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Judiaria Multi-Cache

Hidden : 05/03/2014
Difficulty:
3.5 out of 5
Terrain:
2 out of 5

Size: Size:   micro (micro)

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Geocache Description:


Judiaria

Leomil teve mesmo uma judiaria

 

Leomil foi terra, nos tempos da reconquista, filhada aos mouros pelo conde D. Henrique juntamente com os irmãos cavaleiros D. Paio Rodrigues e Garcia Rodrigues e fora desde logo instituída como Couto, doado a Garcia Rodrigues como recompensa dos serviços prestados na árdua empresa da reconquista. Um Couto era uma porção de terra demarcada, dada pelo rei à Igreja ou à nobreza, com certas isenções e privilégios.

De entre esses privilégios do Couto de Leomil destaca-se o facto de os senhores do Couto deterem um poder extremo que se estendia a todos os campos, inclusive ao da justiça. Neste seguimento os Coutos eram espaços verdadeiramente autónomos porquanto os funcionários judiciais régios não poderiam aí entrar sem a autorização prévia do senhor proprietário. Se um qualquer condenado, foragido à lei, entrasse no Couto, ficaria a salvo, pois enquanto aí permanecesse os funcionários do rei, como não poderiam aí entrar, estavam impedidos de o capturar. Foi daí que derivou a palavra “acoitar”, ou seja livrar… como alusão à proteção de algo. Esta era uma importante estratégia para atrair o povoamento. E, por esta razão, os Coutos foram em certa medida espaços de integração, de diversidade cultural, étnica e religiosa. Assim, portanto, as minorias religiosas como os judeus eram efetivamente atraídos para estes Coutos, o que aconteceu em Leomil onde existiu uma comunidade judaica que aí constituiu uma judiaria com uma rua larga a meio que ficou conhecida para a posteridade como Rua do Cancelo.

A comunidade judaica leomilense já existia na Idade Média e a partir do século XVI persistiu e foi aumentada. Contudo, a partir desse período a convivência entre cristãos e judeus deixaria de ser seria pacífica. O anti judaísmo de cariz religioso e mental agravou-se com a expulsão dos judeus de Espanha, decretada em 1492, pois grande parte deles refugiam-se em Portugal. Tendo-se acentuado a instabilidade social contra os judeus nos últimos tempos do reinado de D. João II, D. Manuel por razões de política peninsular e por razões sociais internas, decretou a expulsão de hereges, mouros e judeus em 5 de Dezembro de 1496. Para evitar a saída, grande parte deles, em 1497, converteu-se em massa. Passaram então a ser designados de cristãos-novos. Porém, na prática, continuaram judeus convictos. A Inquisição portuguesa foi um tribunal religioso que se dedicou com afinco à perseguição dos falsos conversos, isto é, os cristãos-novos que mantinham crenças e atos judaicos.

A presença judaica em Leomil estava sinalizada pela tradição oral, pela toponímia, pela descoberta que fiz de alguns processos inquisitoriais contra judeus leomilenses e da pedra do linhar divulgada numa edição anterior deste jornal. Porém, faltavam provas materiais, in loco, que pudessem testemunhar com mais afinco que em Leomil existiu uma judiaria. Essas provas aparecerem com a ajuda imprescindível de alguns leomilenses que se interessam pela cultura da sua terra, nomeadamente o Flávio Martins, residente em Lisboa, o Sr. Arménio Aguiar e seu irmão também residente em Lisboa. As conversas que fomos mantendo sobre estas questões aguçaram-lhes a vontade de encontrar vestígios materiais nas habitações do sítio do cancelo, o que conseguiram com êxito para gáudio de todos nós.

