Sever do Vouga é uma vila portuguesa, situada no Distrito de Aveiro, região Centro e sub-região do Baixo Vouga, com cerca de 2 700 habitantes.
É sede de um pequeno município com 129,85 km² de área e 12 356 habitantes (2011), subdividido em 9 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Vale de Cambra, a leste por Oliveira de Frades, a sul por Águeda e a oeste por Albergaria-a-Velha e por Oliveira de Azeméis.
Para além da vila de Sever do Vouga, fazem parte desta freguesia os lugares de Ermida, Senhorinha, Paçô, Cruz do Peso, Peso, Vale da Grama, Portelada, Ribeiro e as Póvoas.
Antes de mais, façamos uma breve resenha histórica daquela que foi chamada Terra de Sever, integrada na Terra de Santa Maria até final do primeiro quartel do século XII, com o limite natural do Rio Vouga, a sul, e que a luta intestina entre dois Bispos ( Porto e Coimbra ) fez recuar até ao Antuã, no concelho de Estarreja.
Santa Maria vinha do tempo da dominação visigótica e cresceu a partir de uma ' civitas' romana, por alturas da feira, que os cavaleiros leoneses e asturianos foram alargando para sul até ao Vouga, no final do século IX, à medida que a reconquista cristã se ia consolidando com os sucessivos avanços e recuos até à tomada definitiva de Coimbra, por Fernando Magno, em 1064.
Não obstante, a separação física da terra de Sever do território de Santa Maria não afectou as afinidades humanas entre os seus povos, que haveriam de perdurar pelos séculos em fora, como ficou bem patente nas disposições comuns de alguns forais manuelinos concedidos a certos concelhos do território, entre os quais o de Sever.
A reconquista cristã iniciada pelo conde Hermenegildo Guterres trouxe e espalhou em toda a terra entre o Douro e o Mondego alguns nobres asturianos, especialmente da chamada nobreza militar, pelos quais foram distribuídos os bens tomados sob a forma de ' presúria '. Assim nasceram as grandes casas de toda essa região, designadamente as do Marnel, Grijó e Sousa, que entre si estabeleceram laços familiares. É de crer que os mandantes em Sever – e não há provas de que os primeiros aqui residissem – descendessem directamente da casa do Marnel, ou pelo menos aí aparentados.
Do que não há dúvida e vem referido em documentos do século X, é da existência de um ' dux' de nome Mem Guterres, cunhado do rei leonês Ordonho I, que os muitos haveres de que era possuidor na região se contavam também os de Sever. Era pai do conde Hermenegildo Mendes e de Enderquina Mendes ' Pala', herdeira do Marnel, que veio a casar com o conde portugalense Gondesindo Eres.
Deste casamento nasceu D. Soeiro Gondesindes, realmente o primeiro prócere de Sever, que casou com uma ilustre senhora de nome D. Goldrogodo.
A extirpe que proveio deste casamento é conhecida por muitos anos na região, aqui possuindo grossos haveres, incluindo os mosteiros ou pequenos cenóbios, mais tarde doados ao mosteiro da vacariça, como está largamente demonstrado nas várias doações através das competentes escrituras.
Tudo isto se passou antes da fundação da nacionalidade.
Contudo, Sever existia como tal séculos antes destes acontecimentos, habitada por povos pré- históricos que deixaram as marcas indeléveis da sua passagem, não só através de enormes monumentos funerários (dolmens na Cerqueira, que no seu conjunto constituem uma necrópole; e em Talhadas- Chão Redondo. e Arcas- Capela dos Mouros) mas também na arte rupestre ( Salgueiral – Arestal, encontrada e estudada pelo eminente Dr. Alberto Souto ), objecto de comunicação em congressos da especialidade.
Se aqueles são sepulturas funerárias de chefes tribais, esta – a arte rupestre – conhecida pela designação popular de ' Fornos dos Moiros ' é constituída por um conjunto de petróglifos gravados numa pedra com 4,5 m de comprimento por 1,5 m de largo, onde abundam as formas geométricas de círculos, covinhas e espirais, separados por um sulco longitudinal profundo.
O significado desta simbologia, integrada na arte rupestre do noroeste peninsular, é ainda desconhecido.
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