A Barrinha de Esmoriz/Lagoa de Paramos é uma lagoa costeira de água salobra de média dimensão, com uma área de 396 hectares.
Situa-se entre os concelhos de Espinho e Ovar, banhando a aldeia de Paramos e a cidade de Esmoriz.
A Lagoa apresenta uma cintura de vegetação ripícola bem desenvolvida e bancos de lodo, comunicando com o Atlântico através de um canal. Originada pela deposição de areia junto à foz de uma pequena linha de água, o cordão dunar é aberto sazonalmente para renovação da água.
Esta área é alimentada por águas de duas ribeiras - a vala de Silvalde, que tem a sua foz no lado norte da lagoa, e a vala de Maceda, que desagua no seu lado sul - que devido ao cordão dunar litoral originam o corpo central da lagoa. Na zona envolvente da Barrinha de Esmoriz existem áreas de pinhal (a Sul), bosques ripícolas/húmidos (a Este e Sul), praia e dunas (a Oeste), campos agrícolas (a Norte, Leste e Sul), planície com vegetação rasteira/arbustiva (a Norte) e contruções (a Norte, Este e Sul).
A Barrinha de Esmoriz está integrada na Rede Natura 2000 e classificada como SIC (Sítio de Importância Comunitária) com o código PTCON0018 e classificada como IBA (Important Bird and Biodiversity Area) com o código PT036.

Localização do SIC PTCON0018 - Barrinha de Esmoriz
(A. Correia)
Os sistemas lagunares costeiros ou lagoas constituem um tipo de meios salobros, considerados também como estuários em sentido lato. Ocupam cerca de 13% do litoral mundial, sendo um importante elemento no ambiente costeiro. Apesar da sua grande variabilidade, tanto geográfica como climática e geomorfológica, os sistemas lagunares costeiros apresentam semelhanças notáveis.
As lagoas formam-se em zonas do litoral marinho, quando massas de água salobra, em geral pouco profundas, ficam total ou parcialmente separadas do mar.
Uma possível definição para lagoas litorais é a de Clark (1977): Massas de água costeira confinadas, com passagens restritas para o mar e com escorrência continental reduzida.
Esta definição não consegue englobar as lagoas mediterrânicas típicas, que são quase fechadas, sendo a comunicação com o mar apenas intermitente, e cujas amplitudes térmicas e salinas são quase sempre elevadas.
Lagunas costeiras são zonas deprimidas, abaixo do nível médio de preia-mar de águas vivas, com comunicação efémera ou permanente com o mar, do qual estão protegidas por um tipo qualquer de barreira. Apesar de grande parte das lagunas se posicionar com o eixo maior paralelo ao litoral, nos locais onde vales fluviais foram inundados como consequência da subida do nível do mar durante o Holocénico ou onde pequenos estuários foram bloqueados por pequenas barreiras, elas situam-se perpendicularmente ou obliquamente à linha de costa.
Principais elementos morfológicos de sistemas laguna-barreira
(Fonte)
Uma vez formados, o comportamento evolutivo dos sistemas lagunares é fortemente condicionado pela variação dos níveis do mar e pela quantidade de sedimentos disponíveis, a qual é responsável não só pelo assoreamento na laguna como pela evolução da barreira.
A origem dos sedimentos que colmatam as lagunas é diversa, provindo estes essencialmente de três fontes principais:
- uma fonte marinha, entrando os materiais na laguna essencialmente através da barra de maré e por episódios de galgamento; os sedimentos com esta origem, ficam restritos às proximidades da embocadura sob a forma de deltas de enchente activos ou bancos de areia que derivam de deltas de enchente desactivados e de porções distais de depósitos de galgamento;
- uma fonte continental, através da descarga das linhas de água que drenam as lagunas, da erosão e escorrência directa das margens e do transporte eólico; os materiais mais grosseiros depositam-se em leques aluviais na foz das ribeiras e nas margens lagunares, sendo os materiais mais finos transportados em suspensão e depositados a maiores profundidades; obtém-se, assim, uma organização sedimentológica de forma concêntrica, com os materiais essencialmente arenosos na zona da embocadura lagunar e nas margens e os sedimentos essencialmente vasosos nas zonas centrais, mais profundas;
- uma última fonte deriva da actividade química e biológica da laguna; este tipo de sedimentos formam-se por precipitação química, tais como carbonatos e evaporitos ou pela acumulação de matéria orgânica.
Formação de Evaporitos numa Laguna
(Fonte)
De forma natural, as lagunas costeiras, mais ou menos rapidamente, transformar-se-iam em pântanos, se a mesma tendência de subida eustática e regime sedimentar se mantiver. No entanto, a intervenção antrópica, que por um lado acelera o processo de assoreamento através de intervenções na bacia hidrográfica que conduzem a uma maior produção de sedimentos (desflorestações, por exemplo), por outro inverte a situação ao intervir nas lagunas através de dragagens efectuadas para aumentar a sua profundidade, prolongando a sua vida.