Egas da Silva Salgueiro foi um empresário aveirense de grande prestígio no sector das pescas longínquas, em especial do bacalhau.
No dia 16 de Março de 1894, em Aveiro, nasceu Egas da Silva Salgueiro, filho de João da Silva Salgueiro e de Virgínia Rosa da Silva Salgueiro. Com apenas 14 anos de idade, Egas Salgueiro deixou os estudos no Liceu de Aveiro e emigrou para o Brasil, tendo residido durante três anos em Pará. Regressou a Aveiro no ano de 1913 para, dois anos mais tarde, voltar a tentar a sua sorte como emigrante, dessa vez em Angola, fixando-se na zona de Benguela, onde permaneceu cerca de dois anos.
Nestas suas permanências por distantes terras, não fez fortuna, mas acumulou, apesar dos seus verdes anos, um avultado cabedal de experiência e de conhecimentos práticos que havia de ser de grande utilidade na sua vida futura.
Regressado a Aveiro, Egas Salgueiro entrou para a empresa Salgueiro & Filhos, Lda, da qual era sócio conjuntamente com o pai e irmãos. Em 1918, com a compra do seu primeiro lugre bacalhoeiro, iniciou a sua longa ligação ao sector da perca do bacalhau.
Em 1922, Egas Salgueiro organizou a Empresa de Navegação e Exploração de Pesca, tendo adquirido três lugres para a pesca do bacalhau. Após a dissolução dessa empresa, em 1927, foi um dos fundadores, no ano seguinte, da Empresa de Pesca de Aveiro, da qual passou a ser gerente delegado, gerindo os seus destinos com tal inteligência, dinamismo e segurança, que, ao fim de 36 anos, esta empresa, com os seus 1.100 empregados e operários, é justamente apontada como um dos maiores valores económicos do distrito de Aveiro e um dos grandes pilares da Organização Corporativa da Pesca.
Em 1930, a EPA foi a primeira empresa portuguesa a enviar um navio (lugre “Santa Mafalda”) para pescar bacalhau nas águas da Gronelândia. Foi também a primeira a dotar os seus navios com motores propulsores. Até então eram veleiros. Com a entrada em funcionamento dos arrastões “Santa Joana” (1936) e “Santa Princesa” (1940), introduziu em Portugal a pesca de bacalhau por arrasto. A par das inovações nos navios e nos métodos de pesca, a EPA inovou também nas instalações em terra, sendo a primeira empresa a construir grandes armazéns frigoríficos e secagem artificial de bacalhau.

Em 1952, com os navios atuneiros “Rio Vouga” e “Rio Águeda”, a EPA foi a primeira empresa portuguesa a enviar navios para a pesca longínqua do atum. Três anos mais tarde, iniciou também a pesca de arrasto costeiro.
Em complemento à pesca, a EPA interessou-se também pela indústria conserveira. Em 1957, fundou, em Agadir (Marrocos), uma fábrica de conservas de peixe de farinha de peixe. Na década de 1960, abriu também uma fábrica de conservas, na Gafanha da Nazaré. Por essa altura, foi autorizada a instalar um grande complexo industrial de pesca e de conservas na zona de Moçamedes (Angola).