Antes de tudo quero aqui expressar os meus
sinceros agradecimentos à Associação Amigos do Mindelo
para a Defesa do Ambiente (AAMDA) pelo seu valioso apoio na
criação desta cache.
Esta Associação, criada em 1992,
é a única organização não governamental de ambiente do concelho
de Vila do Conde. Tem por finalidade exclusiva a defesa do
ambiente, do património natural e construído, conservação da
natureza e promoção da qualidade de vida na área da sua
influência.
A criação desta cache tem por
objectivo chamar a atenção de todos para a problemática da
Reserva Ornitológica de Mindelo, as suas
qualidades, as suas fraquezas e os problemas que enfrenta.
Também tenho em mente a futura realização de um evento
CITO neste local, enquanto isso não acontece peço a todos
que a visitarem que levem na volta algum do lixo ali depositado
e que o deixem nos baldes de lixo próximo das entradas da
Reserva.
First of all i would like to express
my sincere thanks to the Friends of Mindelo Association for the
Defence of the Environment (AAMDA) for their invaluable help in
the creation of this cache.
This Association, born in 1992,
is the only non governamental organization of Vila do Conde
municipality. Its aim is to defend the environment, natural and
built heritage, the conservation of nature and the promotion of
quality of life in its area of influence.
The creation of this cache has
the aim of catching people attention to the Mindelo
Ornithological Reserve problematic, its qualities,
its weakness and problems that faces.
I also have in mind the
organization of a future CITO event on this site, but while it
does not happen i ask all the visitors of this cache to take out
some of the garbage that you might find and put it in the
garbage bins outside the Reserve.
A Reserva Ornitológica de Mindelo (ROM) foi,
em 1957, a primeira área protegida criada em Portugal,
apresentando assim um grande valor histórico e
simbólico.
Santos
Júnior, professor catedrático da
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e pioneiro
da anilhagem científica de aves em Portugal, obteve o apoio dos
proprietários e, a seu pedido, foi fundada a Reserva pela
Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas. Inicialmente
com 411 ha e alargada em 1959 para 594 ha, a área ficou adstrita
ao Instituto de Zoologia Dr. Augusto Nobre da FCUP, do qual
Santos Júnior era director.
Deste modo, a ROM, apesar de
criada no âmbito do regime florestal de simples polícia, teve um
guarda-florestal (António de Jesus Pereira foi o guarda colocado
ao serviço durante muitos anos pela própria direcção-geral dos
serviços florestais e aquícolas) e um plano de
gestão.
É de realçar que o interesse
manifestado pelos cientistas pela região de Mindelo remonta aos
finais do séc. XIX, existindo registos de valiosas
observações ornitológicas efectuadas por Reis Júnior,
naturalista da Universidade do Porto, então a trabalhar na
Estação Aquícola do Ave.
Nos anos que se seguiram à sua
criação, a Reserva Ornitológica de Mindelo serviu de base a
numerosos estudos científicos cuja importância ultrapassou as
fronteiras nacionais. Na central de anilhagem então criada,
participaram activamente os "roleiros de Mindelo”, naturais
desta freguesia e praticantes da captura de rolas com artes
tradicionais únicas no mundo.
Para além de milhares de aves de
variadíssimas espécies aí anilhadas, merecem especial destaque
as rolas - cerca de 20.000, ainda hoje um “record” da
Europa. Graças ao trabalho realizado, Santos Júnior foi eleito o
primeiro Presidente da Secção Portuguesa do ICBP (International
Council for Bird Preservation), tendo fundado a Sociedade
Portuguesa de Ornitologia (1964) e editado a primeira revista
científica especializada, a Cyanopica (1968).
Nesta época Vila do Conde era um
concelho rural. Ainda não tinham eclodido o turismo de praia,
nem as urbanizações com vistas sobre o mar e nem sequer os
negócios das areias.
Assim a submissão ao regime
florestal de simples polícia propiciou até certa altura uma
protecção eficaz, apesar da escassez de meios financeiros:
havia uma entidade gestora activa (o Instituto de Zoologia da
UP), um regime legal de protecção (o regime florestal), um plano
de gestão (aprovado logo com a criação da reserva e com o acordo
dos proprietários envolvidos) e fiscalização capaz (o
guarda-florestal da DGSFA), factores que raramente se verificam
noutras reservas naturais entretanto criadas.
Contudo, com o passar dos anos,
surgiram diversos problemas de gestão da área, tendo causado
o desinteresse das entidades responsáveis e das populações
locais. Na década de setenta, com a criação de entidades
governamentais para a conservação da natureza e a instituição de
uma rede nacional de áreas protegidas, a Reserva foi
“formalmente” esquecida. Falecido em 1990, Santos Júnior não
teve nenhum sucessor na protecção desta área.
A pouco e pouco foi aumentando a
apetência urbanística dos terrenos onde a ROM está
implantada, surgindo urbanizações, acessos rodoviários e
infra-estruturas portuárias. As areias das principais dunas
foram extraídas, depositaram-se lixos, poluíram-se as
ribeiras, permitiu-se a expansão de espécies exóticas e
proliferou a captura e abate ilegais de aves. A somar a isto,
o avanço do mar devido à destruição do cordão dunar. Nos
últimos anos surgiram os incêndios de origem
duvidosa.
