
No local em que hoje se encontra o Museu Militar de Lisboa, foram construídas, no tempo do Rei D. Manuel I, umas edificações designadas por “Tercenas das Portas da Cruz”.
Supõe-se que, no tempo de D. Sancho II, existia já um arsenal em Lisboa situado, talvez, por alturas da Ribeira Velha, fronteira ao Bairro de Alfama. Um violento incêndio, que deflagrou em 1396, obrigou a mudar estas Tercenas (ou “taracenas” como então eram conhecidas) para a Ribeira das Naus.
As oficinas destinadas à fundição localizavam-se no rés-do-chão das edificações, e o local era conhecido por “Fundição de Baixo”. Os Reis D. João III e D. Sebastião melhoraram bastante as tercenas e os depósitos de armas. O fabrico de pólvora, artilharia e armas ligeiras, continuou tal como no tempo de D. Manuel I.
No primeiro quartel do século XVIII, alguns edifícios das tercenas das Portas da Cruz foram destruídos por incêndio e, mais tarde, completada esta destruição pelo terramoto de 1755, já no reinado de D. José. Nesse mesmo ano, foi o casario do lado Norte cortado por uma rua, que se denominou, inicialmente, por Calçada Nova, hoje conhecida por Rua do Museu de Artilharia. Esta artéria destinou-se à passagem da zorra que transportou, da Fundição de Cima até ao Terreiro do Paço, a estátua de D. José.
Em 1760, D. José deu início à reconstrução de todos os edifícios destruídos. Pela mesma altura – 1764 – ficou concluído o restauro do edifício em que hoje se encontra parte do Museu. De harmonia com o plano inicialmente estabelecido, havia um piso térreo e um primeiro andar com cinco salas de armas e, ainda, uma sexta sala, de menor importância, dando saída para o pátio a Leste, obras só completadas uma centena de anos depois. O pórtico da entrada principal, a Oeste, foi delineado pelo engenheiro francês Maurice de Larre – contratado por D. João V, embora alguns historiadores atribuam este pórtico ao engenheiro húngaro Carlos Mardel.
Sob a direcção de Bartolomeu da Costa, e desde a sua fundação em 1764 até 1802, o Arsenal chegou a ter 23 oficinas com cerca de 2000 operários, e, também, que o Arsenal se estendia para os locais em que presentemente se situa o Estado-Maior do Exército, no qual se encontravam as dependências que se destinavam às aulas e alojamentos dos aprendizes do Arsenal. Com a morte de Bartolomeu da Costa, em 1802, a actividade do Arsenal diminui consideravelmente e a sua situação só melhorou com D. Pedro IV.
No início do século XIX foi fechada a ala oriental do pátio interior e aberto, ao centro, em 1890, um pórtico desenhado e decorado pelo escultor Teixeira Lopes, que dá hoje acesso ao Largo dos Caminhos de Ferro. Na mesma data em que se fechou a parte Leste do pátio (1905), foram criadas oito novas salas no primeiro andar. Nos primeiros anos do século XX, a fachada Sul (voltada ao Tejo) foi decorada pela aplicação das colunas que estavam na capela do Marquês da Foz, às quais se sobrepôs, acima do entablamento, uma platibanda encimada por um relógio.
Assim, desde 1905, encontra-se este Museu Militar com a configuração que hoje apresenta e se pode admirar.

Em 1926 a denominação do Museu é alterada para Museu Militar. O edifício do Museu encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público, por Decreto de 25.10.1963. A mostra das colecções museológicas desenvolve-se ao longo de 33 espaços expositivos. O visitante que percorre o museu pode verificar que a natureza das colecções não passa unicamente pelas peças bélicas, mas também pelo património artístico patente na pintura, azulejaria e escultura, pela mão de insignes artistas dos séculos XVIII, XIX e XX.
Através do seu espólio o Museu Militar aborda as grandes temáticas da história de Portugal. A missão do Museu encontra-se patente na sua divisa: “ MAIORVM NATV ARMA PROPONIMVS” (“Expomos as Armas dos Antepassados”). O Museu contempla, desde 1998, de um espaço nas Caves para a realização de exposições temporárias e de outros eventos culturais. No percurso do itinerário interior o visitante poderá dispor no “Pátio dos Canhões” de uma Loja e de uma Cafetaria. Caracteriza-se por ser um museu que vive de uma exposição permanente, porém são várias as exposições temporárias que se realizam anualmente.
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