Castro Laboreiro
«Castro Laboreiro, 6 de Agosto de 1948
-Não, não terei a hipocrisia de dizer que seria aqui o meu paraíso, aqui que não há papel, nem tinta, nem cinema, nem livrarias, nem cafés, nem nenhum dos tóxicos de que necessito. O homem põe, mas a vida dispõe. A cidade é como as prostitutas: o seu amor é falso, mas vence o de qualquer mulher honrada. Agora que são estas pedras, estes gados, estas alturas que vivem recalcadas no meu sangue, não há dúvida. (...)
-Mal apanho uma aberta, sou como um galgo pelos montes acima. Não posso dizer o que sinto, nem o que procuro. Mas as pedras parecem-me fofas debaixo dos pés. A parte mais íntima de mim encontra-se e expande-se. Citadino e perdido, sou na verdade uma montanha comprimida.»
Miguel Torga, Diários IV
A aldeia de Castro Laboreiro
Castro Laboreiro é uma das aldeias mais emblemáticas do Minho, resultado do isolamento que sofreu no passado, o qual permitiu que chegassem intactos nos nossos dias, aspetos do património histórico e cultural da aldeia, como a arquitetura, paisagem e modo de vida das suas gentes, ainda hoje marcado por um forte espírito comunitário. aldeia-castro-laboreiro-peneda-geresAntigo conselho medieval, está situada no extremo Norte do Alto Minho e de Portugal. Estando a aldeia localizada no cimo da montanha, a mais de mil metros de altitude, levou a que os castrejos defendessem os seus costumes, e tradições de todas as influências estranhas, e que ainda hoje persistem. Uma dessas tradições é a das inverneiras e das brandas. Em meados de Dezembro, com a chegada do frio e dos nevões, as populações de Castro Laboreiro pegam nas suas roupas, utensílios caseiros e de lavoura e “tangendo o gado, migram em massa para os vales, onde possuem uma segunda casa e uma segunda aldeia. E ficam nas Inverneira, abrigados do frio, até meados de Março.
O rio laboreiro
O rio laboreiro ajuda na criação de cenário de rara beleza. Nasce no planalto e corre em direção ao rio Lima, com cerca de 20 km de curso onde se verificam a formação de dezenas de ribeiro, rápidos e cascatas propícios à prática de desportos aquáticos assim como da pesca desportiva.
No decurso do rio encontram-se pontes romanas, românicas e também de estilo celta e que “Ligando as suas margens, permanecem as pontes que as várias civilizações que por aqui passaram foram construindo ao longo dos tempos” e que formam um conjunto arquitectónico de elevado interesse e beleza.