O Programa de Aldeias
Históricas foi formulado pelo governo português em
1991. Nele se incluem núcleos urbanos com fundação anterior à nação
portuguesa e com grande importância histórica, normalmente situadas
em terras altas de modo a proporcionarem a defesa das
populações.
Em 2003, foram incluidas no programa mais duas povoações
medievais:
1. Belmonte
2. Trancoso
Trancoso

As origens do castelo de Trancoso remontam aos inícios da
castelologia nacional. A primeira referência conhecida data de 960,
e consta de um dos mais importantes documentos altimedievais
portugueses: a doação de D. Chamôa Rodrigues, ao Mosteiro de
Guimarães, de numerosas estruturas (militares e, eventualmente,
também civis) que detinha na Beira Interior. Por este documento, é
possível perceber que esta faixa de território esteve militarmente
organizada logo a partir dos inícios do século X, altura de grande
expansão da esfera civilizacional asturiano-leonesa. Dessa primeira
época, conserva-se uma torre, posteriormente adaptada a torre de
menagem do castelo. De planta quadrada, silhueta tronco-piramidal e
aparelho não-isódomo (ostentando os silhares ranhuras para
enquadrar as fiadas superiores), a torre possui uma porta rasgada
em arco em ferradura, elemento que confirma a sua cronologia
pré-românica.
A entrada da Beira Interior na
posse da coroa portuguesa, já no século XII, e a importância
estratégica desta zona face ao reino de Leão, levou a que muitos
castelos raianos fossem objecto de reforma e de actualização.
Trancoso não foi excepção, tanto mais tratando-se, nessa altura, de
uma das principais localidades da região, a par da Guarda e da
Covilhã.
A construção românica do castelo
dotou a antiga torre de uma cintura de muralhas e converteu-a em
torre de menagem. Já no século XIII esta cerca foi complementada
com vários torreões de planta rectangular. A estrutura irregular da
planta, que se adaptou às condicionantes do terreno, é outra
característica que podemos associar ao período românico, embora o
esquema oval do castelo possa datar já do reinado de D. Dinis. É
precisamente a este último reinado que se atribui a maior fase
construtiva desta fortaleza medieval, na sequência da consolidação
fronteiriça proporcionada pelo Tratado de Alcanices. A cerca
enquadrou totalmente o casario e as portas foram concebidas como
símbolos da autoridade régia e municipal. O interior das muralhas
foi, também, alvo de grande reformulação.
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porta da traição e torre