Março 1984
Apesar de ninguém na minha família acreditar, numa visita de fim de tarde à casa nova, vi um gato azul em cima do muro do fundo do quintal.
Tinha apenas 4 anos, mas nesse momento soube que a minha vida iria ser uma intensa e constante cruzada contra os poderes ocultos.
Novembro 1986
Na noite após a matança do porco, no monte da minha tia Maria, contavam-se histórias de "medos". Houve uma que me ficou na memória:
"Junto ao poço do Vale Grande, aparece em noites de lua nova, uma galinha preta acompanhada por 13 pintos pretos que andam em redor do poço sem parar e atacam os olhos de quem se aproximar."
Maio 1987 Num tardio regresso a casa, depois de uma tarde e noite passados em casa de uns amigos, um cão preto atravessa-se à frente do carro obrigado o meu pai a uma travagem brusca.
"Ainda bem que não é véspera de Todos os Santos!"
As palavras do meu pai ficaram gravadas e fizeram com que a minha insistência em ouvir a historia me valesse umas cacetadas, mas acabei por conseguir a lenda:
"Junto à eira da Fontinha aparece um cão preto na véspera de Todos os Santos. Depois percorre toda a estrada que leva ao Outeiro Ruivo onde desaparece sem deixar rasto. Quem o vê fica com 7 anos de azar."
Setembro 1989
Numa tarde enquanto acompanhava o meu pai à caça na zona da Quinta Parda, passámos junto de um vértice geodésico onde o meu pai me contou uma história:
"Na gurita do Loisal, em certas noites de temporal, aparece uma velha vestida de preto com um gato preto ao colo. Nunca ninguém a alcança sem que desapareça, contudo as pegadas ficam marcadas no lamaçal."
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