Multi-Cruzeiros Multi-cache
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Difficulty:
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Terrain:
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Size:
 (small)
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Esta cache tem como objectivo dar a conhecer os cruzeiros que
existem na zona de São Julião. A coordenada final vai conduzir-vos
a um local pouco conhecido.
Esperamos que gostem!
As coordenadas iniciais indicam para o ponto C. No entanto, poderão
iniciar a cache a partir de qualquer um dos três pontos.
Devido à natureza desta cache e ao seu objectivo, por favor não
divulguem por post ou por fotos dicas muito óbvias da localização
final da mesma.
Obrigado.
Multi-Cruzeiros
São Julião, o santo que deu origem ao nome desta terra viveu no
século III, em Antioquia ou em Antinoe, fazia parte de uma família
cristã, que desejava vê-lo casado com uma jovem, também devota de
Cristo, chamada Basilissa. Julião nunca tinha contado aos pais que
fizera o voto de castidade, mas para respeitar os desejos destes
contraiu matrimónio aos 18 anos. Depois de casado, Julião conversou
com a esposa e ambos fizeram um pacto de consagração a Deus, para
se dedicarem à Igreja, o que fez com que a sua união carnal nunca
chegasse a acontecer. Só depois da morte dos seus pais é que
puderam viver as suas vidas espirituais em plenitude. Com os bens
que cada um herdou, fundaram dois mosteiros: Julião o masculino e
Basilissa o feminino. Estes mosteiros funcionavam também como
hospitais, para atendimento dos mais necessitados, e o feminino
dedicava-se especialmente a doentes de lepra. Na época, o
Cristianismo atravessava um período muito difícil devido às
perseguições impostas em todo o Império Romano por Dioclesiano e
Maximiano, mas Julião, destemido, dava abrigo no seu mosteiro a
todos os cristãos que procuravam refugio. No entanto, foi
denunciado e viu muitos dos seus protegidos serem condenados à
morte, tal como lhe aconteceu a si próprio após a recusa de adorar
ídolos pagãos e renegar a fé cristã. Julião foi martirizado durante
um longo período, com diversas torturas e sofrimento, mas foi
também graças a ele que aconteceram vários prodígios. A 9 de
Janeiro do ano 302 Julião foi assassinado, tendo sido poupada a sua
esposa, que continuou a cuidar dos seus doentes, tendo vir a
falecer a 18 de Novembro de 304. A Basilissa ficaram também a
dever-se alguns milagres de cura.
Os cruzeiros são muito frequentes no nosso país, tal como na
Galiza, Irlanda e Inglaterra. São cruzes geralmente em pedra,
colocadas sobre plataformas com alguns degraus. Regra geral são
colocados nos adros das igrejas, cemitérios, lugares elevados ou
encruzilhadas de caminhos. Muitos deles também podem fazer parte de
vias-sacras.
O primeiro cruzeiro (ponto C) é dedicado a Nossa Senhora da Lapa,
apresenta painel de azulejos de figura avulsa, monocromáticos azuis
em fundo branco, do século XVIII, com uma inscrição, em mau estado
de conservação. O cruzeiro encontra-se assente num supedâneo de
seis degraus e é encimado por uma cruz boleada.
Existem duas versões da lenda de Nossa Senhora da Lapa. A primeira
remonta a meados do ano 982, quando o general mouro Al-Mansur
atacou o Convento de Sismiro, martirizando parte das religiosas. As
que conseguiram fugir, recolheram-se numa gruta, tendo levado com
elas, na altura da fuga, uma imagem de Nossa Senhora da Lapa.
Durante cerca de cinco séculos a imagem ficou na gruta, até ao ano
de 1498, quando uma pastora, ainda jovem, de nome Joana, muda de
nascença, a ter encontrado na gruta, durante o pastoreio das suas
ovelhas. Mas julgando tratar-se de uma boneca guardou-a no cesto da
sua merenda, tirando-a de vez em quando para a enfeitar com flores
e ajeitando-lhe as vestes. Ao voltar para casa, a mãe num ataque de
ira agarrou na imagem e deitou-a na lareira. Perante esta atitude
da mãe Joana gritou: “Não! Minha mãe! É Nossa Senhora! O que
fez?”.
