G19 - Geomonumento da Rua do Armandinho
Património Geológico da Cidade de Lisboa
Geomonumentos de Lisboa
Este projecto de 18 Earthcaches, do Concelho de Lisboa é o resultado do contacto pessoal da consulta ao : "Projecto “Geomonumentos de Lisboa” (...)com a localização e selecção de afloramentos no concelho de Lisboa, com interesse científico, pedagógico ou cultural que pudessem ser considerados Exomuseus da Natureza – Geomonumentos (Galopim de Carvalho, 1989)"
A cidade de Lisboa foi edificada sobre rochas de diferentes litologias e idades, das quais se salientam :
• calcários e margas com níveis fossilíferos, do Cenomaniano (início Cretácico superior);
• escoadas basálticas e piroclastos, reunidos no "Complexo Vulcânico de Lisboa", do Cretácico final (≈72 Milhões de anos);
• depósitos essencialmente detríticos (conglomerados, areias e argilas) de origem continental reunidos no "Complexo de Benfica", do Eocénico – Oligocénico;
• areias, areolas, argilas e calcários, em proporções variáveis, ricas em fósseis animais e vegetais, do Miocénico;
• depósitos aluvionares acumulados nas linhas de água (ribeiras secundárias e Rio Tejo) do Quaternário. Parte da zona ribeirinha de Lisboa foi conquistada ao rio e assenta sobre materiais de aterro, ou seja, depósitos artificiais colocados para mudar a fisiografia natural do terreno. Este tipo de depósitos existem noutras zonas da cidade atingindo, por vezes, grande expressão e resultam por exemplo do entulhamento de antigas explorações ou de catástrofes naturais como o sismo de 1755.
A erosão diferencial destes tipos de litologias definiu, no que é hoje a cidade de Lisboa, um conjunto de relevos com forte controlo litológico e estrutural, tradicionalmente referidos como as sete colinas (São Vicente, Santo André, Castelo, Santana, São Roque, Chagas e Santa Catarina). Devido à expansão
urbana no início do século XIX havia autores que elevavam para quinze as colinas de Lisboa (Oliveira, 1990).
A cidade desenvolve-se desde a cota 3-4 m na zona ribeirinha, até aos cumes Poiais (108 m), Castelo de São Jorge (110,7 m), Penha de França (127,9m), Montes Claros (170,3 m) e Monsanto (227,8 m) (Lopes, 2001).
Na região oriental e setentrional da cidade, onde predominam as litologias miocénicas, as formas de relevo são fortemente condicionadas pelos contrastes litológicos e pela estrutura geológica, marcada essencialmente pela presença de dobramentos suaves. A rede de drenagem instalou-se nas formações menos resistentes, evoluindo para vales assimétricos enquanto as mais resistentes originaram planaltos (como os do Aeroporto, Carnide-Lumiar e Campo GrandeSaldanha) e alinhamentos de cornijas (Almeida, 1991). Na zona central da cidade salienta-se o relevo da Colina do Castelo de S. Jorge, composto por rochas com
maior componente carbonatada, mais resistentes, rodeado pelo vale da ribeira que segue ao longo da Av. Almirante Reis/Rua da Palma e pelo esteiro da Baixa que se instalaram em formações mais brandas, com uma maior componente detrítica.
Na região Sudoeste da cidade, onde afloram materiais do Cenomaniano e do Complexo Vulcânico de Lisboa, sobressaem os relevos da serra de Monsanto e da colina da Ajuda (que integram respectivamente os anticlinais/horsts de Monsanto e Ajuda). Nesta região, onde não há grandes contrastes de resistência à erosão, o relevo é fundamentamente controlado por uma estrutura geológica complexa, afectada por falhas e dobras e definido por uma rede de drenagem frequentemente condicionada pela fracturação (Almeida, 1991).
Como exemplo refere-se a ribeira de Alcântara que se esbate a montante num vale de fundo aplanado assente sobre substrato miocénico, enquanto a juzante, na zona terminal, se encaixa vigorosamente nos calcários do Cenomaniano devido à intensa fracturação das rochas neste local (Almeida,1991).
Salienta-se ainda a forte assimetria, geológica e geomorfológica, das margens do Tejo (Fig. 3) que, segundo Cabral (1995), se deve essencialmente a factores tectónicos, nomeadamente a deslocamentos verticais ocorridos desde o Miocénico até a actualidade, produzidos pela "Falha do vale inferior do Tejo", com
orientação geral N30ºE. Este acidente condiciona o traçado do rio Tejo no troço compreendido entre Vila Nova da Barquinha e o Barreiro. Apesar de não existirem evidências da continuidade desta estrutura no interior da Penísula de Setúbal, o alinhamento do canhão submarino de Lisboa ao largo da Lagoa de Albufeira com orientação NNE-SSW, no seu troço intermédio, no enfiamento do vale inferior do Tejo, sugere, segundo Freire de Andrade (1933, in: Cabral, 1995) a continuação daquela falha pela plataforma continental adjacente.
