Manuel Fernandes Tomás
Decorridos cem anos do advento da República e mais noventa da revolução liberal convém avivarmos a memória para que não se esqueçam e se honre a virtude e exemplo dos homens bons da res pública.
Manuel Fernandes Tomás nasceu na Figueira da Foz, a 30 de Junho de 1771.
Formação e ingresso na magistratura
Fernandes Tomás frequentou Teologia e licenciou-se em Direito.
A 30 de Agosto de 1792 foi nomeado síndico e procurador fiscal do município da Figueira da Foz, sendo vereador da respectiva Câmara entre 1795 e 1798.
Ingressando na magistratura em 1801, foi nomeado em 1805 superintendente das alfândegas e dos tabacos.
Participação na Guerra Peninsular
Face à inexistência de autoridades estabelecidas, foi então indigitado como a pessoa competente para tratar com o comandante inglês os assuntos referentes aos interesses e necessidades do exército.
Como prémio da sua actividade, foi nomeado desembargador honorário do Tribunal da Relação do Porto.
De 1812 até 1814, ano em que findou a Guerra Peninsular, Fernandes Tomás esteve em Coimbra.
Ao longo deste período, Fernandes Tomás afirmou-se como um pensador preocupado com a degradação da vida nacional portuguesa e com a necessidade de reformar as instituições e eliminar a tutela política britânica que entretanto se instalara.
O Porto e a fundação do Sinédrio
Transferindo-se para o Porto em 1817, Fernandes Tomás encontrou quem simpatizasse com as suas ideias e aspirações, vendo o sentimento patriótico invadindo todos os espíritos.
Com José Ferreira Borges, estabeleceu a 18 ou 21 de Janeiro de 1818 um pacto secreto visando o fomento de acções que contribuíssem para a implantação do liberalismo em Portugal e para a dignificação da vida nacional.
Juntaram-se ao projecto José da Silva Carvalho e João Ferreira Viana, iniciando um conjunto de reuniões secretas para formularem as bases em que devia assentar o plano a seguir pela sociedade secreta que tinham fundado, a qual ficou constituída sob o nome de Sinédrio, tendo por objecto: Observar os acontecimentos em Portugal e Espanha, tomando devagar o pulso às tendências e às aspirações do espírito público.
Em 1819 o Sinédrio compunha-se, além dos quatro fundadores, dos sócios Duarte Leça, José Pereira de Menezes, Francisco Gomes da Silva, João da Cunha Sotto Maior, José Maria Lopes Carneiro e José dos Santos Silva. O número dos associados no Sinédrio nunca passou de treze, sendo o último a inscrever-se, em 18 de Agosto de 1820, Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda, que depois prestou à causa liberal relevantes serviços.
A Revolução do Porto
Manuel Fernandes Tomás é considerado o motor do movimento de 24 de Agosto de 1820 que resultou na Revolução do Porto.
Este papel mobilizador e de verdadeiro ideólogo daquele movimento, para além do seu papel destacado na Junta Provisional do Governo Supremo do Reino fazem dele figura primacial do liberalismo vintista. Naquela Junta, criada no Porto e que administrou o Reino após a revolução liberal, foi encarregue dos Negócios do Reino e da Fazenda, as duas pastas mais importantes da governação de então.
Com a adesão de LIsboa, e a fusão das duas Juntas, o papel de Manuel Fernandes Tomás sai reforçado, fazendo depois a charneira entre o governo e as Cortes.
A experiência governativa e parlamentar e a morte
Eleito deputado às Cortes Constituintes, pela Beira, elaborou as bases da Constituição que D. João VI jurou em 1821.
Fernandes Tomás, além de membro da Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, foi deputado eleito pela Beira às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, a cuja sessão inaugural assistiu em 26 de Janeiro de 1821 e em cujos trabalhos teve parte activa e conspícua. Participou nos trabalhos parlamentares até ao seu encerramento com a aprovação da Constituição Política da Monarquia Portuguesa, a 4 de Novembro de 1822.
“… E quem choramos nós: quem lamentam os Portugueses? Um cidadão extremado; um homem único; um benemérito da pátria; um libertador de um povo escravo: Manuel Fernandes Thomaz. Que nome, Senhores, que nome nos fastos da liberdade! Que pregão às idades futuras! Que brado às gerações que hão-de vir! Este nome será só por si a história de muitos séculos; este nome encerra em compêndio milhões de males arredados de um grande povo; …”
(Almeida Garrett, in Oração Funebre de Manoel Fernandes Tomaz)
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