Esta cache tem como objectivo mostrar o antigo Apeadeiro da Nora. A cache encontra-se perto do edifício.
Linha do Algarve
A Linha do Algarve é um troço ferroviário que atravessa longitudinalmente a região do Algarve. Ligando as estações ferroviárias de Vila Real de Santo António e Lagos.
Historia
Em 1858iniciou-se a discussão sobre a continuação da Linha do Sul (actualmente Linha do Alentejo a partir de Beja, até ao Algarve; em 1864, foi assinado um contrato entre a Companhia dos Caminhos de Ferro de Sul e Sueste e o estado português, para efectuar esta obra.
A ligação ferroviária a Faro foi concluída em 21 de Fevereiro de 1889, mas a inauguração deu-se somente em 1 de Julho desse ano.
Expansão da Linha do Sul até Vila Real de Santo António
Um decreto, publicado a 6 de Outubro de 1898, ordenou que duas comissões técnicas delineassem planos de viação para várias linhas em todo o país; o Plano da Rede ao Sul do Tejo, proposto em 15 de Maio de 1899, previu a continuação da Linha do Sul a partir de Faro. Uma lei, publicada em 14 de Julho do mesmo ano, autorizou o estado português a despender fundos na construção de várias linhas, incluindo a continuação da Linha do Sul de Faro até Vila Real de Santo António.
A companhia dos Caminhos de Ferro e Sul e Sueste, antes de ter sido dissolvida, tinha já recebido a concessão da construção da continuação da linha entre Faro e Vila Real de Santo António, tendo chegado a elaborar um projecto para este troço; no entanto, este projecto centrava-se numa perspectiva de redução de custos, fazendo uma estação terminal em Faro e passando a via para Vila Real de Santo António à volta da cidade. Assim, o engenheiro João Pedro Tavares Trigueiros elaborou novos projectos, que contemplavam a passagem em frente da cidade, junto à Ria Formosa, com a construção de aterros para a via e uma ponte móvel para o acesso de embarcações ao porto. No entanto, em Outubro de 1889, o deputado Ferreira de Almeida entregou, em nome de 97 proprietários e negociantes de Faro, uma mensagem ao Ministro da Obras Públicas a defender o traçado original para a linha; e, em Dezembro de 1900, a Câmara Municipal de Faro invocou vários problemas de insalubridade e no acesso ao porto, caso este projecto avançasse. Assim, voltou-se a considerar a passagem da via à volta da cidade, mas este novo projecto traria várias dificuldades técnicas e financeiras, devido a declives elevados e um grande número de estradas a cruzar, que teriam de ser servidas por passagens de nível com guarda. Em Março de 1902, criou-se uma comissão para decidir, definitivamente, qual o traçado a seguir para prosseguir a Linha do Sul após Faro; esta comissão, nomeada por uma portaria de27 de Fevereiro desse ano, e presidida pelo conselheiro Luiz Frederico de Bivar Gomes da Costa e formada pelos pares Augusto César Justino Teixeira, João José da Silva Ferreira Netto e José Fernando de Sousa, entregou o seu parecer ao governo no mesmo mês, tendo favorecido a passagem da via-férrea junto à Ria Formosa. Apesar dos defeitos apontados, o facto é que este trajecto permitiu a construção de um porto de abrigo para embarcações de pequenas dimensões, e aumentou a salubridade na zona, ao reduzir a quantidade de lodo produzido na maré baixa e permitir o despejo dos dejectos urbanos, através de um colector. Um outro projecto para estabelecer a linha ao longo da Ria Formosa, passando junto às localidades de Olhão, Fuseta e Tavira, foi defendido por Pinheiro Borges.