A área da ROM tem sofrido uma
pressão urbanistica fortíssima. De 1958 a 2000 os terrenos
urbanos e industriais aumentaram 600%, passando de 4% a 26% da
área total, com um crescimento médio de 89 m2 por dia.
Anteriormente estes terrenos tinham maioritariamente ocupação
florestal. As zonas húmidas reduziram-se em 70%.
Esta área é densamente construída
comparativamente à totalidade do Concelho de Vila do Conde. O
período 1971-1990 verificou o maior aumento no número de
construções, em especial para casas de segunda habitação (90
novos edifícios por ano). Na última década a população residente
tem aumentado a níveis elevadíssimos, tornando esta área num
dormitório com crescente má qualidade de vida. Note-se por
exemplo que o número de famílias residentes aumentou 46% entre
1991 e 2001, o dobro do que se verificou em termos médios na
Área Metropolitana do Porto.
Apesar da degradação a que se
chegou e da ambiguidade do seu estatuto de conservação, a
Reserva Ornitológica de Mindelo foi conseguindo
sobreviver.
Continuou a ser visitada por
muitos naturalistas profissionais e amadores e foi local de
numerosas aulas de campo (sobretudo do Departamento de Zoologia
e Antropologia da Faculdade de Ciências da Universidade do
Porto).
Nos anos oitenta surgiu um grande
projecto urbanístico (cerca de 2000 habitações turísticas,
dezenas de campos de ténis, oito piscinas e um hotel), pairando
sobre a Reserva o risco de extinção. A grande discussão pública
que então surgiu teve a vantagem de acordar consciências. Foram
muitas as vozes em favor da manutenção deste espaço natural e
efectuaram-se vários estudos de viabilidade da Reserva. Todos
eles – Quercus-Associação Nacional de Conservação da Natureza,
Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza,
Departamento de Zoologia da Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto, entre outros - foram unânimes quanto à
necessidade de manter a Reserva Ornitológica de Mindelo. O
projecto urbanístico acabou por ser inviabilizado pela Comissão
de Coordenação da Região Norte e pela Secretaria de Estado do
Ambiente, tendo-se preparado a criação de uma Área de
Paisagem Protegida para o Mindelo. O Decreto-lei estava
redigido e pronto para aprovação em Conselho de Ministros. Mais
uma vez não se passou de intenções, voltando tudo à “estaca
zero”.
O processo acelerado de
urbanização referido foi potenciado pela abertura de novos
acessos ao Porto (IC1) e o aumento da zona industrial. A entrada
em funcionamento do Metro, a expansão em curso da zona
industrial (Lactogal, Globe Motors...), e a construção do maior
parque comercial, empresarial e de lazer do pais (Nassica), irão
fazer sentir a sua influência nos próximos anos de uma forma que
poderá ser arrasadora se não se tomarem as medidas de protecção
necessárias.
Património
natural
O que caracteriza melhor o
património natural da Reserva Ornitológica de Mindelo é o
mosaico valioso constituído por dunas, zonas húmidas, extensa
mata e campos agrícolas. Esta
diversidade de habitats permite albergar um grande conjunto de
espécies animais, constituindo um refúgio essencial para aves
migratórias e anfíbios.
As dunas localizadas junto
ao mar e cobertas de vegetação rasteira e arbustiva ocupam mais
de 100 hectares e possuem vegetação rara, existindo ainda
exemplares de dunas interiores arborizadas e alinhadas
paralelamente à costa, em formações conhecidas por
“fieiros”. Existe assim a
possibilidade única de reconstituição da estrutura completa
do ecossistema dunar.
As zonas húmidas,
constituídas pelas Ribeiras de Silvares e Varziela e as suas lagunas terminais, são
fundamentais para as aves e anfíbios, destacando-se ainda os
charcos temporários na zona dunar. No estuário do Rio Ave
existe ainda uma área de sapal.
As manchas florestais são
constituídas por pinheiros, carvalhos, sobreiros, castanheiros,
loureiros, amieiros, choupos e salgueiros, para além de muitas
outras dezenas de espécies, embora com grande número de exóticas
como o eucalipto. De salientar o bom estado das matas
ribeirinhas e das sebes dos campos agrícolas.
Como refere o Plano de Ordenamento
da Orla Costeira, provavelmente é esta diversidade de biótopos,
em conjunto com a sua localização e a relativa conservação das
dunas, que levam grande parte das aves migradoras, sobretudo
passeriformes, a procurar esta área
durante a sua passagem.
Na Reserva foi observado um
recorde de aves: cerca de 150 espécies de rolas e garças,
águias e galinhas d’água, borrelhos
e gaios, chapins e pica-paus, chascos e narcejas, rabirruivos e andorinhas,
cartaxos e alvéolas, abibes
e patos, maçaricos e cucos, corujas e mochos, poupas e pegas,
carriças e rouxinóis, piscos e tordos, pintassilgos
e escrevedeiras, etc., etc.
