Origens
Nascido na então Lourenço
Marques, hoje Maputo, capital da colónia portuguesa de Moçambique,
ficou conhecido como Pantera Negra. Eusébio, como normalmente é
conhecido, é descendente de pai natural de Malange, província
angolana situada no norte daquele país.
Desde cedo, Eusébio mostrou uma ligação muito forte ao chamado
"desporto-rei", tendo mesmo entrado numa pequena equipa de bairro
criada para as crianças se divertirem e passarem o tempo com uma
ocupação útil. A equipa chamava-se "Os Brasileiros", em honra dos
heróis das crianças, que actuavam na selecção "canarinha". A
admiração pelos craques era tal que as crianças adoptaram como
alcunhas, os nomes pelos quais eram conhecidos os internacionais da
selecção sul-americana. No que toca a Eusébio, adoptou o nome de
"Didi". Para muitos, Didi foi o grande craque da selecção
brasileira "pré-Pelé", e jogava no meio-campo, essencialmente com
uma função de criador de jogo.
Mais tarde, Eusébio procurou inscrever-se no clube "O
Desportivo", mas não foi aceite. A vontade de jogar futebol falou
mais alto do que o clubismo, por isso, dirigiu-se ao Sporting de
Lourenço Marques. Tendo sido aceite nesta filial moçambicana do
clube leonino de Lisboa, Eusébio jogou de leão ao peito até à sua
ida para Portugal. O negócio da transferência do menino de 18 anos
ficou mais tarde marcado pela polémica, devido à luta que houve
entre os dois rivais de Lisboa para conseguir o passe do rapaz. No
entanto, o Sport Lisboa e Benfica ofereceu mais por um contrato, e
Eusébio rumou à Luz. Corria o ano de 1960. Logo na primeira época
de camisola vermelha vestida, o "Pantera Negra" ajudou o Benfica a
conquistar a sua segunda Taça dos Campeões Europeus
consecutiva.
Eusébio e o Sport Lisboa e Benfica
Foi pouco antes do Natal de 1960 que chegou a
Lisboa depois de ter assinado um contrato de 350 contos com o
Benfica. Estreou-se no Estádio da Luz a 23 de Maio de 1961, num
jogo amigável contra o Atlético em que marcou 3 dos quatro golos do
Benfica. As peripécias que se sucederam desde a sua chegada
atrasaram a assinatura do contrato, o que iria impedir de estar
presente em Berna, na noite do primeiro triunfo europeu do Benfica.
A sua fama internacional vem do jogo da segunda final europeia do
Benfica em 1962, contra o Real Madrid. Não só marcou dois golos
como fez uma exibição de luxo com as características que o iriam
tornar famoso: a velocidade estonteante e o remate fortíssimo. o
France Footbal considera-o já ,nesse ano, o segundo melhor jogador
do mundo. Os convites para jogar no estrangeiro obviamente
surgiram. A Juventus oferece-lhe 16.000 contos, em 1964, numa
altura em que ganhava 300 contos no Benfica. A tentação era tão
grande que o governo de então o envia para a tropa, não permitindo
que se venda um tesouro nacional deste tamanho.
O Benfica acabaria por lhe aumentar o salário para 4.000 contos.
No Mundial de 1966 em Inglaterra, torna-se definitivamente uma
estrela mundial, um digno rival de Pelé. O epíteto de "Pantera
Negra" vai correr o mundo. A facilidade em marcar golos torna-o no
melhor marcador do mundial com 9 golos, ajudando a levar Portugal
ao terceiro lugar. Após o mundial, os italianos fazem uma nova
oferta a Eusébio: 90.000 contos… Quando parecia que desta vez nem o
governo poderia impedi-lo de aceitar, surge a notícia que os clubes
italianos deixam de poder contratar jogadores estrangeiros.
A carreira de Eusébio foi recheada de lesóes, tendo sido operado
seis vezes ao joelho esquerdo e uma ao direito. Nunca deixou de
jogar, mesmo em condições dolorosas, até porque sabia que o Benfica
dependia muito dele e que os espectadores não aceitariam bem a sua
ausência. Realizaram-lhe uma festa de despedida, em Setembro de
1973, mas continuou ainda a jogar até 1979. Em 1975, aventurou-se
nos EUA , mas ao fim de 5 meses estava de volta a Portugal. Jogou
ainda pelo Beira-Mar e pelo União de Tomar. Foi 1 vez campeão
europeu e 3 vezes finalista europeu, ganhou 11 campeonatos
nacionais e 5 taças de Portugal, recebeu 7 vezes a Bola de Prata,
como melhor marcador do campeonato nacional e duas vezes a bota de
ouro como melhor marcador europeu. Em toda a carreira marcou 733
golos em 745 jogos, de referir, que ao contrário de outros
jogadores de fama internacional, Eusébio não contabilizou os golos
realizados nas categorias de base, também de salientar, que, os
golos marcados antes de Eusébio se transferir para o Sport Lisboa e
Benfica, não estão contabilizados, o que significa que oficialmente
para efeitos estatísticos a carreira de Eusébio, apenas começa após
a sua transferência para o Sport Lisboa e Benfica, facto esse que
prejudica a contagem oficial dos golos marcados pelo jogador.
Selecção Portuguesa
Estreou-se então na selecção portuguesa a 8 de
Outubro de 1961. Em 1966, vestindo a camisola das quinas, foi um
dos principais protagonistas do Campeonato do Mundo jogado em
Inglaterra. Com uma prestação fenomenal, Eusébio foi uma das
principais armas portuguesas para uma das melhores campanhas
internacionais de sempre. Logo no primeiro Mundial, Portugal chegou
aos quartos-de-final, deixando pelo caminho equipas como a da
Coreia do Norte (a grande surpresa do torneio, logo depois de
Portugal), Hungria (do grande Puskas) e Brasil (um dos principais
favoritos, sendo que de entre uma equipa genial se destacava o
número 10, Pelé). Portugal acabou por sair derrotado contra a
equipa da casa, num jogo que ficou conhecido pelo "Jogo das
Lágrimas", e que ficou marcado por contestações à organização do
torneio. A marca de Eusébio no Mundial de 66 chegou ainda à lista
dos melhores marcadores de golos, tendo ficado no topo da lista
como o maior goleador da prova.
Eusébio obteve a sua última internacionalização a 13 de Outubro
de 1973. Em Outubro de 1963 foi seleccionado para representar a
equipa da FIFA no festival das "Bodas de Oiro" da "Football
Association", no Estádio de Wembley.
Final de carreira
Já em final de carreira, Eusébio teve passagens
rápidas e menos brilhantes por equipas menores, nomeadamente o
Beira-Mar e duas equipas norte-americanas. Terminou a carreira em
1979, e actualmente faz parte da comitiva técnica da Selecção
Nacional Portuguesa.
Titulos
Bicampeão europeu de clubes, Taça dos Campeões
Europeus: 1961, 1962;
Campeonatos nacionais: 60/61, 62/63, 63/64, 64/65, 66/67, 67/68,
68/69, 70/71, 71/72, 72/73 e 74/75;
Taça de Portugal: 61/62, 63/64, 68/69, 69/70 e 71/72;
Campeão da Taça de Honra: 1963, 1965, 1968, 1973 e 1975
Liga Norte-Americana: 1976
Liga Mexicana: 1976
Vice-campeão europeu: 62/63, 64/65 e 67/68
Venceu por duas vezes (1967/68, com 43 golos, e 1972/73, com 40
golos) a Bota de Ouro, troféu atribuído ao melhor marcador
europeu.
Prémio de melhor jogador da Europa, Ballon d'or, em
1966.