MALA-POSTA

A Mala-Posta surgiu em Portugal inserida no processo de extinção do Ofício do Correio-Mor, que durante cerca de dois séculos esteve na posse da família Gomes da Mata, passando a ser explorado pelo Estado em 1797.
Nessa altura, na maior parte dos países europeus, os correios a pé ou a cavalo tinham já dado lugar ao transporte em carruagem e abrangiam também o transporte de passageiros.
Foi José Mascarenhas Neto, ao ser nomeado para o cargo de Superintendente Geral dos Correios e Postas do Reino, que instituiu o serviço da Mala-Posta. São de sua autoria o «Methodo para construir as Estradas de Portugal» e as «Instruções para o estabelecimento das Diligências entre Lisboa e Coimbra». Este regulamento estabelecia, além das normas de conduta que envolviam pessoal e passageiros, os percursos, as paragens e respectivos horários, nas «Estalagens» e «Casas de Posta», que deveriam ser assinaladas com as Armas Reais.
Com António Fontes Pereira de Melo à frente do Ministério das Obras Públicas, a partir de 1852, operam-se grandes remodelações nos serviços de comunicações. É utilizado o método «Mac-Adam» na estrada Lisboa-Porto, são adquiridas novas carruagens francesas e novos cavalos. As estações de muda também sofrem alterações, passando a ter um estilo arquitectónico tipificado e a servir também para os viajantes cearem e pernoitarem.
Em 1859, a ligação entre Lisboa e Porto através das carreiras da Mala-Posta fazia-se em 34 horas e passava por 23 estações de muda.
Apesar do bom serviço que as diligências prestavam nessa altura, a sua extinção foi irreversível com o aparecimento do comboio, muito embora se mantivessem em actividade durante mais algum tempo, como atestam os «Manuais do Viajante» da época.

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Os percursos da Mala-Posta:
1º- De 1798 a 1804
- Mala-Posta de Lisboa a Coimbra
2º- De 1826 a 1831
- Mala-Posta de Vila Nova da Rainha às Caldas da Rainha: 1826 a 1827
- «Reais Diligências de Posta» entre Aldeia Galega e Badajoz: 1829 a 1831
3º- De 1852 a 1871
- Mala-Posta e Diligências entre Porto, Braga e Guimarães: 1852 a 1871
- Mala-Posta de Aldeia Galega a Badajoz: 1854 a 1863
- Mala-Posta de Lisboa ao Porto: 1855 a 1864
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Marco de cruzamento, Ota
Classificação - Imóvel de Interesse Público
O marco de cruzamento da Ota é um dos monumentos deste tipo que chegou aos nossos dias em melhor estado de conservação. Ele insere-se na ampla renovação da rede viária do antigo termo de Lisboa, realizada por patrocínio da rainha D. Maria I, e da qual chegaram até hoje alguns marcos de légua, a maior parte deles razoavelmente conservados e objecto de classificação por parte do Estado português.
A diferença em relação aos restantes é que o marco da Ota é, seguramente, um dos mais monumentais: a proporção mantém-se, mas o cuidado decorativo posto no produto final faz com que este monumento se diferencie de forma inequívoca. Desconhecem-se as razões que levaram a esta situação, mas é de presumir que o facto de se implantar num importante cruzamento de vias na região, bem como a circunstância de se localizar na estrada Lisboa - Coimbra (então em construção sob supervisão do Desembargador Mascarenhas Neto), tenha sido determinante para um mais cuidado acabamento.
Tipo: o marco compõe-se por três partes - base, fuste e coroamento, separados por molduras esquadriadas. A base é rectangular e saliente em relação ao fuste. Este apresenta quatro faces, sendo duas delas decoradas com inscrições: "A AUGUSTA RAINHA / D. MARIA I N. SNRA. / A MANDOU FAZER SEN / DO INSPECTOR DO TER / Rº. DE LXª E ESTRADAS / PÚBLICAS O ILLº E EXMº / CONDE DE VALLADA / RES NO ANNO DE 1788", na face maior, e "ESTRADA / QUE VEM / DE ALENQUER e SANTA / QUITÉRIA", na face posterior. Para além disso, o alçado principal integra um brasão real, testemunho do patrocínio régio da obra e da própria autoridade do Estado sobre a rede viária. Finalmente, o coroamento é em forma de globo sobre plinto quadrangular, revestido por friso de ornatos geométricos.
A Cache
Esta cache é de tamanho micro e por motivos de se preservar o património encontra-se afastada alguns metros do marco. Cuidado ao circular a pé pelo local com especial atenção às crianças.
Espero que gostem, que se divirtam e boas cachadas.