Foi num terreno de pronunciado declive que o cónego D. Jerónimo de Távora e Noronha, mandou erguer o conhecido "Palácio do Freixo", legado a seu irmão mais novo, o cavaleiro de Malta, Vicente Távora e Noronha. Senhor de grandes riquezas localizadas na província de Entre Douro e Minho e herdeiro do abastado deão da Sé do Porto, D. João Freire, graças aos bens acumulados por uma representante da família dos Cernaches, Jerónimo de Távora terá, no entender do investigador Robert Smith, escolhido o conhecido arquitecto toscano Nicolau Nasoni (1691-1773) para projectar a sua edificação.
Esta preferência não fora, aliás, inusitada, pois o artista italiano viera para o Porto em 1725, precisamente, graças à sua iniciativa, motivado que estaria com os dotes que demonstrava ao nível da pintura decorativa. Apesar disso, acabaria por influenciar de forma determinante a arquitectura barroca do Norte de Portugal e, em particular, da cidade do Porto, onde o Palácio do Freixo ocupa um lugar de eleição, pelo esforço envidado pelo autor em conceder a um dos seus principais mecenas uma verdadeira simbiose das suas capacidades arquitectónicas e decorativas.
Anos depois, já em meados do século XIX, um dos seus descendentes, Jorge António Salter de Mendonça (1804-1872), 2.º Visconde de Azurara, vendeu o palácio e a quinta ao conhecido negociante portuense, enriquecido em terras do Brasil, e futuro Barão e Visconde do Freixo, António Afonso Velado, que, além de estabelecer uma fábrica de sabão junto ao complexo habitacional, fez substituir as antigas pedras de armas dos Távoras pelo escudo partido de Afonso e Cunha, ao mesmo tempo que ordenava o restauro do interior do edifício, que resultaria num desmedido desvirtuamento do seu carácter primevo. Além disso, conferiu-lhe um ambiente excessivamente modernizado, derivado dos movimentos revivalistas então vivenciados, bem patente, aliás, nos salões árabe e chinês, riscados ao gosto da época.
Já no século XX, o Palácio foi adquirido por um industrial, que instalou uma fábrica de moagem nos jardins, à qual acrescentou, em meados da década de cinquenta, um silo com cerca de quarenta e cinco metros de altura, enquanto a parte administrativa da "Companhia Moagem Harmonia" funcionava no palácio, propriamente dito.
O projecto de Nasoni foi claramente influenciado pelas características do terreno onde deveria erguer-se toda a Quinta., bastante limitado, quando comparado com a área disponível nas Quintas da Prelada e do Chantre, também da sua composição. Terá optado, por isso, por construir o Palácio no centro do jardim e do terreiro que o contornam. Implantada numa plataforma que se alonga entre o monte dividido em diversos jardins e um outro terreiro, transpõe-se a Quinta através de um portão trasladado, em 1924, para uma propriedade situada nas imediações de Ponte de Lima, onde ainda se distinguem os primitivos elementos heráldicos insertos numa gramática decorativa típica deste período da História da Arte.
Transpondo o portão, entra-se no belvedere do jardim, elemento essencial na arquitectura dos jardins barrocos italianos, aqui disposto em hemiciclo ladeado por dois pequenos pavilhões, também eles realçados pela exuberância decorativa emblemática do Rocaille. De planta quadrangular com torreões ligeiramente salientes nas extremidades e telhados piramidais circundados por coruchéus de menores dimensões, o palácio é largamente decorado no exterior por escadarias de lanços opostos e terraços dispostos em cotas diferenciadas, num exercício de permanente dinamismo, reforçado pela unicidade do traçado de cada alçado, tal como os próprios patamares da varanda da fachada Sul, voltada para o rio, e de igual modo profusamente ornamentada.
Entretanto, o Palácio foi objecto de uma abrangente campanha de recuperação delineada pelo Arq. Fernando Távora, executada no âmbito do projecto Metropólis.
Fonte: IPPAR
Actualmente, o espaço encontra-se transformado numa Pousada.
Pode visitar o interior do Palácio, basta pedir no segurança ou na recepção. Aconselho vivamente.
A cache encontra-se no jardim superior, onde podem desfrutar de uma bela vista.