
Mário Silva para sempre junto ao mar
O Cabedelo tem, um “monumento” de homenagem a Mário
Silva. A cerimónia de descerramento do busto contou com a presença
de inúmeras individualidades, que não quiseram perder a
oportunidade de homenagear o pintor figueirense.
No largo junto ao Parque de Campismo, na freguesia de São Pedro, no
centro de uma rotunda construída para o efeito, uma pedra natural é
encimada pelo busto do artista, de semelhanças inegáveis, da
autoria do escultor Agustín Casillas. A acompanhar o monumento, uma
inscrição: “Quando for Grande, quero ser Pintor!”, e um
símbolo, o da maçonaria, movimento de que, assumidamente, faz
parte.
O mestre que faz a diferença
A iniciativa da homenagem partiu da Associação Nacional dos
Artistas Plásticos Portugueses (ANAP) e foi de imediato (bem)
acolhida pelas entidades locais. Nem podia ser de outra forma, já
que todos foram unânimes em considerar esta “uma homenagem
absolutamente merecida”.
Um bom homem
Para António Arnaut, esta é também a homenagem a um “bom
homem”, por quem sente respeito e amizade, numa só palavra,
“fraternidade”. Sobre o busto que regista para a
posteridade a memória de Mário Silva, António Arnaut lamentou que o
monumento não possa reflectir também “a sua alma, o espírito
e irreverência de um jovem” de 73 anos.
Numa outra intervenção, Santos Viegas chamou a atenção para duas
palavras: Mário “o mar e o rio”, e Cabedelo, que vem do
grego e significa “o monte onde o rio e o mar se unem”,
e fez ainda questão de sublinhar que o artista é um “pintor
de maré cheia”, pelo que “não é por decreto, mas por
afecto, que esta é a Praia Mário Silva”.
Relógio de pintor Mário Silva integra colecção da Fundação
Miró
A Fundação Miró, em Espanha, vai lançar este ano um relógio que
reproduz no mostrador uma tela do artista plástico português Mário
Silva, recentemente homenageado na Figueira da Foz.
Uma das suas mais recentes “coimbrinhas” constituirá o
mostrador do relógio, que estará disponível “dentro de duas
semanas”, disse à Lusa fonte próxima do pintor.
José Luís Figueira, da Associação Nacional de Artistas Plásticos
Portugueses, considerou Mário Silva um “precursor da
nova-figuração, com forte pendor surreal, na arte moderna
portuguesa” da década de 1950.
Um pintor cuja “obra contestatária, de anarco-surrealista
veterano”, é fruto, prossegue, de uma aturada investigação e
estudo.
Para José Luís Figueira, Mário Silva é um “dos mais notáveis
e valiosos talentos da sua geração”.
As “coimbrinhas” são telas de diferentes dimensões que
revelam o interesse deste conimbricence pela sua cidade natal,
podendo ser “um percurso pela obra” de Mário
Silva.
Mário Silva encontra-se representado em vários museus de arte
moderna e contemporânea, designadamente no Rio de Janeiro, São
Paulo, Estocolmo, Coimbra, Amarante, Viseu, Ovar, Figueira da Foz e
Lisboa, bem como em várias galerias de arte e colecções
particulares.
Entre os prémios que recebeu, aquele de mais se orgulha, segundo
José Luís Figueira, é o Prémio Internacional da Paz pelo Instituto
Internacional de Estudos Humorísticos de Roma (1983).
A sua obra mereceu já cinco exposições retrospectivas, tanto em
Portugal como no estrangeiro. Membro efectivo da Academia de Arte e
Ciência italiana, “500 di Roma”, e da Academia
Internacional de Basileia (Suíça), recebeu inúmeras distinções e
prémios.
Em 1957 recebeu a medalha de Ouro da Queima das Fitas de Coimbra,
em 1962 o primeiro prémio de desenho do Salão Internacional
Arti-Salla, em Paris, a Taça para o Melhor Artista de Vanguarda em
Milão (1974) e Grande Prémio Galiano, 1975, em Milão, entre
outros.