Em Junho de 1902, previa-se que as empreitadas para a construção do troço entre Faro e Olhão fossem lançadas em breve, tendo sido já dadas instruções a Arthur Mendes, o engenheiro encarregado deste projecto; nesse mês, instalou-se em Faro uma divisão do Serviço de Estudos e Construções de Linhas da Rede Complementar dos Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo, com o objectivo de estudar e construir a ligação entre Faro e Vila Real de Santo António. No mês seguinte, já se efectuava a balastragem e assentamento de via, tendo o empreiteiro Bettencourt assegurado a construção de um troço, que deveria estar concluído até 2 de Setembro desse ano. A 27 de Agosto, a Secção de Estudos e Construção do prolongamento de Faro a Villa Real de Santo António abriu empreitadas para várias pontes e pontões, no troço entre Faro e Olhão. Segundo uma Portaria de 21 de Novembro, o Conselho Superior de Obras Públicas aprovou o projecto definitivo para o segundo lanço do prolongamento entre Faro e Vila Real de Santo António, e o respectivo orçamento.
Em 20 de Abril de 1903, a Direcção de Sul e Sueste lançou várias empreitadas, para a elaboração de terraplanagens, pontões, aquedutos e uma passagem superior, no troço entre Olhão e a Fuseta, além da construção dos apeadeiros de Marim e Bias e da Estação da Fuseta. Em Julho desse ano, abriu-se uma nova empreitada, para a edificação de várias casas de guarda e de uma casa de partido no troço entre Faro e Olhão.
A linha chegou a Olhão a 28 de Março de 1904 (embora a Estação só tenha sido oficialmente inaugurada a 15 de Maio desse ano), Fuzeta a 1 de Setembro, Luz de Tavira a 31 de Janeiro de 1905, Tavira em 19 de Março do mesmo ano, e a Vila Real de Santo António a 14 de Abril de 1906. O traçado do caminho-de-ferro entre Faro e Vila Real de Santo António seguiu, essencialmente um traçado costeiro, próximo da antiga Estrada Nacional; entre Olhão e Fuzeta, seguiu junto à costa para evitar o terreno acidentado no interior, e entre a Fuzeta e Vila Real de Santo António, o traçado afastou-se da costa para evitar os terrenos alagadiços.
Impacto do transporte ferroviário no Algarve
O desenvolvimento dos caminhos-de-ferro no Algarve traz um meio de transporte rápido, regular, de grande capacidade, módico, e que vem substituir as carreiras regulares marítimas entre o Algarve e o resto do país. O transporte ferroviário melhorou as ligações entre as zonas Oriental e Ocidental desta região entre si, e com o Baixo Alentejo e Setúbal e Vale do Tejo; providenciou novos mercados para os produtos do Algarve, especialmente o peixe fresco e em conserva, tendo permitido o uso dos Portos de Lisboa e Setúbal nas exportações e importações de e para o Algarve; possibilitou trocas comerciais com mais regiões, nacionais e internacionais, impulsionou as indústrias piscatória, conserveira e de extracção de sal; e auxiliou na transformação de Monte Gordo como destino de veraneio das populações do Algarve, Baixo Alentejo e Lisboa. Além disso, veio trazer uma maior organização da circulação interna no Sotavento Algarvio.
O prolongamento da Linha do Sul até o Sotavento Algarvio trouxe alterações importantes na agricultura desta zona, porque abriu novos mercados, a nível regional, nacional e internacional. Os produtos mais expedidos foram as hortaliças e frutas frescas; a grande procura destes produtos, especialmente no mercado de Lisboa, impulsionou a modernização da agricultura nesta região, tendo introduzido novas técnicas e culturas, como o pomar de sequeiro. O Barlavento Algarvio, por seu lado, detinha plantações mais extensas, com maior produção, e, por isso, mais propícias à venda em mercados mais longínquos, usando o transporte ferroviário.
O transporte de mercadorias por caminho-de-ferro desempenhou um papel importante nas relações externas do Sotavento Algarvio, ao permitir um escoamento dos produtos da região, a importação de cereais e adubos, a distribuição de farinhas a partir de Faro e Vila Real de Santo António e de adubos e óleos por Faro, e a viabilização de permutas de farinhas e cereais por gado, o que impulsionou o estabelecimento de uma importante moagem em Vila Real de Santo António. A partir de 1906, ganhou impacto uma nova classe profissional no Algarve: os ferroviários.
Apeadeiro da Nora
Em 1906 o comboio chegou a esta freguesia servido por uma estação própria que, todavia, encerrou, deixando, assim, de despachar mercadorias, e de servir os passageiros desta zona.