Invocada pelos poveiros como protectora dos pescadores, Nossa Senhora da Conceição veio substituir, no primeiro quartel do século XVII, a primitiva dedicação da freguesia a Santa Maria de Varzim. Por sua vez, esta encontrava-se já autonomizada da paróquia de Argivai desde, pelo menos, a primeira metade do século XVI, e a sua primitiva ermida, românico-gótica, dedicada ao Apóstolo São Tiago, havia sido objecto de uma campanha de obras quinhentista (AMORIM, 2002, p. 137). O templo que hoje conhecemos foi inaugurado em 1757, e à sua edificação encontram-se ligados os nomes de importantes arquitectos, como é o caso de Manuel Fernandes da Silva. Natural de Braga, este mestre pedreiro foi responsável por intervenções arquitectónicas em edifícios tão significativos como o Hospital de São Marcos ou a Igreja e Nossa Senhora do Pópulo, em Braga. A obra da Póvoa de Varzim foi arrematada em 1742, sob projecto de Manuel Fernandes da Silva, lançando-se a primeira pedra a 18 de Fevereiro do ano seguinte. A sua morte, em 1751, levou à contratação de novos mestres pedreiros, a saber, Domingos da Costa, José Fernandes Lucas e João Moreira, que dirigiram as obras até à sua conclusão, embora todo o edifício estivesse já em fase adiantada (BRANDÃO, 1966, p. 119 e ROCHA, 1996, p. 154). A fachada, definida por pilastras, divide-se em três panos, correspondendo os dos extremos às torres sineiras que enquadram o corpo central. Aqui, abre-se o portal principal, encimado pelo brasão régio a que se sobrepõe um nicho flanqueado por aletas, que exibe a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Ladeiam-no duas janelas com frontões triangulares interrompidos. Após a cimalha, esta secção é rematada por um frontão de aletas, contracurvado, com cruz na empena. No interior, de nave única coberta por abóbada de berço, e com transepto pouco profundo, ganham especial relevância os nove altares de talha dourada, barroca e rococó, boa parte dos quais de invocação mariana. Na verdade, a iconografia do templo denota a unidade e a importância do culto da Virgem nesta localidade, pois são em grande número as imagens de Nossa Senhora. Também no retábulo-mor, de talha rococó, a tribuna é preenchida por uma tela representando a Imaculada. Para além do já referido Manuel Fernandes da Silva, outro artista bracarense parece estar ligado à matriz da Póvoa: André Soares, a quem Robert Smith atribuiu o risco dos retábulos (SMITH 1971, pp. 5-28). Uma referência ainda para José Rodrigues, também natural de Braga, que executou os sinos, em número de cinco, segundo contrato com data de 1753 (BRANDÃO, 1966, p. 120). A arquitectura barroca, onde já se percebe a emergência de uma linguagem de características rococó, impera neste amplo templo, que domina o largo onde se encontra implantado, marcando a vocação marítima da cidade e a protecção de Nossa Senhora às gentes do mar, em complementaridade com a capela existente na fortaleza (AMORIM, 2000, p. 138). (3) A talha dos altares da Igreja Matriz é riquíssima. O grande cientista Poveiro, Professor Dr. Flávio Gonçalves, classificou a talha dourada da Matriz da Póvoa como a “única jóia de apreço… no modesto património artístico” poveiro, tanto pela sua alta qualidade estética e técnica como pelo seu significado cronológico, tendo sido realizadas no início do estilo rocaille na zona de entre-Douro-e-Minho. (2)
|
Invoked as the protector of local fishermen, Nossa Senhora da Conceição replaced in the first quarter of the seventeenth century, the original dedication of the parish of Santa Maria de Varzim. In turn, this was already empower the parish of Argivai since at least the first half of the sixteenth century, and its primitive chapel, Romanesque-Gothic, dedicated to the Apostle St. James, had been a campaign works sixteenth (AMORIM, 2002, p. 137). The church we know today was opened in 1757, and its construction, are connected the names of important architects, such as Manuel da Silva Fernandes. Nature of Braga, the master mason was responsible for interventions in architectural significant buildings such as the Hospital of San Marcos or the Church and Our Lady of the popular, in Braga. The work of Póvoa de Varzim was sold in 1742, a project of Manuel Fernandes da Silva, is launching the first stone on 18 February of the following year. His death in 1751, led to the hiring of new master masons, namely Domingos da Costa, José Moreira and João Fernandes Lucas, who directed the works until their completion, although the entire building was already in an advanced stage (BRANDÃO, 1966, p. 119 and ROCHA, 1996, p. 154). The front, defined by pilasters, is divided into three panels, representing the extremes of the bell tower central governing body. Here, it opens the main entrance, surmounted by the royal coat that overlaps a niche flanked by fins, which displays the image of Holy Lady. Flank it with two windows. After the talon, this section is unmitigated by a pediment of fins, counter curved, with the cross gable. Inside, gain special importance of the nine gilt altars, baroque and rococo, much of which to Marian invocation. Indeed, the iconography of the temple shows the unity and importance of the cult of the Virgin in this town, as are many images of Holy Lady. Also in the main stage of carved rococo, the gallery is filled with a screen depicting the Immaculate. In addition to the above Manuel Fernandes da Silva, another artist bracarense seems to be connected to the array of people: André Soares, whom Robert Smith attributed the risk of altarpieces (SMITH 1971, pp. 5-28). A further reference to José Rodrigues, also a native of Braga, who ran the bells in number five, the second contract with date of 1753 (BRANDÃO, 1966, p. 120). The baroque architecture, which is already perceived the emergence of language features rococo, reigns in this broad church, which dominates the square where it is deployed, marking the maritime vocation of the city and protect the people of Holy Lady of the Sea, in complementarity with the existing chapel in the fortress (AMORIM, 2000, p. 138). (3) The carving of the altars of the Church is rich. The great investigator, from Póvoa, Professor Dr. Flávio Gonçalves, described the gilt of the Mother of Póvoa as the "jewel of only modest appreciation in the artistic heritage ..." local, both for its high quality aesthetics and technical significance as his time and was performed early in the style of the area between Douro-e-Minho. (2) |