Wish You Were Here é a faixa número 4 do álbum homónimo, lançado em Setembro de 1975 pelos Pink Floyd. Faz parte da fase mais profícua da banda, com álbuns conceptuais e de rock progressivo, com a excelência da composição de Roger Waters e com participações de grande nível dos outros membros da banda.
A música e o álbum giram em torno de Syd Barret, que anos antes tinha abandonado a banda por problemas do foro psíquico, associados ao consumo de drogas. O álbum inicia com a primeira parte daquela que é, para mim, o melhor exemplo do rock progressivo, Shine on Your Crazy Diamond, uma faixa profundamente intimista e em que, ao escutá-la, basta fechar os olhos para viajar por outros mundos; vagueia então pela forma como a indústria musical seduz e transforma as chamadas “estrelas” em seres vazios, em Welcome to the Machine e Have a Cigar, para depois explodir em Wish You Were Here.
Caso se interroguem sobre os primeiros sons da música, a sua gravação foi feita no rádio do carro de David Gilmour e a música que se escuta, aquando da mudança de estação, é a parte final da Quarta Sinfonia de Tchaikovsky. Uma outra curiosidade da música, e do álbum, é o facto de o próprio Syd Barret ter visitado os famosos estúdios de Abbey Road aquando da gravação do mesmo, sendo que os colegas não o reconheceram de imediato, tais eram as diferenças físicas e de alienação mental que apresentava. Conta-se que o reencontro foi profundamente triste para os elementos da banda, com as lágrimas a correrem-lhes pelo abismo em que o amigo estava mergulhado.
Em Wish You Were Here, logo de início, as notas da viola e da guitarra começam por sobrepor-se de um modo harmonioso, enquanto outros instrumentos se vão juntando. A sonoridade, apesar de relativamente simples na sua composição, é extremamente bela, apenas como as coisas mais simples da vida o conseguem ser.
Quanto ao poema, por certo não terá a estética deslumbrante, por exemplo, dos poemas de Fernando Pessoa, mas na verdade tenho alguma dificuldade em encontrar outro, dentro do mundo exclusivo da música, que seja tão belo e profundo.
O autor começa por dispor ideias diferentes ou mesmo antagónicas, sobre a forma como se vê o mundo ou mesmo sobre como se vive (“And did you exchange a walk on part in the war for a lead role in a cage?”). O discurso, em forma de várias perguntas, estará unicamente voltado para Syd Barret e o autor interroga-se sucessivamente sobre se a alienação psíquica do ex-membro da banda distorceu por completo a visão que ele tinha do mundo, sublinhando as diferenças entre os dois. Após todas essas dúvidas e interrogações, o autor reconhece que, ainda que possa existir um mundo de diferenças entre os dois, ou pelo menos na forma como se vive, o que os une (“the same old fears”) é muito mais forte daquilo que os poderá separar. Parece-me legítimo concluir que os “velhos medos” serão os que, de um modo geral, mais atormentam a humanidade: o medo da solidão e o medo da morte. A música encerra então um amor humano e incondicional que visa aproximar diferenças.
Se tudo o resto nos separar, a tristeza há-de juntar-nos um dia; resta-nos a saudade e a certeza que mais vale preenchermos desde já os momentos com a presença daqueles que nos emprestam felicidade, ainda que possam existir diferenças aparentes entre nós.

A CACHE
Esta cache foi colocada na aldeia abandonada de Maçagoso, numa encosta da Serra da Arada, próxima do monte de S. Macário, e Wish You Were Here é por estas alturas a música que melhor serve de banda sonora ao sítio, com a brisa a espalhar uma melodia de saudade pelas paredes xistosas e moribundas, ansiando pelo regresso de moradores.
O local, encravado no vale e na confluência de duas ribeiras, foi abandonado há mais de 10 anos. O tempo, a morte e o isolamento condenaram a aldeia à solidão. Os últimos habitantes seguiram para o Fujaco, a aldeia vizinha, construída pelo xisto e que também merece a vossa visita.

Para chegarem a Maçagoso deverão seguir pela estrada em direcção ao Fujaco e estacionar no waypoint recomendado. Encontrarão então um estradão que vos levará até à aldeia. O início do estradão encontra-se em relativo mau estado, com muita pedra solta, pelo que não é recomendável tentarem prosseguir de carro, excepto se possuírem um veículo 4x4. É uma caminhada com cerca de 1,5 km até à aldeia abandonada, tendo sempre como pano de fundo a Serra da Arada. Pouco depois de passarem pelos tanques, irão encontrar um antigo canal de água. Recomendamos que sigam por esse acesso e regressem pelo estradão.
A cache encontra-se perto do final da aldeia, porém existem outros pontos de interesse, como por exemplo os canastros, que deverão também visitar. Ao passarem pelas ruelas de xisto, encontrarão muitos motivos e objectos sobre os usos e costumes dos seus antigos habitantes. Ocasionalmente, existe um rebanho de cabras que vai pastar pelas encostas de Maçagoso, pelo que poderão ter companhia.
Não publiquem fotos do container e não revelem dados sobre o mesmo!
Desfrutem do percurso, protegendo o Património e a Natureza!

