers que gostam de um bom mistério, aproveito este fórum para apelar a que me ajudem a decifrar uma mensagem. Há uns tempos encontrei, no meio de livros do meu avô, uma folha dactilografada contendo uma série de números.
O meu avô era uma pessoa estranha. Não é que eu não gostasse dele, porque gostava muito. Mas era talvez…uma pessoa difícil. Ora estava muito bem disposto ou subitamente ficava macambúzio, a olhar para um ponto qualquer no infinito. Por vezes, quando o íamos visitar, ele abria a porta e não nos ligava, andando de um lado para o outro no seu roupão cor de vinho a resmungar. Mas apesar disso, sempre me tratou bem. A casa dele tinha montes de livros, pinturas, papéis velhos em pilhas que só se mantinham de pé porque estavam amarradas com cordel.
Tal como todos os avós, submetia-se aos meus lamentos e súplicas. Mas eu não lhe pedia brinquedos ou pastilhas nem nada disso. Pedia-lhe histórias. O meu avô era muito bom a contar histórias. E curiosamente, muitas vezes ele ia buscar uma velha cópia dos Lusíadas e lia-me algumas passagens. Por vezes com algumas óbvias modificações feitas por ele. Os poemas eram um mote que ele usava para desfiar uma história. E assim, enquanto a maior parte das crianças da minha idade estaria provavelmente a ouvir as antigas ladainhas, ou a ver histórias infantis ilustradas, eu ouvia a História de Portugal, as intrigas entre os deuses, as batalhas dos nossos reis, a chegada à Índia. O meu avô sempre me disse que nos Lusíadas estava tudo o que eu precisasse, mesmo depois dele morrer.
Ele morreu quando eu era ainda muito novo. Na altura não me quiseram explicar como. Passados uns anos, o meu pai revelou-me que tinha sido uma história feia, um assalto que tinha corrido mal. Os assaltantes deviam pensar que a casa estava vazia, mas o meu avô encontrava-se no escritório a ler à luz de uma vela. Surpreenderam-no, e ele aos assaltantes, com certeza. Por acidente, ou talvez empurrado, caiu e bateu com a cabeça na esquina da sua grande secretária. E já não se levantou. Nunca percebemos a intenção dos assaltantes. A casa ficou toda revirada do avesso, mas não tiraram nada.
E aqui há umas semanas, após anos sem pensar no meu avô, visitei a arrecadação onde os meus pais guardaram todos os seus papéis. Abri alguns caixotes e verifiquei com surpresa que muitas daquelas folhas amareladas despertavam recordações. Apesar de, naquela altura, eu não as conseguir ler. Mas certas ilustrações, certas capas de livro, tudo isso ajudava a memória a voltar. E foi então que de um desses livros caiu a folha com a série de números. Achei estranho estar dactilografada e não com a caligrafia do meu avô. Percebi que era um código. Mas porque iria o meu avô criar e esconder um código? A não ser que…O tesouro? A dúvida consome-me. Provavelmente será o tesouro! E eu que nunca tinha percebido a insistência do meu avô nessa velha história.
Tenho a certeza que esta mensagem indica o local onde ele escondeu um certo tesouro, sobre o qual falava comigo. Nunca soube o que era realmente...
10,33,4,2,1//5,8,8,5,4/9,7,1,1,5/7,5,6,5,3/3,89,3,1,4/7,40,2,2,3/1,90,1,6,10//
3,117,6,1,1//6,51,5,2,2/2,34,7,6,6/9,13,1,1,4/3,20,8,3,6//8,55,2,2,1//
7,12,4,7,4/3,112,7,4,2/8,45,3,4,2/2,82,8,5,6/1,29,4,3,2/7,17,1,3,2/5,5,7,3,3/
10,80,2,5,9//3,128,5,2,2//6,4,1,1,3/8,33,4,3,7/9,87,3,4,2/7,43,8,6,4//
1,69,4,5,1//4,100,2,6,2/8,24,3,5,6/2,77,4,4,1/5,40,6,2,4/6,84,6,5,11/
1,57,3,4,1/8,96,5,1,4//3,96,2,4,1//10,60,8,1,2/5,88,1,2,6//6,60,7,1,1//
3,89,3,1,4/6,51,5,2,2/8,8,2,2,2/1,29,4,3,2//3,40,1,4,3//6,4,1,1,3/5,40,6,2,4/
4,67,6,6,3//2,113,1,4,4//7,17,1,3,2/8,33,4,3,7/6,20,7,2,1/1,29,4,3,2/
10,144,2,1,1/3,128,5,2,2/6,84,6,5,11/2,77,4,4,1/3,20,8,3,6/4,103,4,2,6//
6,48,3,5,4//3,8,3,5,1/3,117,6,1,1/9,54,1,1,1/5,40,6,2,4/8,49,8,7,1/1,57,3,4,1/
1,90,1,6,10//1,1,1,3,1//7,40,2,2,3/9,7,1,1,5/1,29,4,3,2/7,43,8,6,4//
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Cronologia da Capela de Santo Amaro:
1549 - Construção da actual ermida pelos frades da Ordem de Cristo sobre uma outra mais pequena;
1551 - Segundo Cristóvão Roiz de Oliveira, tinha por esta altura uma grande Romagem, tendo confraria e valendo 400 cruzados de esmolas;
c.1670 / 1680 - decoração azulejar do nártex, fechando-se 2 vãos da arcada com altares;
séc. 17 (finais) / séc. 18 (4º quartel) - feitura e colocação dos altares de talha;
1836 - extinção da confraria;
1910 - foi despojada de muitos valores e deixada ao abandono, sendo o vestíbulo aproveitado para depósito de carvão;
1928 - Reinício do culto.
A inexistência de documentos tornou lendária a construção desta capela. Há duas versões:
1: 14 Frades Ordem de Cristo fizeram uma peregrinação a São João de Latrão e no seu regresso a Portugal, em 1532, resolveram entregar-se ao misticismo instituindo uma confraria em honra de Santo Amaro. A caravela que conduzia os frades chegou ao Tejo a 15 de Janeiro e ancorou próximo a um rochedo que havia no local, erguendo, de seguida, um senóbio. Depois pediram licença a D. João III para construirem uma ermida no terreno dado por João Gomes Meireles e sua mulher Brites Dias.
2: Uns mareantes galegos salvando-se milagrosamente de naufrágio, prometem a Santo Amaro a construção de uma capela logo que ancorassem em sítio seguro. Ancoraram nas margens do Tejo e construiram uma capela num lugar altaneiro ao seu ancoradouro. A porta de acesso à capela tem a seguinte inscrição: "Começou-se a edificar esta Hermida de S. Amaro douze dias / de Fro do ano D. 1594 e Avia sete anos que hera / aqui edificada a que aguora serve de samcristia": Desconhece-se se a 1ª ermida de Santo Amaro, foi aqui erguida em 1542. De 15 de Janeiro a 2 de Fevereiro fazia-se a grande romaria a Santo Amaro, conhecida como "Romaria dos pinhões" ou "Romaria das promessas". Deixou de se realizar em cerca de 1930.
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