História de Quadrazais
Quadrazais é uma aldeia raiana que fica
no planalto do Sabugal, no sopé das Serras da Malcata e Mesas ,
junto às margens do rio Côa . O carácter montanhoso do relevo da
região aliado à pobreza do solo e à dureza do clima fazem desta
terra uma terra "dura", bastante isolada de outro qualquer núcleo
populacional. Todos estes factores físicos e climáticos se coadunam
e ajudam a compreender os costumes dos primeiros povos que aqui
habitaram.
As primeiras comunidades eram tribais e viviam da
agricultura, mas sobretudo da pastorícia. Dos vários povos que
habitaram a região de Riba-Côa, destacam-se os Vetónios e Austeres.
Por volta do ano de 550 a.c., chegam os Túrdulos, vindos do zona a
norte do rio Tejo, e passaram a ocupar terras além Côa. Este povo
não foi, no entanto, capaz de criar uma civilização ou de povoar
densamente esta área ; e, portanto, ainda no século VI a.c. ,
chegam até estas terras Fenícios, Gregos e Celtas.
Estes últimos foram os principais responsáveis pelo
povoamento da região até à data de início da romanização.
Estando a decorrer o período de ocupação romana, os
povos indígenas resistiram até cerca de 138 a.c. , altura em que se
registou um definitivo domínio romano na região; desse altura datam
várias pontes, sobre o rio Côa, existentes ainda hoje no concelho
do Sabugal.Dos séculos seguintes, incluindo o período da Invasão
Árabe e o da Reconquista Cristã não há dados que forneçam
informações relevantes acerca dos costumes dos povos que aqui
habitavam.Crê-se, contudo, que por volta do século XII a região se
encontrasse quase deserta. Durante os séculos XII e XIII é então
feito um repovoamento da região, por ordem do rei de Leão, que,
mesmo não possuindo soberania sobre a região, oferecia terras a
quem as povoasse. Os colonos eram maioritariamente galegos.
Esta língua de terra, entre os rios Côa e Águeda,
encontrava-se no meio da luta entre Portugal e Espanha, e só em
1297 com o Tratado de Alcanizes é definitiva a incorporação destas
Terras no reino de Portugal (embora já tivesse sido pertença
de D. Afonso Henriques em 1174 e dominada por Portugal em 1130).
D.Dinis, vendo a política de repovoamento castelhano e
o não cumprimento do Tratado, tomou todos aqueles lugares pela
força (datam desta altura obras de reconstrução no castelo de
Sabugal). Nesta zona fronteiriça, desde o século XIII
que os povos caminhavam para lá e para cá das fronteiras,
trabalhando e trocando bens e produtos agrícolas.
Tratando-se de uma zona afastada da Capital, fora da área de
alcance do exército português, esta área era acossada pelas
pilhagens e incêndios que os Castelhanos praticavam com frequência.
Em 1651, os Espanhóis sofrem uma grande derrota em
Quadrazais; vêem mesmo os quadrazenhos tomar os Castelos de Eljas e
ValVerde del Fresno e a povoação de Xalma. Estas
constantes guerrilhas e desrespeito das fronteiras dura até ao
século XIX com a assinatura do Convénio entre Portugal e Espanha em
1864, só a partir de então os dois povos viveram em paz nesta
região Transcudana.
O
PARQUE O RIO
Gíria Quadrazenha e
Contrabando
Ao
falar de Quadrazais, falamos também do Contrabando e claro da
Gíria.
O
contrabandista, que pela calada da noite, passava mercadoria por
essas serras, montes e penedias, fugindo à guarda fiscal,
desapareceu. Com ele foi, lentamente, sendo esquecida a gíria
quadrazenha.
A gíria quadrazenha é um calão contrabandista , isto é, uma
linguagem específica usada e desenvolvida por uma população ao
longo das décadas de acordo com as suas necessidades. Certamente, a
Gíria surgiu a par do contrabando. Como o contrabandista era um
homem que palmilhava o país, de norte a sul, e passava ainda além
fronteiras, as origens de algumas palavras da Gíria são muito
variadas. A essência da Gíria Quadrazenha era comunicar numa
linguagem apenas dominada pelos contrabandistas.
Deste modo os Quadrazenhos podiam falar, combinar idas a Espanha,
vendas de mercadoria, mesmo na presença dos guardas (fachos), sem
serem compreendidos. Um dos primeiros registos históricos da
utilização da Gíria foi no reinado de D.Pedro IV, quando se mandou
formar um cordão de guardas à volta das aldeias raianas (Quadrazais
e Vale de Espinho) de modo a evitar que os Contrabandistas pudessem
trazer consigo a peste de Espanha.
O Contrabando e o uso corrente da Gíria duraram até aos
anos 60. A partir da época da emigração o contrabando cessou e a
Gíria entrou em desuso, sendo apenas relembrada e conhecida pelos
mais velhos.
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