No seu
interior podemos observar o tecto, corpo cilíndrico situado no eixo
do templo de planta centralizada com colunata sustentando um tambor
que liga ao tecto. Lateralmente existe um banco corrido em toda a
circunferência, interrompido apenas no altar-mor. Púlpito do século
XIX (1881) e estuque marmoriado da mesma época. No exterior, na
cave, existe pequeno cemitério.
Esta Ermida está ligada a tradicional festa
popular de São Mamede com a bênção do gado, a qual ainda se
realiza, anualmente no mês de Agosto.
Erguida no século XVI, a Capela de São Mamede
é um monumento raro, devido à sua surpreendente planta circular.
Está situada em Janas, uma pequena aldeia a cerca de 10 minutos de
Sintra.
No seu interior,
em posição central, destaca-se um pódio que em tempos terá sido um
altar romano dedicado a Diana, deusa da caça, o que estabelece um
paralelismo com o actual padroeiro, São Mamede, que é o protector
dos animais, e que explica a entrada livre destes até há bem pouco
tempo.
Os terrenos que
rodeiam a capela têm-se revelado fecundos em termos arqueológicos,
e são inúmeros os artefactos romanos ali encontrados.
Descrição:
O sítio de São
Mamede de Janas tem uma longa história de sacralidade, remontando
as suas origens, pelo menos, ao período de domínio romano, altura
em que aqui se terá edificado um primitivo templo. Dessa estrutura
restam ainda importantes vestígios junto aos contrafortes do actual
templo, mas a identificação nas proximidades de espólio
pré-histórico (FERREIRA, 1962, pp.340 e 363) pode fazer recuar
ainda mais a cronologia inicial de ocupação do local, assim se
confirme esta relação em futuras intervenções arqueológicas.
Os vestígios
romanos materiais são pouco relevantes e resumem-se a "restos duma
construção baixa, muito grosseira, também de planta circular e
constituída por pesados blocos de calcário ligados por argamassa e
dispostos de maneira a formarem dois degraus" (IDEM, p.337). No
entanto, existem bons argumentos que relacionam esse passado romano
com a planta circular do templo (que teria sido, assim, mantida na
construção da capela), com a estranha solução "de seis elegantes
colunas de fuste liso, de sabor clássico, que se ergue ao centro"
(IDEM, p.338) e, ainda, com o aparecimento de algumas sepulturas de
inumação nas imediações (IDEM, p.341). No século XIX, o Visconde de
Juromenha admitiu a hipótese de aqui ter existido um templo
dedicado a Janus (facto que explicaria também o topónimo Janas),
mas estudos posteriores sedimentaram a hipótese de se ter tratado
de um templo a Diana, pela natural continuidade de culto entre a
divindade pagã e o santo cristão (ambos protectores dos animais),
pela possível origem do topónimo Janas em Diana (com forma
intermédia em Jana, ou Iana) e pela circunstância de os templos
romanos dedicados a esta deusa serem de planta circular (IDEM).
Esta hipótese
de interpretação (que o autor prudentemente assim cataloga), não
foi, até ao momento, confirmada ou rejeitada, pelo facto de ainda
não se terem realizado escavações sistemáticas no local. Desta
forma, apenas sabemos que, antes da actual capela, existiu um outro
templo, cujos indícios materiais e conceptuais apontam para o
período romano. Também desconhecemos a evolução do sítio durante
toda a Idade Média, sendo certo que ele já existia em 1494, altura
em que se refere a ermida de São Mamede (MARQUES, 1939).
A actual
configuração data da época moderna, provavelmente de finais do
século XVI (como se menciona nos Tesouros Artísticos de Portugal,
1978, p.304), ou já do século XVII (como pretendeu CORREIA, 1914,
p.212). O carácter erudito da sua estrutura central, circular e
formada por colunas italianizantes de fuste liso e capitéis que
suportam um tambor que se ergue até ao tecto, fez com que alguns
autores sugerissem tratar-se de uma obra devida ao génio de
Francisco d'Ollanda, que sabemos ter andado por estas paragens.
Em volta do
tempietto, existe o corpo do templo, de planta circular, com banco
corrido a toda a volta, interrompido pela minúscula capela-mor,
cujo altar é ladeado por ex-votos animalistas. O púlpito, que
pretendeu copiar o tempietto, é de 1881. No exterior, sobressai o
alpendre (estrutura tão comum nos templos rurais do aro de Sintra),
que se adossa a metade da capela e ao qual se acede por duas
portas, e os três contrafortes que reforçam a parte mais baixa do
monumento.
A ermida é
ainda importante de um ponto de vista antropológico, uma vez que,
entre 15 e 17 de Agosto, aqui se realiza uma curiosa romaria de
pendor rural, que consiste na condução de gado em volta do templo.
A tradição impõe que se façam três voltas rituais no sentido
contrário ao dos ponteiros do relógio e, muitas vezes, os seus
donos depositam ex-votos no interior, acompanhados de ofertas como
trigo, cevada ou azeite (recebendo os animais, em troca, fitas de
cores que conservam durante o ano). Esta "troca" devocional
continua ainda a verificar-se nos dias de hoje, embora já sem a
amplitude de outros tempos, em que chegou a verificar-se a
afluência de manadas vindas de uma vasta região que ia de Cascais a
Torres Vedras.
PAF
(visit link)
Imóvel de Interesse Público (44075, DG 281, de 05-12-1961)
A cache:
O conteúdo
inicial da cache cilíndrica é composto por 2 Madeirenses que
estavam a caminho da praia no seu belo carro, mas como foram
por maus caminhs tiveram de ir de Tractor - TB, mas levaram
um Geocoin, para não se perderem foram tomando nota de tudo
com o lápis no seu logbook.
Notas:
As coordenadas
têm um Erro de Posição Estimado (EPE) de +/- 5 metros, devido a
fraca cobertura do sinal do GPS o meu tinha cobertura de 9
satélites. As coordenadas foram calculadas da média de 5
medidas.
Esperemos que gostem da nossa 1ª Cache, e que
aproveitem a serenidade do local.