Com pouco mais de mil habitantes, São Jacinto é uma das 14
freguesias do Concelho de Aveiro. Situando-se na ponta Sul de uma
“língua” de terra que se desenvolve entre a Ria de
Aveiro e o Atlântico, ficou votada, desde sempre, a um isolamento
geográfico que dificulta o seu desenvolvimento.
São Jacinto conheceu a sua maior expansão com o auge da pesca
longínqua do bacalhau, onde nestas terras era realizada a seca do
“fiel amigo” e com a instalação, por volta de 1940, dos
Estaleiros Navais de São Jacinto, única industria aqui sedeada e
que chegou a empregar mais de meio milhar de pessoas.
Posteriormente, a Base Aérea, de grande importância a partir de
meados do século passado, contribuiu também para o desenvolvimento
desta população, sendo igualmente um dos principais
empregadores.
Mas a seca do bacalhau foi progressivamente deixando de ser
feita por estas bandas e os Estaleiros já não existem, obrigando as
suas gentes a procurarem sustento em outras áreas de actividade.
Actualmente, São Jacinto, vive do (pouco) turismo que a sua praia
oferece e das visitas à Reserva Natural. Os que não abraçaram as
artes da pesca e da agricultura tiveram que procurar emprego do
outro lado da Ria, em Aveiro.
Para chegar a São Jacinto, existem duas alternativas. Por via
terrestre, pela única estrada existente, a E.N. 327, que a liga à
Torreira (Murtosa) e a Ovar. Por esta via, Aveiro fica a cerca de
50 kms. A outra alternativa, a mais usada pela população local que
se desloca para Aveiro, é o barco, que liga a freguesia ao Forte da
Barra. Fazem diariamente a travessia, uma lancha, que transporta
apenas passageiros e um ferry-boat, que transporta pessoas e
veículos. [ver
horários]
Reserva Natural das Dunas de São Jacinto
O “tesouro” natural da freguesia é a Reserva Natural
das Dunas de São Jacinto, que abrange uma área aproximada de 960ha,
dos quais 210ha correspondem à área marítima. A Reserva está
integrada na Zona Especial de Protecção da Ria de Aveiro,
importante área para a protecção das aves marinhas.
A reserva foi criada em 1979 com o principal objectivo de
proteger o sistema dunar e a sua flora e fauna. As dunas são
estruturas bastante frágeis; como tal, faz todo o sentido
salvaguardá-las para impedir o avanço do mar e proteger a
biodiversidade nela existente, apesar de em 1979, aquando da sua
classificação, a população de garças existente no local ter pesado
para a tomada de decisão.
Base Militar
Falar de São Jacinto significa falar também da presença militar
neste local. Embora sem a importância que lhe era conferida noutros
tempos o Quartel Militar ainda marca presença e é provavelmente o
único caso no país, de uma estrutura militar que passou pelos 3
ramos das forças armadas.
Surgiu em 1918 como base de apoio aos hidroaviões franceses que
operavam em Portugal, na detecção de submarinos alemães. Permaneceu
até 1952 na dependência da Armada e foi aqui que funcionou também a
Escola de Aviação Naval Almirante Gago Coutinho até essa data.
Com a criação da Força Aérea Portuguesa, as instalações mudaram
de “mãos” e passou-se a designar de Base Aérea, tendo
desde então assumido uma importância crescente com o passar dos
tempos e com o aproximar da Guerra Colonial.
Depois desta, a Base Militar passou a albergar o Corpo de Tropas
Paraquedistas, que se foi mantendo, apesar da mudança de ramo, da
Força Aérea para o Exercito, ocorrida em 1994.
Esta unidade militar foi ainda responsável pelo aprontamento de
forças para várias operações de manutenção de paz, entre elas, a
Bósnia, Kosovo e Timor.
Desde 2006, a Área Militar de São Jacinto passou a designar-se
por Regimento de Infantaria Nº10, designação esta que já pertenceu
a outras unidades militares sedeadas em Aveiro.