O filme baseia-se em factos verídicos ocorridos no século XIX, no meio de uma juventude boémia, mas intelectual do Porto, da qual fazia parte o escritor Camilo Castelo Branco.
Por outro lado, há um olhar da câmara de Manuel de Oliveira pelos jardins, pelos lagos, que se personificam nos olhares das personagens. Um jogo de imagens, de planos, com a câmara fixa, que nem por isso deixa de dar a sensação de vida, de movimento. O filme foi filmado nos Jardins da Casa do Lodeiro.
Decorria o ano de 1849 e o dia era 7 de Junho, vésperas da famosa romaria do Senhor da Pedra, em Miramar. Esta foi uma data memorável para Camilo e José Augusto Magalhães, já que foi neste dia que se restabeleceu a sua amizade. Durante um passeio a cavalo, passaram em frente da casa onde habitava o coronel escocês Hugo Owen. Este casou com D. Maria Rita, em 1820, com quem tivera 2 filhos e duas filhas, Hugo, Henrique, Fanny e Maria Rita.
Depois de alguns encontros em bailes entre os dois amigos e as duas irmãs Owen, José Augusto fica apaixonado pelas duas. O seu coração inicialmente pende mais por Maria, mas depois de um último encontro ficou sem saber qual delas mais amava, daí que, em 1870, decide ir morar para Vilar do Paraíso, passando a visitar as irmãs Owen em sua casa, a “Vila Alice”.
Camilo segue as pisadas do seu amigo e, em 1851, vai também morar para Vilar do Paraíso. Aluga então uma casa vizinha de José Augusto, onde vai viver cerca de 1 mês. Aqui, ele dedicou-se a escrever sobre as pessoas e as paisagens de Vilar do Paraíso. Camilo terá, provavelmente, alugado casa em Vilar do Paraíso não só para acompanhar o amigo, mas também porque também ele sentia algo pelas irmãs, e daí que ambos visitavam a casa das Owen frequentemente.
José Augusto ficou, entretanto, noivo de Maria, mas o seu coração começara a pender mais para Fanny, o que também aconteceu com Camilo.
Camilo começou, depois de chegar, a escrever cartas inocentes a Fanny, o que perturbou José Augusto. Quando Fanny começa a responder às cartas e poemas de Camilo Castelo Branco, José Augusto reage violentamente, ameaçando, ainda que indirectamente, Camilo, que se muda quase de imediato de volta para o Porto.
Fanny, por altura dos seus 22 anos, deixou de resistir ao charme e à obsessão amorosa de José Augusto, relação que tinha a oposição da família. Esta oposição vai fazer com que na noite de 11 de Julho de 1853, Fanny fuja com José Augusto, com destino à Quinta de Soeime. O escândalo instalou-se em casa dos Owen. Chegou a falar-se que iam marchar tropas para a Quinta do Lodeiro, por onde o casal foragido havia passado. Nessa altura, são lançados boatos de que um espanhol, de nome Fuentes, possuía cartas da jovem Fanny quando já era cortejada por José Augusto.
O ciúme e a obsessão de José Augusto transformam este “rapto” num drama, que acabará com a morte de ambos no ano de 1854.
Fanny e José Augusto casam-se a 5 de Setembro de 1853, por procuração (equivalente a registo civil hoje em dia).
O Dr. Joaquim José Ferreira, médico assistente de Fanny, afirmou que Fanny morreria virgem, o que levou a pensar que José Augusto nunca foi nem um bom amante nem um bom marido.
Uma razão que explique este comportamento é o estado psíquico anormal de José Augusto. Este sofreria ainda de ciúmes, já que estava convencido que Fanny havia estado com outro homem antes dele. Camilo foi apontado por muitos como o principal catalisador do infortúnio que se abateu sobre o casal, já que alegadamente foi o escritor que fez vir a lume e chegar às mãos de José Augusto as cartas que Francisca supostamente terá escrito ao espanhol.