Os judeus imprimiram características próprias em termos arquitetónicos às casas, nomeadamente aproveitando as irregularidades dos sítios onde se estabeleceram, a disposição labiríntica e a compactação das habitações. A necessidade de mais área habitacional foi a razão de se elevarem as casas em um ou mais pisos, ligados, a maior parte das vezes, por escadaria interior, podendo conter balcões exteriores, um pouco diferentes da arquitetura tradicional em que o piso térreo se destinava principalmente para acomodar animais domésticos. Apresentavam muitas vezes portas entaipadas de ligação interior, nas paredes-meias de outros edifícios de modo a possibilitar a fuga em caso de perseguição. A assimetria das fachadas é outra especificidade, com uma porta larga para o comércio ou oficina e uma porta estreita de entrada familiar. Nalgumas fachadas aparecem registos de datas e inscrições, figuras de animais estilizados como o Leão da Judeia, motivos florais, janelas renascentistas e outros pormenores que denunciam uma certa opulência dos proprietários. Por dentro observam-se por vezes “armários” graníticos embutidos na parede, apreciáveis nichos, que se destinavam a rituais judaicos.

Na entrada das habitações os judeus colocavam a Mezuzá, pedaço de pergaminho, muitas vezes guardado numa caixa decorativa, compreendendo a oração judaica “Shemá Yisrael” que começa com a frase “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é só um”. Era geralmente afixada no batente da porta para cumprir a “mistvá”, mandamento bíblico que ordena inscrever as palavras do Shemá nos umbrais das habitações.

Nos umbrais das portas os cristãos-novos que ocultamente continuavam a professar a fé mosaica, isto é, continuavam judeus, insculpiam sinais cruciformes, uns maiores, outros menores. Essa gravação pode ser entendida como uma forma de reafirmação pública da fé e das práticas religiosas cristãs por parte de indivíduos que se sentiam perseguidos e inseguros devido à sua condição de judeus. A ideia de gravar uma cruz, compreende-se, era esconder as práticas religiosas judaicas. Neste caso, como se percebe facilmente, esses sinais são um vestígio do medo da intolerância religiosa do período moderno.

São três, até ao momento, as casas onde foram identificados sinais cruciformes, o que aconteceu apenas recentemente. Todas se localizam na Rua do Cancelo. Duas delas apresentam esses sinais nos umbrais (fig. 1 e 2). A primeira (fig.1) contém muitos outros sinais que a seu tempo serão desvendados. O traço do sinal, no umbral direito, simples na execução, encontra-se um pouco esbatido devido à degradação da pedra, o que dificulta a destrinça de outras inscrições que ali foram gizadas. A segunda, tem a cruz no umbral esquerdo, encontrando-se bem visível e sem sinais de deterioração. A terceira casa assinalada (fi.3), que mantém ainda uma traça ancestral, contém um sinal com um traço de gravação fundo e bem gizado numa das pedras que compõem a fachada voltada a nascente.

 

É possível agora inserir Leomil na rota das judiarias portuguesas, algo de que nunca duvidei que deveria acontecer e algo que também considero que já deveria ter acontecido. Sinalizar e sensibilizar para a manutenção da inviolabilidade destes monumentos é algo que deverá acontecer a partir de agora. A judiaria de Leomil é com certeza mais uma das potencialidades turísticas do concelho e, particularmente, desta vila. O que é preciso é que saibamos aproveitar e rentabilizar este património!

por Jaime Gouveia in Jornal Terras do Demo


A Cache:

Pretendo com esta cache dar a conhecer uma parte de Leomil, de seu nome 'Cancelo', diziam os antigos que era no Cancelo que os judeus pagavam para poderem andar pela restante vila, verdade ou não é o que se diz.

Esta é uma multi-cache simples que nos leva a vários pontos onde podemos encontrar vestigios das cruzes dos Judeus.

No Primeiro Ponto terão de descobrir um container de tamanho micro que contem as coordenadas para o próximo ponto. A cache irá leva-los a passear em toda a extensão da rua do cancelo até um espaço bonito e onde podem procurar com calma o container final, podem fazer uma pequena caminhada mas também é possível fazer de carro. Alguma dúvida contactem e eu esclareço.





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Additional Hints (Decrypt)

Pehm1: Sbagr Svany: Gryun Abgn: aãb é cerpvfb zrkre rz dhnydhre crqen cnen pbapyhve dhnydhre rgncn qrfgn pnpur

Decryption Key

A|B|C|D|E|F|G|H|I|J|K|L|M
-------------------------
N|O|P|Q|R|S|T|U|V|W|X|Y|Z

(letter above equals below, and vice versa)