O castelo de Arraiolos foi mandado
edificar pelo rei D. Dinis, no início do século XIV, existindo
um documento coevo que nomeia o mestre João Simão, possível
arquitecto do monumento. Mas já em 1217, quando D. Afonso II
faz a doação da Herdade de Arraiolos ao primeiro bispo de
Évora após a Reconquista, D. Soeiro, é referida a autorização
régia para que aí se erga um castelo, no local onde existia um
castro proto-histórico (confirmado por vestígios
arqueológicos). No século seguinte, a escassa ocupação humana
da zona foi-se densificando, até levar à formação de um núcleo
de importância suficiente para justificar o investimento régio
num Paço e fortificação envolvente, aparentemente levantados
entre 1310 (ano da confirmação da carta de foral de Arraiolos)
e 1315. Para tal, fora firmado um contrato
entre o rei e o Alcaide, Juizes e Concelho locais, datado de
1305, determinando a construção de "207 braças de muro, de
três braças de alto e uma braça de largo; e a fazer no dito
muro dous portaes dárco com suas portas, e com dous cubellos
quadrados em cada uma porta". Embora não se conheça
notícia de edificações anteriores no local, à data das obras
dionisinas, é perfeitamente possível que estas se tenham
efectuado sobre construções existentes, com maior ou menor
aproveitamento das suas estruturas. Em 1371, o rei D.
Fernando determina que os moradores de fora, cada vez em maior
número, fossem privados do acesso à igreja e aos santos
sacramentos durante a noite, entre outras tentativas de fixar
os habitantes no interior da cerca, mas tal não chegou para
diminuir o progressivo despovoamento do local; a situação
foi agravada pela ocupação da cerca por tropas castelhanas, em
1384. Em 1387, D. João I doou o castelo ao Condestável D.
Nuno Álvares Pereira, segundo conde de Arraiolos, que aí
chegou a habitar (sobretudo entre 1415 e 1423). Foram
realizadas obras na fortificação em finais do século XV e
inícios do XVI, integrando novas construções no Paço, e
acrescentamentos como o coruchéu manuelino colocado na Torre
do Relógio. O castelo era ainda habitado em finais do
século XVI, mas por pouco tempo mais; em 1613, o estado de
ruína do conjunto era já denunciado pela Câmara local.
As Guerras da Restauração causaram
ainda mais degradação, apesar de algumas obras ordenadas por
D. João IV. Da barbacã, sabe-se que estava em ruína em meados
do século XVII, quando o Paço e a Torre de Menagem eram já
inabitáveis, tendo o terremoto de 1755 apenas acrescentado à
destruição geral.
O conjunto ergue-se no topo de um
monte de configuração curiosa, em cone regular e de encostas
suaves, dominando toda a vizinhança, também conhecido por Monte de
São Pedro, a Norte da actual vila de Arraiolos. A muralha é de
forma elíptica, acompanhando as curvas de nível do terreno. Era
rasgada por duas portas, uma a Sul (diante da qual se desenvolveu
todo o casario extra-muros), e outra a Noroeste, voltada para a
cidade de Santarém, e conhecida justamente por este nome. A
primeira porta, ou Porta da Barbacã, deveu por sua vez a designação
a uma destas estruturas, hoje desaparecida, erguida em murete ou
anteparo, que se levantava diante da entrada, para dificultar o
acesso à mesma. Cada porta tinha dois cubelos, que no caso da
Barbacã seriam aparentemente o torreão do relógio e a Torre de
Menagem. O Paço é constituído pela grande Torre de Menagem, de
planta quadrada, e dependências anexas, dentre as quais se destaca
a habitação principal. Embora a Torre ainda se apresente de forma
reconhecível, com sinais dos quatro pisos de origem, da casa nobre
restam apenas as paredes exteriores, rematadas nos ângulos por
torres (uma das quais a de menagem), e os vãos ogivais das
portas.
Não deixem de ler a descrição da
cache de Arraiolos (by Mantunes), já arquivada. Com
muita pena minha nunca a cheguei a conhecer, mas fiz parte do
percurso aquando da colocação desta cache. Não pretende ser uma
substituição, por isso não deve ser comparada. O tema é apenas o
Castelo. Boas cachadas.