Monumento do Cantar dos Reis
(Bons Reis Magos)
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Imagem do Monumento |
Inaugurada, na noite de 21 de Maio de 2009, a Rotunda da EN 115, no Cadaval, cujo arranjo urbanístico teve por tema o “Cantar dos Reis”, tradição das localidades concelhias de Avenal e Pereiro.
Explicação do arranjo da rotunda
A intervenção caracterizou-se pela recriação e interpretação, em termos escultóricos, do “Pintar e Cantar de Reis”, escultura essa da autoria do escultor Dr. Vítor Nogueira da Silva, a residir, actualmente, no Concelho.
Foi na placa central que incidiram a maior parte dos trabalhos, com a execução do referido monumento de “homenagem” ou “lembrança” ao “Pintar e Cantar dos Reis”, tradição enraizada nas supramencionadas aldeias.
O referido espaço foi, também, relvado e rodeado por algumas árvores. A tradição do cantar e pintar de reis baseia-se, num grupo de homens que, na noite 5 de Janeiro, saem para a rua munidos de uma lanterna, um balde de tinta e pincéis e que, cantando e pintando, anunciam a mensagem dos “Bons Reis Magos”.
Nas paredes de algumas casas, inscrevem, através de pinturas simples com cores predefinidas, alguns símbolos e siglas que fazem parte de um código ancestral. Digamos que esses “graffitis” ancestrais, implantados, sobretudo, junto às portas, desejam ao dono da casa, entre outras mensagens, votos de felicidades para o ano que começa. Na materialização desta tradição, o escultor idealizou a utilização de figuras geométricas, num conjunto escultórico que, pelas suas características morfológicas e de localização, representa a porta de entrada da vila.
Com efeito, o monumento é formado por um elemento branco, em forma de portal, que sugere a entrada de uma habitação, sendo ladeado por um elemento em forma de “L” invertido e que pretende simbolizar a faixa de cor (neste caso, amarela), existente em muitas casas de província. Em cada um dos lados do portal encontra-se um elemento volumétrico. Um deles, de forma prismática, simboliza uma parte da parede/plano onde se encontra inserida a porta. No lado oposto, existe um outro que simboliza o lambril, também amarelo, existente nas casas de província. Na face superior deste elemento, encontra-se colocado um cilindro vermelho que representa o balde ou lata de tinta utilizada para a prática pictórica do evento. Sobre a base do monumento, encontra-se um paralelepípedo amarelo que simboliza a candeia utilizada. A peça inclui, por fim, um passadiço, criado perpendicularmente ao eixo horizontal do monumento, ao longo do qual progride um cachão de água, cujo movimento pretende sugerir a entrada numa suposta habitação e, em paralelismo, o da entrada na vila ao viajante que chegue por estrada.
A Tradição
Supondo-se que este antigo culto remonte à época medieval, ele encerra em si marcadas influências árabes e também elementos que poderão remetê-lo para cultos pagãos da época romana. Pode dizer-se que a tradição pretende ser um voto de felicidade para o novo ano, que no calendário romano se inicia a 6 de Janeiro. Tendo sofrido alterações ao longo do tempo, a mítica viagem dos três Reis Magos mantém-se, porém, como a base da festividade, daí a utilização da sigla “BRM” (“Bons Reis Magos”) nas inscrições efetuadas em paredes e muros das casas que o grupo de “reiseiros” vai percorrendo. Seguindo de perto os pintores (que normalmente são dois elementos), o apelidado “apontador” lança versos, repetidos pela multidão que os segue.
Desta forma, quadras de maior ou menor improviso, por vezes cantadas ao desafio, associam-se à pintura de símbolos e siglas, que poucos saberão deslindar, mas que têm a intenção comum de deixar votos de bom ano e de prosperidade aos respectivos habitantes.
Com o 25 de Abril, as mulheres passaram a integrar o grupo de cantores, passando a tradição a ser uma festa menos isolada e mais participada. O Cantar e Pintar dos Reis, realizado simultaneamente nas aldeias vizinhas do Pereiro e do Avenal, tem-se mantido e ganho notoriedade ao ponto de chamar muitos visitantes da região a juntarem-se, espontaneamente, à tradição.
O cortejo de cantares e pinturas decorre habitualmente a partir das 22 horas, prosseguindo noite dentro. Resistindo ao frio próprio da estação, os muitos participantes que anualmente aderem à celebração poderão, como sempre, reconfortar-se com paragens para desfrute das merendas oferecidas pelos moradores visados por quadras e pinturas.
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Projecto GeoCadaval "Cadaval - A Flôr do Oeste"