Foi o fundador do convento o Infante D. Luis, quarto filho de D. Manuel I, fruto do seu segundo casamento com a infanta espanhola Maria de Aragão. Em 1542, tinha o Infante 36 anos, mandou edificar o convento, ficando lá instalada a Ordem dos Frades Franciscanos da Província da Arrábida. Jericó foi um dos conventos mais pobres e mais pequenos que houve em Portugal, mas, todavia por ser vizinho dum palácio real, foi dos mais visitados pelos Reis.
Não foi fácil ao Infante D. Luís conseguir a autorização para a construção do Convento, devido à forte resistência de Frei Martinho. A razão era de ter receio que o aumento do número de conventos pusesse em perigo as virtudes dos frades.
D. Luís prometeu sujeitar-se a todas as suas directrizes e lá conseguiu a autorização. O Infante pensava no fim da vida e preocupava-se com a salvação e pureza da Alma.
Passava muitos dias no Convento tentando penitenciar-se. Desfazendo-se das pratas e das vestes preciosas procurava imitar a vida de sacrifício dos frades capuchos seus amigos.
Numa das visitas ao Convento o Infante D. Luís ofereceu-se para porteiro de modo a que as orações dos frades não fosse perturbada. Conta-se que aconteceu um episódio caricato relacionado com um pescador que foi levar um sável aos frades.
D. Luís atende-o dizendo-lhe que podia entregar a oferta, que ele próprio a levaria aos frades. Porém o pescador não se convenceu. Ao terminarem as orações os frades foram receber o sável e D. Luís depois de contar o sucedido, desejou falar com o pescador, questionando-o da razão de não lhe ter entregue o sável. O pescador retorquiu que o fizera por venerar muito os frades e ter receio de não lhes ser entregue. D. Luís alegrou-se com a veneração e revelou-lhe quem era. O pobre pescador envergonhou-se e pediu desculpa. O Infante quis recompensá-lo e ele logo aproveitou para pedir que o livrasse de pagar tributo sobre o peixe pescado no rio Tejo, pelo que o seu pedido foi aceite.
A história ilustra bem a faceta de um pescador crente, desconfiado, mostrando em contrapartida a generosidade e compreensão de carácter do Infante D. Luís, que se notabilizou como figura central, influenciadora e de importância do que viria a ser na época a vida deste Convento.
O quotididiano dos frades
A vida diária dos frades não era fácil. Segundo a Ordem, a austeridade, o ser desprovido do conforto, dos bens terrenos como sinal de sacrifício, penitência e louvor fazia parte da regra conventual.
Era a Santa Pobreza, que se baseava no mobiliário mínimo, com celas diminutas, portas baixas, refeitório com mesa tosca, ligando-se à cozinha por uma abertura, por onde passava o magro caldo na escudela de pau e o bocado de pão conseguido, tudo por Amor a Deus.
No Convento existia uma minúscula Casa do Capítulo e uma cela escura para ajudar algum frade transviado a chegar ao bom caminho. Havia também uma casa que servia de celeiro para guardar as alfaias agrícolas e a comua.
Os frades vestiam um hábito de capucho feito de burel grosso, remendado com bocados de pano pardo, preto e branco; com uma corda à cintura, descalços, com a barba cortada à tesoura e uma cruz suspensa do peito assim trajavam os moradores do Convento de Jenicó, que pediam, oravam e acudiam às pessoas, vagueando pelos caminhos de Benavente e Salvaterra de Magos.
Frei Francisco Pedraita, confessor castelhano, terá sido o primeiro guardião do Convento. O Frei Boaventura foi guardião e destacou-se pela fama que adquiriu na assistência que prestou aos enfermos, da peste em Benavente.
Muitos outros frades passaram pelo Convento uns mais activos outros menos, mas um ponto era comum: o viverem pobremente, em silêncio, oração e sacrifício pedindo a paz e a salvação do mundo.
O seu dia começava cedo, trabalhavam muito e a refeição era escassa. Apenas suficiente para a sua sobrevivência.
Se deseja visitar o Convento do Jericó, contacte através do e-mail geral@malagueiros.pt ou telefonicamente através do 263 508125.
Lendas :
Depois dos frades terem deixado o Convento de Jericó, em 1834, o povo de Benavente quis trazer a imagem de São Baco para a Igreja Matriz. Deslocou-se uma carreta de bois para trazer a imagem, mas os animais não conseguiam andar. Só quando desistiram de trazer o São Baco é que os animais conseguiram andar normalmente. A assinalar o lugar onde a carreta que levava o Santo parou, está a base de um antigo cruzeiro de pedra.
Ainda outra lenda sobre o São Baco - Todas as pessoas que se rirem em frente da imagem acontece-lhes logo a seguir uma desgraça.
24/24hours is available, it is not necessary to invade the property or enter the convent. Contains logbook, pencil and is the size of a box of toothpicks, but it is not a box of toothpicks :-)