A presença de outro importante acidente tectónico, oblíquo ao anterior, é sugerido por evidências geofísicas, e denominado como "Falha do gargalo do Tejo", apresentando direcção ENE-WSW a E-W e coincidindo com o troço vestibular do rio, na sua região mais estreita.
O que é um Geomonumento?
"Um Geomonumento é um monumento natural de origem geológica. Exibe importância do ponto de vista científico, cultural e pedagógico pelo que se devem contemplar acções que visem a sua preservação e divulgação.
No âmbito do Protocolo celebrado entre o Município de Lisboa e o Museu Nacional de História Natural
em 3 de Fevereiro de 1998, foi criado o Projecto “Geomonumentos de Lisboa”.
Este Projecto tinha como objectivo proceder à inventariação de locais no concelho de Lisboa, com
interesse científico, pedagógico e cultural, passíveis de ser considerados Exomuseus da Natureza. O
Projecto foi retomado em 2008 por técnicos da CML em colaboração com a Faculdade de Ciências da
Universidade de Lisboa (FCUL).
Na sequência de um trabalho (...) foi desenvolvido pela FCUL um levantamento exaustivo de locais na cidade onde era possível observar afloramentos geológicos.(...)"
in Revisão do PDM Lisboa
Fundamentação técnico-científica
As rochas mais antigas que afloram no município de Lisboa materializam um episódio de transgressão
marinha que terá ocorrido no Cretácico superior (≈ 97 M.a.).
No Período Miocénico (≈ 24 M.a.) e após um período de intensa sedimentação continental, inicia-se a
reinstalação do regime marinho como consequência da subsidência da região, permitindo a instalação da zona vestibular da Bacia do Tejo.
A série miocénica da região de Lisboa exibe 300m de alternância entre argilas, margas, areias e calcários, representando episódios de transgressão e regressão.
Estes episódios resultaram na formação de rochas típicas de diversos ambientes peri-continentais e litorais, a que correspondem sedimentos e fósseis característicos dos mesmos.
Estas rochas foram exploradas para diversos fins: os calcários como alvenaria e para a construção de edifícios, como por exemplo o Castelo de S. Jorge e a Sé de Lisboa; as argilas usadas na indústria da
cerâmica e as areias, já no séc. XX, usadas no fabrico de betão.
No Geomonumento Rua do Armandinho é possível observar por discordância, a formação de Calcários de Marvila – Miocénico superior em relação aos outros afloramentos existentes em Lisboa pertencentes a este período.
Pergunta 1- Qual a cor predominante da rocha no local?
Pergunta 2- Qual o altura da camada de arenitos grosseiros?
Pergunta 3- Qual a camada maior?
a)arenitos
b)cálcário
Pergunta 4- Consegue identificar algum conteúdo fóssil?
a) sim
b) não
Through field work campaigns were identified several outcrops in Lisbon city. Nineten of them were classified as Geomonuments.
In urban areas is not expectable to find references of evolution and earth dynamics, mainly because of the general tendency that promotes the total ocupation of the ground with construction. However, in Lisbon it is still possible to observe some outcrops preserved among buildings and roads, some of them with large dimensions that materialize several geological formations since Cretaceous to Holocene Periods.
The original paleoenvironments associated to the lithostratigraphic diversity presented in Lisbon area, leads to a great potentiality of the city aiming the preservation and dissemination of the geological heritage. The Lisbon Municipality, in cooperation with the MNHN (Nacional Natural History Museum), the Lisbon University and LNEG (Laboratório Nacional de Energia e Geologia – the portuguese institute with functions similar to a Geological Survey), developed field work campaigns aiming the inventory of the preserved outcrops in Lisbon city, with scientific, educational and cultural interest, liable to be classified as Geomonuments.
After the classification of those outcrops, some projects were developed aiming the preservation and maintenance of those places and some dissemination strategies such as the development of thematic trails to general public and schools.
Lisbon Municipality in colaboration with the Faculty of Sciences of the University of Lisbon proceded to field campaigns in order to identify outcroups in Lisbon city. Fourty six outcrops were identified covering all the 20 lithostratigraphic units that represents the geology of Lisbon. From those identified, 19 outcrops were selected concerning its regional geology representativity, scientific, pedagogical and cultural interest as well as its size and the possibility of conservation. The 19 selected outcrops are shown in table 1 and figure 1.
The oldest rocks that outcrop in Lisbon city are from Cretaceous Period (≈ 97 M.a.) and materialize a marine transgression episode (relative sea rise) (Pais et al., 2006).
In Miocene Period (≈ 24 M.a.) and after an intense continental sedimentation phase, marine environment reinstalls as a consequence of subsidence, allowing the installation of Tagus Basin vestibular area (Pais et al., 2006).
In Geomonumento Street Armandinho disagreement can be observed by the formation of limestones Marvila - Miocene superior to other existing outcrops in Lisbon belonging to this period.
.