A primeira referência a este lugar é feita a 7 de Junho de 1535
ainda como um Casal com casas baixas e um moinho. É referida na
Corografia Portuguesa em 1712 pelo P. António Carvalho da Costa a
existência de “huma grande Quinta, que chamão o Jardim, com
huma Ermida de S. João Bautista”. Esta capela foi instituída
por Martim Lourenço da Cunha sendo seu administrador por volta de
1735, Bernardo de Lemos Pereira de Lacerda.
Foi herdeiro da Quinta do Jardim Manuel António Godinho da Gama,
nomeado por D. José I num decreto de 1 de Agosto de 1764,
Capitão-Mor da Vila de Oeiras e Freguesias a ela anexas; era também
Cavaleiro professo da Ordem de Cristo. Casou-se com Mariana Clara
Ludovice em 1777. E é assim, por via feminina, que a Quinta do
Jardim entra para a família Ludovice. Mariana Clara é neta do
famoso arquitecto João Frederico Ludovice (1673-1752). Oriundo de
Honhardt, na Alemanha que veio a Portugal em 1700, sendo
responsável por numerosas e importantes obras. É de referir para
além do sumptuoso Convento de Mafra, a capela-mor da Sé de Évora, o
claustro do Convento de S. Vicente de Fora, a capela-mor da Igreja
de S. Domingos, a biblioteca e a torre da Universidade de Coimbra,
a casa da Quinta da Alfarrobeira que foi sua residência e o palácio
Ludovice na Rua de S. Pedro de Alcântara, ao cimo da Calçada da
Glória, hoje chamado Solar do Vinho do Porto.
Dos seus trabalhos em ourivesaria são conhecidos o Sacrário de
Prata da Igreja de Santo Antão, a Custódia para a Capela da
Bemposta, o frontal e a banqueta de prata do Convento do Carmo, o
conjunto das Peanhas da Sé de Coimbra e as alfaias para a Capela
Real do Paço da Ribeira.
Após o terramoto de 1755, a casa da Quinta do Jardim ficou
praticamente demolida e inabitável. Tudo leva a crer que Mariana
Clara tenha pedido ao seu tio, também ele arquitecto, José Joaquim
Ludovice (1731-1803), filho de João Frederico Ludovice para a
reconstrução da casa. Esta forte suposição baseia-se no inteligente
traçado da planta da casa, envolvendo a capela que se encontra na
fachada principal como se verifica na construção da casa da Quinta
da Alfarrobeira em Benfica.
É inegável a semelhança arquitectónica entre estes dois
solares.
Trata-se de uma propriedade constituída por um edifício de tipo
solar, particularmente distinto pela sobriedade das suas linhas. A
fachada é de grande simplicidade, revelando mesmo assim grande
carácter. Todo o esforço arquitectónico e decorativo se concentra
na fachada. Esta é articulada com pilastras lisas e pouco salientes
que a divide em três secções, sendo uma destas, aberta por um
grande arco que permite a passagem da Estrada de Laveiras.
As pilastras são acentuadas, sobre telhado, por fogaréus,
nitidamente barrocos, que procuram dar ênfase às, linhas verticais.
Este verticalismo é contrariado, porém, pelo emprego de barras
horizontais que cortam a fachada. As janelas no nível superior são
mais ricas e de maior altura que no andar térreo. São janelas de
sacada com grades de ferro forjado.
Este solar é o exemplo de como a lição da arte clássica é
verdadeiramente posta em prática. Tal atitude reflecte o espírito
conservador dos portugueses que preferem uma arquitectura do tipo
maneirista, mais que barroca.
Por outro lado, e sem fugir à regra, a casa chama a si a capela
procurando agregá-la. Este tipo de residência que fez escola,
tornando-se numa das habitações nobres mais correntes e mais
características de Portugal.
A capela no corpo central da casa, completamente integrada na
fachada é discretamente sinalizada por uma cruz em ferro forjado
trabalhado, sobre a cornija, entre dois pináculos em forma de
chamas. A capela dedicada a S. João Baptista é o elemento essencial
desta residência e um lugar acessível ao público.
Fonte: www.jf-caxias.pt
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