Manega de Quadrazais Traditional Geocache
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Difficulty:
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Terrain:
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Size:
 (small)
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Na aldeia de Quadrazais, "Manega" significa "rapariga" em gíria
quadrazenha, um calão contrabandista desenvolvido e usado em
exclusivo pela sua população ao longo de décadas de acordo com as
suas necessidades. Pensa-se que a Gíria terá surgido a par da
actividade contrabandista, permitindo a comunicação numa linguagem
apenas dominada pelos locais. Deste modo os Quadrazenhos podiam
falar, combinar idas a Espanha, vendas de mercadoria, mesmo na
presença dos guardas (fachos), sem serem compreendidos. O
Contrabando e o uso corrente da Gíria duraram até aos anos 60. A
partir da época da emigração o contrabando cessou e a Gíria entrou
em desuso, sendo apenas relembrada e conhecida pelos mais velhos
que ainda hoje utilizam algumas palavras e expressões na linguagem
do dia-a-dia.

A gíria quadrazenha é um linguajar que foi intensamente usado pelos
habitantes de Quadrazais no concelho do Sabugal, sobretudo por
contrabandistas e passadores, para iludir a guarda fiscal e os
carabineiros. Um contrabando furtivo e ilegal fazia-se ao longo de
toda a fronteira com Espanha, mas em Quadrazais era uma actividade
praticada por quase todos, era um modo de vida que rendia mais do
que a terra seca e quase estéril, mesmo que muito trabalhada, que
não dava sustento para famílias numerosas como era habitual nesse
tempo. Os homens e algumas poucas mulheres enfrentavam os
obstáculos naturais e mantinham-se alerta para evitar encontros com
os guardas de cá ou de lá. Percorriam quilómetros por trilhos que
mudavam frequentemente para desviar as atenções. Levavam alguns
produtos como ovos, sabão e café e traziam cortes de "pana"
(bombazina) e de seda, fardos de bacalhau, boinas bascas, casacas,
alpercatas, etc e mais tarde o tabaco.Para se entenderem entre si e
não serem compreendidos pelos seus concorrentes e pela guarda
desenvolveram um linguajar próprio, adequado à necessidade de
sobreviver a negociar.
Exemplos da gíria quadrazenha: Alâmpio - azeite; amatriz - amanhã;
assuquir - comer; briol - vinho; calcantas - sapatos, pés;
cambalache - negócio; cosco - tostão; esgueirante - ladrão;
esquilona - hora; facho - guarda; fuganta - pistola; galhal - muito
dinheiro; moienes - eu; vunhir - vir
Exemplo de frase em gíria quadrazenha "Amatriz meia choina
maquinamos tótios Reta Francha. De galhal leva cada cinquenta
chulos, artife, fugantes e baril chingato para andante".
Que, é como quem diz: "Amanhã, à meia-noite, partimos todos para
Espanha. Cada um leva cinquenta duros, pão, carne, pistolas e bom
vinho para a viagem".
A experiência de escapar à guarda e os contactos com os do lado de
lá fez de alguns contrabandistas passadores de emigrantes,
actividade que também rendia muito. Foi uma diáspora dos
necessitados que durou cerca de vinte anos que começou pelas zonas
raianas e se estendeu a todo o país, "quem podia dava o salto" na
esperança de encontrar uma vida melhor. Nota: Há estudos sobre os
dialectos da língua portugesa feitos por Leite de Vasconcelos,
Paiva Boléo e Lindley Sintra.

Pinharanda Gomes, natural de Quadrazais também se debruçou sobre o
falar da sua terra e existem também alguns trabalhos académicos
sobre este tema. Na Net encontram-se blogues com contribuições para
que esta gíria não morra. "
Outro exemplo: "Manega Gíria" Ó manega penha gíria Inda nentes te
altanaste Mois sabunhe porque penha Porque com atro galraste.
Moines não se altanou Nem se crunhe altanar Tunho juca aos manegos
Que não sabunhem galrar"
Ó rapariga és bonita ainda não te casaste Eu sei porque é: porque o
outro falaste. Eu não me casei Nem me quero casar: Tenho raiva aos
rapazes Que não sabem namorar. In: "À Descoberta de Portugal" -
Selecções do reader´s digest, 1982
A Cache encontra-se na parte mais antiga da aldeia de Quadrazais,
conhecido localmente por "o fundo", onde viveram muitos
contrabandistas que utilizavam diáriamente esta giria.
Additional Hints
(Decrypt)
pnfn qb encnm