No exacto momento em que a menina falou o braço da mãe ficou
paralisado e a imagem não chegou a ser queimada. Mãe e filha
começaram a rezar e o braço ficou curado. Reconhecendo a santidade
da imagem a comunidade construiu uma capela para abrigá-la. Várias
vezes tentaram levar a Santa para a Igreja Paroquial, mas ele
desaparecia sempre de forma misteriosa e voltava para a capela.
A segunda versão da história de Nossa Senhora da Lapa relata o
episódio de uma menina, pastora, que enquanto pastoreava o seu
rebanho, entretinha-se a fiar lã. Um dia apareceu um enorme
lagarto. Para se defender do animal, atirou-lhe novelos de lã para
a boca, tendo este ficado “empanturrado”, assim levou-o para casa
pela ponta de um fio de lã, onde foi morto e empalhado. É por isso
comum verem-se representações da santa com um lagarto ou crocodilo
aos pés.
O segundo cruzeiro (ponto A), datado do século XVIII, encontra-se
num local isolado de onde podemos desfrutar de uma bela vista sobre
o mar. De características mais simples que o anterior, trata-se de
uma cruz latina, apoiada em supedâneo de três degraus, apresentando
base almofadada. Nesta cruz estão representados símbolos
iconográficos da Paixão de Cristo e encontram-se lateralmente
azulejos de figura avulsa, monocromáticos azuis em fundo branco,
muito degradados, que não permitem uma leitura do tema. Nos braços
da cruz encontra-se duas setas, possivelmente serão uma
representação dos cravos que pregaram Jesus e, ao meio, a coroa de
espinhos que colocaram em Cristo quando ele caminhava em direcção
do Monte Gólgota, para mostrarem que se tratava do “Rei dos
Judeus”. Sobre esta coroa uma inscrição: INRI. No corpo da cruz,
encontra-se, de cima para baixo um jarro e um cálice,
hipoteticamente uma referência à Última Ceia de Cristo, poderá
simbolizar o jarro com o vinho e o cálice sagrado, que Jesus
ofereceu aos Discípulos com o seu “sangue”. Logo abaixo o martelo e
um dos cravos com que pregaram as mãos e nos pés de Jesus. De
seguida encontramos a escada com a qual baixaram o corpo de Cristo
após a morte, sobre a qual se encontram duas lanças cruzadas,
poderão simbolizar a lança com que espetaram Jesus e a cana com a
esponja com que lhe deram fel e vinagre em vez de água ou
simplesmente duas lanças. A turquês com que retiraram os cravos
surge nesta sequência, e por fim o crânio, alusão à fragilidade da
vida perante a morte e o carácter finito do Homem.
O último cruzeiro (ponto B), conhecido na zona como Cruzeiro da
Burra, é formado por uma coluna facetada de quatro faces, encimada
por cruz latina, com painel de azulejo figurativo, policromo, com
inscrição, que relata um acontecimento sucedido no século XIX com
uma menina, filha de um habitante local, que foi arrastada por uma
burra desde a Baleia até ao sitio onde foi colocado o cruzeiro.
Deverão anotar o ano que consta nos três cruzeiros a visitar.
Ponto A - Cruzeiro de Valbom
N 38 56.096
W 009 24.914
Ponto B - Cruzeiro dedicado à lenda da burra
N 38 56.024
W 009 24.392
Ponto C - Cruzeiro dedicado à N.ª Sr.ª da Lapa
N 38 56.144
W 009 23.830
Para encontrar a cache final, deverão efectuar a seguinte
conta:
N38º 55.944 -> últimos cinco dígitos + ano que estava no ponto B
- ano que estava no ponto A
W 009º 25.301 -> últimos cinco dígitos + ano que estava no ponto
C - ano que estava no ponto B
A cache é dedicada ao local que fica sensivelmente a 60M para N do
GZ. Chegando ao local, perceberão!
Por favor, não postem fotos deste ponto nem de perto do GZ, assim a
multi perdia um pouco a "graça".
Foto do Anjo retirada do website do Núcleo de Pesquisa de Memória e
imaginário
Foto da N.ª Sr.ª da Lapa retirada do website da Escola
Freixinho
Additional Hints
(No hints available.)