MOINHOS DO VOUGA #2
Os moinhos são pequenas casas construídas de tosca alvenaria com porta de entrada. O soalho geralmente é feito de pedras grandes encaixa das nas paredes, e na parte de baixo, -cave-, onde está o rodízio, foi deixada uma abertura folgada para a saída de água e acesso de pessoas para arranjos e outros fins. Geralmente também de lado há outra pequena abertura, a qual serve para ir regular o fecho da seteira. O telhado é de telha vã.
No exterior do moinho está quase à altura do mesmo o depósito assente num muro de pedra que recebe a água da levada, construído em perpianho de boca em forma de funil quadrangular, havendo outros feitos em anéis de pedras inteiras, ou argolas. Esta peça chama-se, como se indica em 1).
1) Cubo
No cabouco ou inferno do moinho estão instaladas peças que se consideram como do motor, onde há:
2) Seteira com fecho
É a peça de madeira redonda com furo interior que encaixa com a parte posteri or num orifício situado no fundo do cubo - reservatório de água que alimenta o moinho (citado em 1).
3) Rodízio com penas
As penas do rodízio são peças de madeira - às vezes em forma de colher -, e na parte anterior de formato de cunha. E assim que as penas encaixadas na pela ou vela formam o rodízio onde o jacto de água que sai da seteira vai bater, obrigan do-as a fazer o movimento rotativo.
4) Pela ou vela
É um rolo de madeira, geralmente de freixo ou carvalho, convenientemente torneada, que sustendo as penas vai até ao ponto de receber o encaixe do lobete, o qual na sua continuação ainda recebe a ponta inferior do ferro chamado veio metálico cuja ponta superior encaixa na mó anadadeira.
5) Espigão ou aguilhão
Está encaixado na parte inferior do rodízio, para apoio e permitir o movimento de rotação.
6) Rela
Está encaixada em cinza da zorra, tendo uma cavidade onde se apoia o espigão.
Tanto esta peça como o espigão, são seixos.
7) Zorra ou urreiro
É uma peça de madeira que ficando sob o rodízio, tem no extremo para o lado da seteira um furo onde encaixa um caibra, o qual atravessando o pavimento atra vés de um buraco, vai até ao rés-do-chão, onde fica a alavanca da agulha. Para a outra extremidade ao lado da corrente encontra-se a abertura das duas pernas da zorra cujas pontas são encaixadas em pedras enterradas. É nesta peça que. Tendo a rela na perpendicular, se apoia o rodízio contendo o espigão encaixado no buraco cónico da mesma rela.
8) Alavanca da agulha ou aliviadouro
É um pedaço de madeira que encaixa a zorra (ver alínea 7 e rés-do-chão).
9) Pejadouro
Trata-se de uma tábua que está pregada a um barrote, o qual passando pela frente da pela e com altura próximo do rodízio tem encaixadas as pontas nas paredes dos lados do moinho. Por sua vez, a tábua tem maior dimensão do lado da seteira, e a fim de manter a sua estabilidade tem ligado um arame que atraves sa o rés-do-chão por um buraco, fixando-se a sua ponta em sítio conveniente.
10) Lobete
E uma peça que exerce a sua acção na parte superior da pela. A parte inferior encaixa numa parte superior da pela numa espécie de cunha para se tornar amovível, quando for necessário, ou para picar ou substituir as mós.
11) Veio metálico
Trata-se de um ferro que, quando é encaixada a sua parte inferior na parte superior do lobete, é neste, convenientemente apertado com arcos de ferro. E o veio metálico que atravessa o olho da mó fixa e as buxas, e vai segurara mó andadeira encaixando as hastes da segurelha, nos rasgos nela feita para esse fim.
12) Buchas
São pedaços de madeira e torcidas ensebadas, apertados no olho da mó, para evitar que o grão vá para lá.
13) Segurelhas
São duas hastes da ponta do veio metálico que se encaixam nos rasgos feitos na mó andadeira para a fazer girar.
Obs. Na montagem do sistema, inicialmente, é colocado o veio metálico no lobete e, depois. a parte inferior deste entra de lado através da fenda da pela, sendo de seguida apertada com arco metálico debaixo para cima.
No moinho propriamente dito (rés-do-chão).
Na parte de cima encostada à parede há:
14) Plataforma em alvenaria, com cerca de 80 cm de altura.
E onde está assente a mó debaixo.
15) Mós
A mó fixa é a que está assente na plataforma e a mó giratória por cima. Onde encaixa o veio com segurelhas.
16) Dois cambados ou cambeiros (um de cada lado da mó andadeira)
São pedaços de madeira colocados à volta da mó giratória a fim de evitar a fuga de farinha, e cair no lugar certo do tremonhado.
17) Moega
É uma caixa de madeira, em forma de funil rectangular onde é deitado o cereal.
Pelo orifício no fundo sai o cereal a moer, o qual cai na caldeira. Está presa a uns barrotes, para esse fim colocados.
18) Caleira ou quelha
É em madeira e tem um sistema de suspensão ligado à moega. É nela que vão cair os grãos vindos do orifício da moega, os quais perante a vibração que lhe transmite o chamadouro, vão deslizando para a frente até cair no olho da mó giratória.
19) Chamadouro
É um pedaço de madeira, geralmente de carvalho, onde depois a meio lhe é feita uma cavidade para encaixe duma ponta de um outro pau formando uma peça semelhante à figura de um "T". Uma ponta fica encaixada na caleira e a outra em madeira da plataforma, do lado. A ponta maior, cai para cima da mó giratória ou andadeira, formando um ângulo de cerca de 45º,no sentido do movimento da mó.
20) Tremonhado
É o lugar onde cai a farinha que o moinho vai moendo e fica situado um pouco abaixo da frente das mós.
21) Alavanca da agulha ou aleviadouro
Serve para obter o tipo de farinha desejada através do seu movimento.
22) Comando do pejadouro
Serve para fazer parar e andar o movimento das mós.
23) Regulador de moagem
É o dispositivo constituído por um torno de pau ou prego, situado na face da moega, a cerca de 20 cm acima do orifício inferior, onde ligam as pontas de um cordão que suspende a caleira.

Desenho da nomenclatura dos moinhos de rodízio
A Cache:
Esta cache tem o objectivo de os levar a fazer uma pequena viagem no tempo. Irão encontrar uma pequena aldeia abandonada, que se chamava Moinhos do Vouga, tendo posteriormente sido transferida em parte para o local onde hoje está identificada a localidade e onde existe ainda um moinho em funcionamento (Moinhos do Vouga #1).
Aconselhamos o estacionamento da viatura no ponto indicado para o efeito junto à estrada e a partir daqui iniciar uma pequena caminhada, passando pela aldeia até ao ponto final localizado num dos moinhos abandonados aqui existentes.