A destacar a nível nacional o
importante refúgio para os anfíbios, com a presença de 14
das 17 espécies de anfíbios de Portugal, onde se destacam as
presenças do tritão palmado (claramente o anfíbio mais raro em
Portugal), e das populações costeiras conhecidas mais a norte de
sapinho de verrugas verdes, sapo de unha negra e salamandra de
costelas salientes.
Na Reserva podem ainda ser
encontradas diferentes espécies de mamíferos, entre os
quais esquilos, coelhos, raposas, ouriços-cacheiros, vários
roedores e morcegos. E ainda répteis como o lagarto de
água.
Muitas destas espécies e habitats
estão ameaçadas e encontram-se, por isso, protegidas por
convenções internacionais e directivas europeias.
The Mindelo Ornithological
Reserve (ROM - "Reserva Ornitológica de Mindelo" in portuguese)
is located in the coastal zone of the North of Portugal,
municipality of Vila do Conde, 20 km from Oporto, occupying an area
of around 6 million m2.
In ROM we can find a mosaic of
two small coastal lagoons with water coming from Silvares and
Varziela streams, extensive dune areas, forest and agriculture
fields. It is an important place for migratory birds, with 153
species already identified. It is also a significant refuge
for amphibians (13 species) and reptiles.
It was legally created in 1957 in
order to protect resident and migratory birds, forest and dunes,
being the first area for nature conservation in Portugal. It is
also said to be the first Ornithological Reserve in Europe.
Santos Júnior, professor in the Faculty of Sciences of the
University of Oporto, proposed the creation of the reserve and
initiated the bird banding in Portugal with the help from
roleiros. Roleiros are considered turtle-doves catchers using
nets with traditional methods unique in the world. To be a
roleiro was considered a highly regarded social status until the
late 1960's. In the period 1953.1989 about 20 000 doves were
captured for ringing.
Therefore a traditional activity
of significant ethnographical value (dove hunting) was converted
in a scientific activity, being ROM created with the full
support of all the landowners.
In the last decades many areas
of the Reserve have been built for houses and industry, sand
dune vegetation was removed, waste was dumped, fires took
place and it suffered from coastal erosion. Bird banding has
stopped in 1989. But the natural value of the place still
remains. In the recent Coastal Zone Management Plan it was
considered almost the only place with significant natural
value in the region and "an important sactuary for wildlife;
to be protected at any cost".
ROM's ecological characteristics
and integration in Oporto urban area, makes it a priviledge
place for protection of endangered birds at the European level
and also for environmental education and tourism.
A Cache
Na criação desta cache foi
reciclado algum do lixo depositado ilegalmente no local. Tem
tamanho regular e encontra-se envolta num saco plástico
verde.
Conteúdo inicial da cache:
Logbook, stashnote, lapiseira, bola de golfe, dois balões e
amostra de perfume.
Além destes items, deixei na cache
alguns panfletos com informação turística sobre o concelho de
Vila do Conde, que devem retornar à cache depois de os
lerem.
Apesar do local da cache ser
relativamente liberto de muggles, verifiquei que há pessoas que
lá se deslocam para observar as aves utilizando binóculos, o que
me obrigou a ser bastante discreto quando a coloquei no terreno.
Portanto, olhem bem à vossa volta antes de fazerem a abordagem
final.
Para entrar na ROM têm duas
possibilidades, pelo norte através de Árvore ou pelo sul através
de Mindelo. Vejam os waypoints destas duas entradas em baixo e
as fotografias na galeria fotográfica.
Sugiro que estacione o carro junto
a estas entradas e prossiga a pé ou de bicicleta. Pessoalmente
gosto de fazer BTT nos diversos trilhos que existem na Reserva e
normalmente entro em Mindelo e vou até Árvore, ás vezes quando o
tempo o permite, aproveito para ir à praia dar um
mergulho.
Embora só seja permitido a
veículos agrícolas, há infelizmente algumas pessoas que utilizam
o seu veículo motorizado dentro da ROM. Deixo à consciência de
cada um a escolha.
Para manter a
surpresa, por favor não publique fotografias ou logs que possam
revelar a localização da cache.
The Cache
In the creation of this cache some
of the illegaly dumped garbage was recycled. It has regular size
and it's inside a green plastic bag.
Cache initial contents: Logbook,
stashnote, pencil, golf ball, two baloons and a perfume
sample.
Beside this i left some leaflets
with touristical information about Vila do Conde, you should put
it back inside after reading.
The cache site is relatively free
of muggles but while i was hidding it i saw some people spoting
birds with binoculars. So i advise that you should look around
before doing the final aproach.
To enter the Reserve you have two
options, by north through Árvore or by south through Mindelo.
See the below waypoints and the photos in the
gallery.
I suggest that you should park
your car near those waypoints and proceed on foot or by bicycle.
Personally i like to do MTB on the various dirt tracks of the
Reserve and weather permiting i head off to the nearby beach for
a swim.
In the Reserve the traffic is only
permited to agricultural vehicles, but as you will see there are
those that ignore this and use their motorised vehicles inside.
The choice is up to your conscience.
To keep the
surprise please don't publish photos or logs that might reveal
the cache location.